12 anos sem Brizola. Mas há coisas que nem a morte nos tira mais

briza

Não é fácil deixar para trás um convívio diário de mais de 20 anos. Ainda que se tente, porque a vida exige que se caminhe para ter caminhos, as coisas vão conosco.

Ou como fardo, ou como asas.

Hoje, 12° aniversário da morte de Leonel Brizola, só tenho a agradecer o que ele me deu.

Não foi emprego público, não foi carreira política, não foram bens, exceto um agora velho casaco de brim que, um dia, ele esqueceu num estúdio de televisão, numa das últimas vezes que fez uma gravação em que eu o torturei a falar em exatos oito segundos – uma frase, só, coitado – para já nem me lembro qual chamada de TV do PDT.

Claro que avisei a ele, mas também avisei que não ia devolver, porque queria ter algo dele e até as fotos eram raríssimas, por eu ter completa alergia à papagaiagem de pirata.

Mentira minha, ele me deu algo muito maior: o privilégio de viver, no centro dos acontecimentos, duas décadas decisivas da história de meu país.

Não vou aborrecer o leitor e a leitora com minhas saudades de alguém que nunca entendi completamente e que, tenho certeza, também nunca me entendeu por inteiro, o que jamais impediu, porém, de termos confiança absoluta um no outro, pela identidade de sentimentos e sonhos.

Pedindo desculpa pela falta de qualidade das imagens, do texto e do locutor improvisado que este blogueiro teve de tentar ser, coloco aí embaixo o vídeo que fiz, muitos anos atrás, para um dia como o de hoje, aniversário da morte do velho Briza, com quem aprendi que política não se faz sem honra, sem paixão e sem teimosia.

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16 respostas

    1. Grande Fernando Brito!!! Brizola, HERÓI DA PÁTRIA!!!
      Quanta falta nos faz o Brizola nesta hora!
      O que ele nos diria do traidor, usurpador Temer?
      O que ele diria dessa situação bizarra e absurda que vivemos?
      Se o Brizola por aqui ainda estivesse, nós não estaríamos desorientados como estamos, assistindo, quase passivamente, ao golpe se consumar. Não temos mais um líder como ele. O Lula, infelizmente, não tem o mesmo perfil.

  1. BRIZOLA FAZ MUITA FALTA

    Os Ka’apor e seus Guardiões da Floresta estão sob grande ameaça. Apoio a eles!

    21 de junho de 2016 Destaque, Racismo Ambiental CombateRacismoAmbiental
    4
    Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

    Os Ka’apor da Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, devem ter visto com alívio a passagem deste fim de semana. Afinal, a invasão por madeireiros, fazendeiros, grileiros e seus jagunços não foi consumada, apesar das ameaças, intensificadas nos dias anteriores e que denunciamos sábado AQUI. Segundo informações que eles e parceiros receberam, chegou a haver reunião de bandidos (há outro nome para isso?) para escolher os alvos dos ataques: seriam aldeias localizadas nos municípios de Centro do Guilherme, Maranhãozinho, Nova Olinda do Maranhão e Zé Doca. Os Ka’apor confabularam, denunciaram, e o ataque afinal não aconteceu. E continua adiado, até este momento pelo menos.

    Mas afinal o que fazem os Ka’apor para serem tão ameaçados? É simples: tomaram como sua a responsabilidade de fazer algo que órgãos públicos mantêm funcionários pagos para realizar, que é preservar o que resta da floresta Amazônica no seu território. Para buscar garantir a vida nos 530.524ha da TI Alto Turiaçu, eles criaram em 2013 um grupo ao qual chamam de Guardiões da Floresta. A esses indígenas cabe vigiar na medida do possível os caminhos, buscar acampamentos de madeireiros, evitar os incêndios criminosos, guardar, enfim, como o nome diz, a mata.

