Janio de Freitas traça, na sua coluna dominical na Folha, o cenário sombrio – e nada improvável – do Brasil deste verão. Paralisado, não apenas na economia e na vida cotidiana, mas na sua vida institucional, onde o grau de mesquinhez chegou a um ponto em que vemos vice-presidente da República, Presidente da Câmara e Ministros do Supremo cuidando de suas táticas de tomada do poder e Nação mergulhada em um caldeirão de crise, onde despejame esperam que o fogo sempre acesso produza os vapores de suas bruxarias.
Um julgamento escondido
Janio de Freitas, na Folha
Sem que figure na pauta, nem esteja sequer mencionada em uma das ações a serem julgadas na quarta feira, sobre procedimentos do Congresso em casos de impeachment, o Supremo Tribunal Federal decidirá também uma questão de grande influência. Até mais importante para o próprio país do que será para Dilma Rousseff e para seus algozes.
O Supremo pode estabelecer medidas que cessem, ou ao menos diminuam muito, a bestialidade vigente na Câmara. Nem seria difícil fazê-lo. As “lacunas na legislação do impeachment”, como alegam por aí, são no máximo frestas, que não resistem à leitura séria dos artigos específicos da Constituição, e um pouco de lógica. Não seria preciso decorrer daí o fim do problema de Dilma para que, depressa, a recuperação de alguma ordem desanuviasse o ambiente geral.
É para esta direção que apontam os breves comentários públicos do ministro-relator Luiz Edson Fachin sobre o principal a ser julgado. Nada, porém, insinua que a maioria do Supremo tenha a mesma visão. Chamado de “líder da oposição”, tamanha a incontinência de sua agressividade verbal contra Dilma, Lula e o PT, o ministro Gilmar Mendes disse que o tribunal precisa “deixar a questão para o Congresso”. Em sua concepção particular, a frase já significou engavetar por ano e meio a proibição, embora já com votos a aprová-la, de financiamento eleitoral por empresas.
Será apenas normal que Gilmar Mendes peça vista da ação e retenha a decisão até fevereiro, depois das férias a começarem no próximo fim de semana. E não será anormal que Celso de Mello, ou Carmen Lúcia, ou Luiz Fux, por exemplo, adote o pedido de vista e adie a decisão.
Em tal caso, a probabilidade é de um interregno mais quente do que o verão. Diz Nelson Jobim, como faziam os do seu velho tempo, que “os deputados vão voltar do recesso com a faca nos dentes”. É a ideia de que as bancadas voltam a Brasília como reflexos do que lhes impingem nas suas regiões eleitorais. O que requer dos oposicionistas, para resultados relevantes, propósitos agitadores elevados.
A movimentação de bastidores de Michel Temer e de alguns de seu grupo, pelos Estados, não vai desativar-se com o recesso. O plano é o oposto: agitar as ruas para preservar a pressão até fevereiro, e para pressionar os próprios parlamentares. Mas aos opositores do impeachment não resta nada diferente. O seu primeiro problema é que não contam com TV e imprensa para conclamações. O segundo é que os chamados movimentos sociais e os sindicatos não controlados por dinheiro patronal parecem o que há de mais preguiçoso até quando se trata do seu interesse. Caso, porém, o governo consiga despertá-los, como pretende, estará complementada a difusão do clima de efervescência mútua. E, quem sabe, frontal.
Em situação assim, mais do que continuar a fermentação, o potencial de circunstâncias violentas é alto, em qualquer tempo. Mas o Brasil vive tempos especiais de violência. Nesse sentido, a verdade é que em todos os níveis, em múltiplas formas de ação e por toda parte, nem as poucas políticas de contenção podem dizer-se com razoável controle sobre as manifestações da violência.
Estamos sujeitos a uma repentina explosão de violência só imprevista porque ninguém quer pensar nela. Assim também, só para os que querem surpreender-se é inesperável um estouro urbano de violência política. Os ânimos estão prontos.
