Lula oferece protagonismo, mais que cargos, a Marina e Tebet

Espera-se que, daqui a algumas horas, tenha-se a informação de que Lula foi bem sucedido em formar, na área ambiental, a dobradinha entre Marina Silva como Autoridade Climática Nacional e Simone Tebet como ministra do Meio Ambiente.

É absolutamente incompreensível, salvo para os raciocínios minúsculos, que qualquer das duas não compreenda que o presidente eleito não está lhes oferecendo um cargo, mas o protagonismo em seu governo.

Só alguém desconectado dos tempos atuais não entende que as questões ambientais e climáticas são e serão ainda mais não só o foco das atenções globais como, também, a porta de entrada para investimentos e programas de ação no país, inclusive com recursos extraorçamentários, uma vez que a Pec da Transição, agora aprovada, retira os recursos advindos de acordos internacionais e privados dos apertados limites de gastos públicos do país.

O posto de Autoridade Climática Nacional, que faria de Marina virtualmente uma embaixadora mundial do Brasil em todos os foros ambientais do planeta não poderia ter alguém mais bem talhado para ocupá-lo. O carisma da ex-senadora como mulher que veio da floresta, carregando a imagem de Chico Mendes e da luta preservacionista garante sua acolhida seja onde for e a condição de representante pessoal de Lula empresta-lhe a autoridade para falar em nome dele.

Sinceramente, não vejo Marina Silva presa a negociar plenos de carreira e recomposição dos quadros de pessoal do Ibama ou ocupada em definir como serão aplicadas as multas do ICM-Bio. Até porque, como Autoridade Nacional do Clima, ela terá toda a voz e poder para que isso seja feito com a prioridade que merece. Tanto ficará num posição de protagonismo também na política ambiental interna que, com razão, Simone Tebet quer seu aval ara aceitar o Ministério.

Já para Tebet, que tem ao mesmo tempo o carisma de xerifa e o diálogo com o setor agrário, claro que está aberto o caminho para que interfira na formulação de um novo pacto neste setor. Ela não é uma estranha no ninho do Centro-Oeste, mas, ao mesmo tempo, não carrega a “imagem da motosserra” e as oportunidades em fazer a condução da produção agrícola para um novo patamar em matéria de preservação de matas, recuperação de áreas degradadas e gestora do financiamento que, ao que tudo indica, se destinará a estas atividades.

Tebet pode aliar à dureza no respeito às leis ambientais com a negociação que eleve os patamares de respeito à saúde e ao meio ambiente a produção agropecuária nacional, com grande visibilidade. Maior, até, do que teria no Ministério do Desenvolvimento Social, no qual, já comentou-se aqui, a imagem do Bolsa Família é de Lula, não de quem dirige os cadastros do programa.

Acho que Marina Silva abará por ver que, a esta altura, negar-se ao posto de maior representante do país nas questões de meio ambiente só a desgastará.

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