    Foi assim que em agosto de 2014 eles prenderam um grupo de madeireiros do interior da Terra Indígena. O momento foi documentado por Lunaé Parracho: madeireiros amarrados, maquinário queimado, acampamentos destruídos. Não feriram, não mataram; simplesmente apreenderam os criminosos para entregar às autoridades. Expulsaram.

    A decisão de autogerir e preservar o território só acirrou mais ódios, ameaças e violência. Os Ka’apor não diferem de outros povos indígenas de outras regiões do País ou de seus vizinhos parentes Awá e Guajajara, que também lutam pela sobrevivência no Maranhão. Têm a sua longa lista de mortos, que vem lá de 1500 e, nos últimos anos, passou a ter, como um referencial diferente, os nomes cuidadosamente anotados. Dentre os mais recentes, um destaque: Euzébio, liderança assassinada em 26 de abril de 2015. Neste País, ser Guardião da Floresta (na verdade, de qualquer floresta) é perigoso.

    Na crise acirrada, em dezembro de 2015 os ‘jagunços’ fizeram uma emboscada contra um grupo de 28 guardas agroflorestais, que estavam apagando incêndios criminosos na mata. Dois indígenas foram feridos e capturados. Sob ameaça de morte e tortura, acabaram por revelar os planos, as ações e os indígenas envolvidos com a proteção da Terra Indígena. Isso, é claro, aumentou ainda mais os riscos para os Guardiões. Mas não só.

    Dias mais tarde, em janeiro, os madeireiros espalharam boato de que os Ka’apor teriam matado uma pessoa que trabalhava para eles. Um mês depois, o pseudo defunto foi visto e fotografado pelos indígenas em um banco na sede do município de Zé Doca. Não deu certo, mas a experiência seria por eles renovada.

    Os Ka’apor persistiram. Conseguiram informações certeiras sobre quais seriam os madeireiros que estavam retirando madeira da terra indígena, quem estaria ajudando sua entrada no território e quais as serrarias utilizadas para ‘esquentar’ a madeira. Repassaram tudo para o Ministério Público Federal, em São Luiz, que por sua vez acionou a Polícia Federal. Como resultado, a PF, a Polícia Rodoviária Federal e o Ibama realizaram investigação que levou à prisão de 11 madeireiros, em março, e ao fechamento de todas as serrarias da região. Desde então, a situação se tornou ainda mais grave.

    Em represália à operação, ‘jagunços’ sequestraram uma adolescente Ka’apor de 14 anos, que até o momento não foi encontrada, e estão perseguindo lideranças. Indígenas que moram em áreas de proteção Ka’apor (antigos ramais fechados por eles) estão sendo impedidos de sair e de usar a estrada fora da terra indígena. No final da semana passada, os madeireiros pararam um carro do Polo Base de Saúde Indígena Zé Doca, em uma estrada conhecida como “Da Conquista”, e impediram que um servidor e uma liderança indígena retornassem à cidade. As ameaças são constantes.

    Finalmente, na última quinta-feira, 16 de junho, uma nova história de assassinato veio reviver a tentativa mal sucedida de dezembro. De acordo com os madeireiros, um corpo teria sido encontrado dentro da terra indígena. Seria alguém que os Ka’apor teriam assassinado.

    O local onde eles afirmam ter encontrado o corpo é nos extremos do Território, entre duas aldeias pequenas e nos limites com uma fazenda. Uma área de poucos moradores, distante das aldeias, onde nem mesmo os guardas florestais costumam fazer vigilância. Lá moram apenas duas lideranças: um guardião florestal e um membro do Conselho de Gestão Ka’apor.

    Não há sinal do corpo; não há nome do assassinado; não houve, sequer, qualquer registro do fato junto às autoridades competentes por parte denunciantes. De acordo com parceiros dos indígenas, há, na verdade, notícia de que os madeireiros teriam ordenado a execução das pessoas que revelaram para os indígenas as informações por eles repassadas ao Ministério Público Federal. Com ou sem corpo, tudo indica que o plano era juntar esse acerto de contas entre capangas à criminalização dos Ka’apor e, paralelamente, achar uma desculpa para novas violências.