Mas deixar Eduardo Cunha fora dessa equação seria, antes de tudo, injustiça. A menos que deixe de continuar isentado pela Lava Jato, por força de algum mau humor curitibano, Eduardo Cunha tem muito como contribuir para a deterioração ainda maior do sistema político. E, a depender dele, não deixaria de fazê-lo durante o recesso. É muito o que tem e o que sabe, e sabe usar.
Não há sinal de que isto entre em questão, mas o Supremo Tribunal Federal vai decidir também se o Brasil receberá um ambiente mais distenso ou novas formas de ameaça às instituições e à pretensão de democracia.
39 respostas
Fernando, corrija o seu texto final do primeiro parágrafo, please… “onde despejame esperam que o fogo sempre acesso produza os vapores de suas bruxarias.” A metáfora da conjuração bruxólica é ótima e não pode ter a leitura prejudicada pela digitação. Grato
Saudade de 2013… quando se discutia se tudo era por causa de 20 centavos…
Lunes, aquela geração pueril pode ter jogado um pré-Sal de 1 trilhão e salvaguarda pro desenvolvimento do país por 20 centavos. Se isso um dia se concretizar jamais perdoarei esses paspalhos por isso. E quem leva “má fama”, injusta, é a turma de 1992 do Impeachment de Collor, que era politizada e elegeu um metalúrgico presidente duas vezes além de ajudar a consolidar as mudanças recentes do país, pois nunca rejeitou a política e os partidos e forças progressistas (faço parte disso e vejo essa geração atual como uma geração perdida, a menos que se redimam do erro de 2013). Não tenho saudades daquela “revolução colorida” de 2013, o golpe atual começou pra valer ali. A extrema-direita saiu do casulo em 2013 tentando sabotar primeiro a Copa e depois derrubando o governo (tenta até hoje). Chega de endeusar esses despolitizados de 2013, eles precisam tomar um chá de realidade e desfazer a cagada que começaram.
Perfeito Roberto. Utilizei o termo “saudade” apenas para contrapor-se à extrema preocupação com a gravidade que tomou hoje aquele movimento pueril e “apartidário” dos 20 centavos. Isso reflete o quanto o movimento das crianças sem causa foi manipulado pelos bruxos do impeachment e pelo PIG. Arruinaram o Brasil. Um país promissor que se projetava no mundo mostrando caminhos para o século XXI.
Não me perdoará, doce Patrice?
Ciro Gomes já tinha avisado para os confrontos físicos. Já teve tapa entre deputados, mas o pior será uma quase guerra civil pq os eleitores e instituições pró Dilma não se calarao. Eu mesmo já discuti com muitos na Dila do açougue, no ponto de ônibus, nos corredores de mercados. A ruas lotadas, os estacionamentos abarrotados mas insistem numa crise q é relativa quando se pensa no tamanho da economia brasileira.
E quando ocorrer o confronto, teremos a PM batendo nos movimentos sociais para defender os fascitas, além da cobertura da mídia apontando o dedo para quem deu o primeiro tapa, neste caso os movimentos sociais, claro.
As ditas pedaladas já forma analisadas pelo SENADO ?
então é golpe!
E por mais paradoxal que nos pareça,comandados todos,por esse MORUBIXABA MAMBEMBE,o Sr.FHC,que por ter sido ,com benesses de compra de votos neste mesmo congresso à época de sua reeleição,e com a CUMPLICIDADE DO JUDICIÁRIO,que não é por humores,senão CUMPLICIDADE,que voltarão com faca nos dentes,e verbas extras inocentes em seus bolsos! E esperar-se e ver.É a LUTA DE CLASSES,instalada no país ,com os operosos agentes pequenos burgueses zeladores dos interesses da BURGUESIA,e o movimento popular,que como disse o articulista,preguiçosos históricos,por não saberem distinguir,parte deles, ação é ócio.Além de tudo,parte da população,associa incompreensivelmente,verão e ESTÁTICA!
Me perdoes, Marco, mas, creio que tu acabas ofendendo àqueles que eram os habitantes do nosso grande Brasil e da nossa grande América até o “descobrimento”.