    É este o cenário, ao qual podemos ainda acrescentar, além da adolescente de 14 anos que continua desaparecida, o registro de cinco lideranças assassinadas, 14 indígenas agredidos (fisicamente e com balas de chumbo), duas aldeias invadidas, cerca de 8 lideranças e 12 guardas florestais ameaçados ou marcados para morrer, desde 2008.

    Desde que deram início ao plano de autogestão, o Conselho de Gestão Ka’apor é responsável pelo fechamento de 24 ramais de madeireiros e pela criação de sete Áreas de Proteção, preservando 85% das florestas do território e recuperando os outros 15% que haviam sido devastados. Os Guardões são, inclusive, considerados “guardas agroflorestais”, pelo redimensionamento que vêm dando às áreas preservadas (ou áreas de proteção, os ka’a usak ha). Deveriam ter seu trabalho reconhecido e apoiado, inclusive por órgãos públicos aos quais caberia fazer muito do que está sendo pelos Ka’apor realizado. Parece que não é exatamente o que vem acontecendo.

    Ficam ainda algumas perguntas. O que aconteceu com os criminosos presos na operação da Polícia Federal e Ibama em março? O que foi feito em relação aos madeireiros da lista encaminhada ao MPF? É permitida a contratação e a livre circulação de jagunços armados, impedindo a locomoção de pessoas, indígenas e servidores, e ainda fazendo ameaças? E a Funai, finalmente, o que faz e o que diz? Que apoio está dando aos Ka’apor e que medidas vem tomando para garantir a sua segurança?

    Cada vez mais me parece que há pessoas e órgãos públicos neste País para os quais a solução da chamada ‘questão indígena’ se resume a uma só palavra: extermínio. Ou genocídio.

    As ameaças do fim de semana não se concretizaram, mas continuam presentes 24 horas por dia, na Terra Indígena Alto Turiaçu. E isso não pode continuar.

    Todo apoio aos Ka’apor, ao seu Conselho de Gestão e aos Guardiões da Floresta.

    Salve!

    *Com informações de apoiadores e parceiros dos Ka’apor.

    Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região. Foto: Lunaé Parracho /Reuters.

    Leia também:

    Urgente: madeireiros e fazendeiros ameaçam invadir esse final de semana a Terra Indígena Alto Turiaçu, Ka’apo

  2. A câmara votando o Pré sal ……
    A mafia vai liquidar o Brasil e guerrear contra o povo. Desgraçados. FDPs.

  3. As empresas estatais Mineiras estão todas corroídas pelo PSDB.
    Se mudar o governo dos outros estados e um adversário fizer uma limpa, o orçamento do estado pela metade. Corrupção generalizada.

    Pena que a mafia agora é PSDB mais PMDB.

  4. Uma pena que figuras assim especiais sejam raras na política. Fale mais de Brizola FB, para que possamos entender melhor sua importância. O que ele faria ou diria se estivesse hoje aqui nesse momento atroz ? …

  5. Eu tive o prazer de escutar o meu pai, praticamente todos os dias da minha vida até os dezoito anos, elogiar e enaltecer este cidadão do bem que, infelizmente, não está entre os encarnados de hoje, mas em espirito, nenhuma dúvida. Meu pai deve estar em boa companhia ao lado da sua paixão política, o inesquecivel Leonel Brizola. Estive recentemente em São Borja e fiz a minha oração e a minha homenagem a ele, a Jango e a Getúlio, as outras grandes paixões do meu ídolo, meu herói.Que Deus permita a ele e a todos os líderes de bem deste país, de onde estiverem, que possam interceder junto ao Pai no sentido de restabelecer de imediato a ordem democrática que tanto precisamos nesta hora difícil por qual passamos. Salve, Salve Tio Briza. Fique com Deus.

  6. Querido Brito,
    Muito obrigada por nos fazer viva a lembrança de um grande brasileiro, assim como você!
    Hosana.

  7. Brizola me ensinou uma coisa inesquecível, e me ensinou sem querer porque nunca me conheceu. Quando, muitos anos atrás, o Estadão atacava o então governador do RJ, muitos companheiros de esquerda também faziam lá suas críticas ao Brizola. E eu respondia: não critico porque se o Estadão é contra o Brizola, eu tenho a obrigação de ser a favor e portanto estou 100% com ele. De modo enviesado, aprendi na prática a sua velha máxima de ser contra qualquer coisa que a Globo defendesse e vice-versa…rs Saudades de gente como ele. Deve estar rindo muito, lá onde se encontra, tomando um bom mate e arregalando os olhos ao ver o Padilha, o Moreira Franco e o Cunha soltos no Planalto…

  8. Valeu Brito, sempre é válida a lembrança.
    Essa é uma data que não sai da minha memória. Me lembro muito bem quando já de noite, após o trabalho (trabalhava em BH), ao saber da notícia, liguei para um amigão meu, gaucho, que morava em Volta Redonda, também brizolista fanático, para nos consolarmos pela perda do grande líder.
    Esse é um vazio que jamais será preenchido.

  9. Orgulho enorme de ter nascido no Estado mais meridional do nosso grande Brasil, aquele em que nasceu o grande Leonel Brizola. Orgulho de ter nascido pertinho, a pouco mais de 50 km, do lugar em que nasceu o Tio Briza, Cruzinha, interior do município de Carazinho.

    Leonel Brizola, orgulho nacional.

  10. Além da paixão pela Educação, pela democracia, etc., Brizola tinha duas outras obsessões: ódio mortal a Globo (no que ele estava certo) e crítica contundente às perdas internacionais. Dois assuntos que não existem nos discursos e na prática do PT, infelizmente.

    P.S. Conheci o Brizola pessoalmente em Minas, onde iniciei minha atuação política, num PDT que ainda era ideológico e menos fisiológico e oportunista como o atual. No caso de Minas, no início da década de 80, o PDT tinha uma direção bem de esquerda – Sinval Bambirra, comunista histórico e deputado estadual pelo PTB na década de 60; José Maria Rabelo, jornalista e socialista, fundador do famoso jornal Binômio; Theotônio dos Santos, teórico de esquerda reconhecido; João Luzia, entre outros. Ainda guardo uma foto ao lado do Brizola – cheguei a gravar uma breve entrevista com ele, mas acho que a fita desapareceu com o tempo. Ele e o Darcy Ribeiro formavam uma dupla inquieta e irresignada com a realidade social desigual do Brasil. Depois segui outro caminho, mais à esquerda, mas jamais deixei de admirar a coragem e o legado de Brizola. Detalhe: estive no comício das diretas-já, em 1985, tanto em BH quanto no Rio. Neste, foi emocionante e era impressionante como as pessoas simples do povo tinham uma paixão pelo Brizola. Vi isso nas ruas do Rio, enquanto caminhava para a grande concentração que reuniu talvez um milhão de pessoas. Até que as elites conseguiram uma saída pelo alto, via congresso nacional, abortando as diretas-já naquele momento, o que seguramente representaria a vitória do Brizola, que naquela altura era o líder político de esquerda mais popular do Brasil, juntamente com Lula, claro.

  11. :
    : * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra**S**il e postando: Sou simpatizante principalmente do PT (em que voto desde 1989) e (e não “mas”) acho que o grande Leonel Brizola merecia ter sido Presidente do BraSil ao menos uma vez pois ele sim, até mais do que o nosso também tão querido Lula e Dilma, ele, Brizola, saberia como conduzir da melhor forma possível a política de comunicações no Brasil, cuja ditadura midiática tem infelicitado o País d@s brasileir@s, além de também saber lidar contra outras máfias, como a do Judiciário, essas, ditaduras midiática e judiciária, os grandes cânceres da realidade nacional brasileira.
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    Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) !!!! Lula 2018 neles !!!!
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