–
Penso que, nem de brincadeira, você deveria igualar um chefe indígena com um pulha, uma coisa espúria, um vendilhão da pátrica como o Sr FHC.
Golpe? O golpe foi uma eleição vencida com mentiras, com maquiagem de contas públicas e com o uso do dinheiro roubado na Petrobras.
Ah, a eleição do FHC em 98?
Todas as eleições do PSDB até hoje? De fato, foram golpe lesa-pátria, privatização do país, sucateamento do Estado, enriquecimento ilícito de vários tucanos “funcionários públicos” e colocar o Brasil de joelhos pros EUA.
Golpista, vai pra marcha saudar o AI-5 que esse esperneio de vcs não tem mais impacto. Eduardo Cunha mostrou pro povo o que vcs representam (pra isso aquele marginal serviu).
Até o partido enteeguista /golpista, o PSDB, já foi avisado pelo TSE que não houve fraude.
Vai pras ruas, Allison.
Confronte idéias.
Não vem ao caso.
A última do alcriminoso foi o que??
<>>
CONVOCAÇÃO … CONVOCAÇÃO … CONVOCAÇÃO
DIA 16 DE DEZEMBRO … DIA 16 DE DEZEMBRO
Convocação para mobilização nacional no dia 16/12 (São Paulo, 17 horas no MASP, na Avenida Paulista)
NÃO VAI TER GOLPE!
CONTRA O IMPEACHMENT!
EM DEFESA DA DEMOCRACIA!
FORA CUNHA!
…
CONVOCAÇÃO … CONVOCAÇÃO … CONVOCAÇÃO
DIA 16 DE DEZEMBRO … DIA 16 DE DEZEMBRO
Convocação para mobilização nacional no dia 16/12 (São Paulo, 17 horas no MASP, na Avenida Paulista)
NÃO VAI TER GOLPE!
CONTRA O IMPEACHMENT!
EM DEFESA DA DEMOCRACIA!
FORA CUNHA!
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É… O caldeirão está aceso mesmo… Aqui, em Vitória, durante a última semana, praticamente todos os dias, no final das tardes, um caminhão de som, daqueles utilizados no carnaval, estacionado em um dos principais cruzamentos da avenida à beira-mar, com todos os latidos bradava rancores semânticos para todos os prédios e carros das redondezas:
“Lula é vagabundo”…”Dilma é vagabunda…” “Todo petista é vagabundo…” Fora Lula…” Fora Dilma…” “Fora PT…”
A patranha era sofisticada, marchinhas gravadas em estúdio. Uma delas era uma sátira violentíssima de “Mamãe eu quero”, era mais ou menos assim:
“MaMamãe Dilma eu quero… MaMamãe Dilma eu quero… Mãe Dilma eu quero mamá… ME DÁ A TETA… ME DÁ A TETA… DÁ A TETA PRA PETISTA NÃO CHORÁ…”
Foi assustador de um lado… E esperançoso de outro, pois em todos os dias que testemunhei TAL VIOLÊNCIA não houve aglomeração de pessoas no entorno do caminhão… O resultado final apresentar-se-á hoje, domingo, pois programada está uma passeata que percorrerá vários quilômetros da orla de Vitória.
Não há mais qualquer dúvida:
O FASCISMO É UMA QUESTÃO CONCRETA ENTRE NÓS.
Pois é, a maior parte dos políticos que querem o impeachment está sendo investigada, processada ou já foi até condenada por corrupção e outros crimes. Até agora não contaram o que farão se conseguirem dar o golpe, mas tem gente que se acha inteligente assinando cheque em branco pra estes elementos. E depois da eleição aquele tal de fhc saiu-se com a conversa de que burros eram os eleitores do PT…
Eu prevejo uma guerra civil. Os dois lados eztao com os ânimos bastante acirrados. De um lado os interesses das elites… do outro lado os movimentos populares
Mas tudo isso ocorre por ter o Brasil a democracia mais fajuta do mundo e pelo proprio marasco das nossas autoridades em aplicar syas prerrogativas na defesa do poder que o povo lhe deu.
Democracia sem justiça não existe.
A justiça seletiva brasileira está condenando a democracia a morrer ainda na sua adolescência.
Eu tenho a opinião de que a redemocratização foi uma farsa. Os militares deixaram o poder, mas a parte civil da ditadura (onde se incluem mídia e políticos de extrema direita) ficou impune e não saiu de cena. Agora eles reuniram forças para tentar retomar o poder central, perdido com a eleição de Lula. Se as coisas descambarem, será efeito da redemocratização fajuta que não puniu os qua apoiaram o golpe de estado de 1964 e depois colaboraram com a ditadura. Passada esta onda fascista, será possível permitir que os atuais golpistas fiquem impunes novamente para botarem as caras pra fora das tocas de novo daqui a alguns anos? A nobreza francesa pintou e bordou, mas um dia a casa caiu. Será que ninguém nunca tentou entender aquele pouquinho de história que foi ensinado na escola?
Um novo tempo para o Brasil se aproxima:……Eduardo Cunha perderá o mandato, será preso, dará o bocão e levará junto o seus mais de 200 picaretas!…
Às ruas no dia dia 16!…..
Anotem aí: o STF vai borrar, igualzinho quando julgamento midiático do “mensalão”. Aliás, já borrou, para quem sabe tirar conclusões sobre algumas entrevistas públicas de alguns ministros, coisa que, jamais, poderia ocorrer. Juiz fala É NOS AUTOS DO PROCESSO. A minha decepção com o legislativo e judiciário é muito grande (embora eu sempre soubesse de todas as suas mazelas até então existentes…) . Felizmente, posso me “dar ao luxo” de me isolar numa roça, porque não vou “pagar prá ver” o circo pegar fogo, com a tramitação deste golpe escancarado. Lá, pelo menos, não verei e nem escutarei o que se passará neste país, até porque já estou na casa dos 70.
Como dizia minha mãe: deixe o tacho, que a fervura vem debaixo. Estas análises conjunturais, por mais exatas e bem delineadas que sejam, revelam, sobretudo, a posição do observador. Janio de Freitas se esmera em descortinar as origens de um ambiente violento – ao qual ele entende como futurista – em todos os níveis da sociedade, porém, a partir de sua percepção de observador privilegiado da superfície, ou seja, da luta política nas mais altas esferas do jogo intestino das instituições. Não chega a ser errada, mas, receio que seja incompleta. A fervura política, social e institucional, a qual ele descreve tão bem, começou muito antes e já fez um enorme estrago à sociedade. As características deste ambiente violento já se mostram destruidoras desde a base da sociedade. A “preguiça” estabilizante dos movimentos sociais e representações sindicais, sobretudo no tocante às demandas que dizem defender; a chamada “efervescência frontal” entre partes opostas no jogo político cotidiano, a qual se dá realisticamente, à revelia do ânimo das representações sociais visíveis; a ineficácia das “poucas políticas de contenção” da violência e; a “repentina explosão de violência só imprevista porque ninguém quer pensar nela” são, em seu conjunto, plenamente aplicáveis a uma realidade que se arrasta desde o início das políticas de diminuição da desigualdade, embora seja perceptível aos que a vejam por dentro, em contato com o verdadeiro epicentro brotado desde os ângulos há muito abandonados pelos representantes da vida política do pais. Poderia se dizer até, que muito mais que o esforço em não se pensar na explosão de violência, esta tem sido sublimada enquanto ocorre diuturnamente, envolvendo grande maioria da sociedade brasileira, tendo sofrido inquestionável processo de “cotidianização” e naturalização em todos os setores da vida política e social nacional, da direita para a esquerda, desfilando diante dos olhos de observadores e analistas de cuja sensibilidade social não vai além do sofrimento inquestionável de uma presidenta injustiçada e um número de vítimas notáveis desta onda de violência que agora atinge esferas mais “perceptíveis”por estes. É como se houvesse dois tipos de violência diferentes: uma de varejo, pulverizada e plenamente tolerável, e outra de atacado, supostamente mais virulenta e ameaçadora que a primeira, embora tenha se apoiado nesta desde o início do jogo do retrocesso ao qual vislumbramos sua nêmesis no momento atual e sem a qual não teria crescido ou forjado suporte ideológico e logístico para sustentação. No tacho da crise política as bolhas de fervura já se formam desde a posse de Lula e eram difíceis de serem vistas ou percebidas. Afinal, a sopa por cima, estava morna e confortável. Talvez, seja necessário aos analistas trocar o tacho por um bom refratário.
O aumento da violência não vem das políticas de igualdade social. Vem como consequência inescapável do capitalismo liberal avançado e da deterioração que ele provoca dos padrões de moral pré-capitalistas. Se o capitalismo que queremos é o desenfreado capitalismo dos Estados Unidos, que vem invadindo progressivamente a Europa, e a Ásia, então teremos que nos submeter a uma política de repressão que substitui a moral da cultura tradicional pela vigilância palmo a palmo de todos os cidadãos e pela disposição de sufocar a liberdade individual ao infinito, equipando mais as polícias do que as escolas, por exemplo. Mas se não queremos isso, temos de manter o capitalismo, principalmente o financeiro, sob férreos limites e freios, em nome do interesse maior da Nação, do bem estar de seu povo, da democracia de seu Estado e da única saída para um futuro positivo.
Tomás, acho que não me fiz entender. Eu não disse que a violência é fruto das políticas de igualdade social. Disse que ela vem sendo forjada e preparada como forma de reação a esta política desde o começo. Talvez, até antes, já que o aparato anti-democrático do Estado forjado pela ditadura nunca deixou de existir e funcionar, a despeito da tão proclamada democracia. O convívio com estas estruturas (sobretudo as de repressão) não denota somente o adiamento das mudanças necessárias. Denota a crença de que estas são necessárias e legítimas. Ao se aprofundarem as conquistas, seria previsível ter de combatê-las para garantir um jogo de forças equilibrado. Não foi o que ocorreu. Creio que se acreditou poder domá-las ou usá-las em favor do projeto democrático. É um contrassenso. Polícias, meios de comunicação, judiciário… nunca deixaram de ser da direita e nunca sequer tentou-se ajustá-los à democracia. A desagregação social e a polarização social vem ocorrendo como forma de se criar um caldo de cultura capaz de eclipsar até as melhorias sociais e econômicas significativas do Governo Federal. Caso a qualidade de vida das pessoas não fosse, por exemplo, reduzida pela enorme panela de pressão que são as periferias (com contornos claros de ditadura e terrorismo de Estado), inclusive com um projeto claro de manipulação de massas em favor do conservadorismo, provavelmente, a direita nem pensaria em retroagir nas conquistas ou tomar o poder à força. Se o faz, é porque conta com a imobilidade social, com a anulação das forças democráticas de organização popular e com a clima de dúvida e relativização das melhorias que gerou nas áreas mais populosas do país, as mesmas que mais se beneficiaram das políticas públicas, já que são também, as mais pobres. A desarticulação do projeto de governo da esquerda começou a partir daí, creio eu. O embate começou desde o momento em que o pobre, podendo adquirir bens, passou a ser vítima da violência e do achaque, com seus filhos – negros – frequentando universidades e sendo mortos na porta de casa “pela atitude suspeita” de mostrar uma dignidade imerecida aos olhos dos agentes públicos e das elites. Hoje, o PCC manda nas periferias e, aqui no meu bairro, já ouvi carinha do “movimento” dizendo: “Deixa a Dilma sair que aí, quem manda é nóis!” É a terra da oportunidade do Serra. Entende?
Meus respeitos.
Contrariamente a esta situação, a Venezuela dá exemplo modelar de processo eleitoral:
https://actualidad.rt.com/opinion/eva_golinger/193272-venezuela-elecciones-sistema-protegido
Deu chabu no protestos dos coxinhas.
As manifestações estão cheias de vazio.
GOLPE NUNCA MAIS!
Vamos às ruas no dia 16!
Quando Severino Cavalcante foi eleito presidente da Câmara, com apoio da mesma oposição atual, todos os jornais interpretaram como a maior derrota do governo do PT, com Eduardo, a mesma coisa, é uma bola de neve as derrotas do governo segundo a mídia, cada uma que acontece, consegue ser maior que a precedente. Mas a derrota não foi do governo, foi da população, do país. Com o parlamento, como instituição, sendo achacado pelo pior que a política pode produzir.
Se o STF não impedir esse processo de impedimento sem fundamento algum, praticamente chegaremos à conclusão de que está tudo dominado. Resta ao povo brasileiro, ou à parte ainda pensante, rebelar-se. O golpe em andamento tem propósitos claros: retirar direitos dos trabalhadores, colocar fim às políticas sociais, e concluir o trabalho de entrega da Petrobras aos grupos de rapina. As instituições já estão dominadas mesmo – aguardo apenas a postura do STF para saber se ainda alguma coisa escapou. Neste caso, será melhor mesmo que façam o golpe e assumam o governo sem voto, sem legitimidade, para que as pessoas despertem para as consequências. Claro que o PT e o governo Dilma, neste segundo mandato, têm culpa nisso, desde que resolveram colocar a conta da crise nas costas dos trabalhadores, ao invés de colocar nas costas dos donos do PIB brasileiro. O problema do PT é este: aprendeu a governar no conchavo pelo alto e não na politização das massas oprimidas, que dariam todo respaldo às políticas sociais e num momento como este impediriam golpe e garantiriam políticas geradoras de emprego e renda, ao invés de ajustes neoliberais que só fazem fornecer base social para o golpe. Militância organizada, somente, não consegue impedir golpe, haja vista o de 1964, quando toda a esquerda, PCB à frente, dizia-se pronta para enfrentar os golpistas e simplesmente não conseguiu opor a menor resistência. Sem o engajamento do povão, das pessoas mais interessadas em manter e ampliar as políticas públicas em favor dos de baixo, não há como impedir o golpe. Que se não vier agora, via parlamento, virá em seguida, via TSE, ou via Lava Jato, ou até mesmo sob pressão popular, se o governo continuar insistindo com essa política suicida de uma nota só: ajustes neoliberais.
Euler, tem toda razão. A submissão do Governo Dilma às políticas neoliberais em si, se configura como golpe. O problema é que no estado em que se encontram as coisas, é bem provável que o “republicanismo” dê ao golpe um status de legalidade e ordem institucional imerecido, seja por entregar os pontos e preservar as instituições às custas dos avanços sociais, seja por garantir a “normalidade” do processo de impeachment sem o confrontamento devido às suas contradições internas, o que na prática, dá na mesma. Sem confrontamento direto do governo, o golpe já está dado. A manutenção do mandato nada mais fará que limpar a barra do PT no tocante à sua covardia, culminando na famosa “vitória de Pirro” (é este o termo?) e garantir a continuidade dos setores com os quais o PT se envolveu a fim de alçar a presidência. O jogo político será mantido com as regras de sempre e o bando de coiós militantes acreditando estar servindo a uma causa que há muito foi esquecida. De fato, a última fronteira do golpe é o judiciário. Mas, tudo já é visto como processo histórico, não como ruptura. Se este processo for levado até o fim, veremos a consagração da política autoritária e fascista e o enterro definitivo da democracia pra esta geração. A sociedade irá acreditar de uma vez por todas que é assim que se deve fazer política, corroborando paradigmas questionados desde a ditadura militar. As bandeiras de oposição aos cânceres da vida política do país servirão para envolver os caixões dos que nelas acreditaram. O Brasil amargará a dor de viver sob a brancura de uma ditadura imperceptível, impossível de se delinear. É o cúmulo da sofisticação política de nossas elites: as instituições democráticas plenamente a serviço de interesses ditatoriais. O paradoxo da ditadura democrática, com leis e com um sistema judiciário que ratifique o direito ao abuso, à chicana, à prevaricação, à mentira, à truculência, à arrogância… Eis aí a lista de valores a serem cultivados caso a deposição de Dilma – ou o abandono deliberado de seu projeto de governo – venha a ser concluída dentro dos ritos institucionais. De uma forma ou de outra será o fim do Brasil em todos os níveis: no da soberania, do estado de direito, da democracia, da nacionalidade, do sentido de povo ou de território nacional. Seremos uma grande Guantánamo.
Alguém realmente acredita que se Dilma só taxasse os empresários e cidadãos da classe alta a confusão não teria sido a mesma?
As desculpas podem ser inúmeras, mas o fato é que Aecio Neves não se conforma que perdeu e deixou a elite que o apoiou com o pincel na mão. A oportunidade o fez se juntar a um bando de cafajestes para derrubar a representante do Partido dos Trabalhadores e tentar reverter o resultado das urnas.
O negócio é que a elite dominante já não consegue dominar tanto assim.
Aecio Neves precisou lutar pra manter o aeroporto do tio e proteger seus amigos que transportam coca. Quando isso teria sido necessário?
E agora que os documentos estão aparecendo, os Marinhos vão ter que espernear pra escapar da Zelotes, os ricos com conta no HSBC da Suíça vão ter que pagar prá ficarem livres de uma condenação. É por aí vai.
Alguém ainda acha que Dilma está sendo alvo do golpe por causa de movimento de rua, pedalada, corrupção?
Não… Isso desde que o mundo é mundo tem.
Tenho também este receio dado o atraso de nossas instituições “republicanas” devido à sua parcialidade e partidarismo já comprovadíssimos a serviço da plutocracia e seus instrumentos: Fhc, Serra, Aécio, Gilmar, Janot, Alckmin e toda a cúpula demotucana. O “The Economist” tem razão, nossas instituições estão no mesmo nível dos países mais atrasados do mundo exatamente por ter lado claramente assumido. Permanecem impávidos e passivos diante de todas as manobras de um gângster travestido de deputado para desmoralizar essas mesmas instituições propondo a deposição de uma presidente eleita democraticamente e reconhecidamente honrada. Nada me envergonha tanto em nosso país do que estas instituições ditas “republicanas” sempre à disposição do que há de pior no Brasil.
As manifestações de hoje são um fracasso total. O golpe acabou e precisamos deixar claro que não admitiremos novas manipulações. Se os meios de comunicação não mudarem teremos que fecha-los na marra.
Enquanto isso, qual um grande urubu esperando que o moribundo emita seu último sopro de vida, a “Águia” aguarda, pacientemente.
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Ela já jogou seus dados e deu as suas cartas. Contou e conta , para isso, com uma montoeira de vendilhões da pátria.
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O PMDB, não todo, felizmente, já demonstrou, com sua “Ponte para o futuro”, que joga o jogo da “Águia”. Os demo/tucanos, corruptos e vendilhões até a medula, já estão “no papo” há horas.
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Nosso imenso Brasil, sem dúvida, está naquele grupo dos poucos países que reúnem os atributos necessários para livrarem-se da grande “canga” imposta pelo imperialismo estadunidense e que têm condições de trilharem caminhos próprios e autônomos.
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Porém, a continuarmos assim, nos tornaremos uma colônia do naipe do Haiti ou não mais que um protetorado tipo Porto Rico.
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Getúlio Vargas, Darcy Ribeiro, Luiz Carlos Prestes, Leonel Brizola e muitos outros brasileiros dedicaram o melhor de suas energias e de suas vidas à construção de um país na medida de seu potencial. Um país onde cada brasileiro e brasileira pudessem gozar do direito de viver uma vida minimamente digna. Eles mereciam algo bem melhor em troca do esforço hercúleo que empreenderam para a concretização de seu sonho.
Em continuação ao comentário postado às 22h51,
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E, com todas as ações, encobertas ou explícitas, da “Águia”, ainda vemos muita gente, mas muita, mesmo, que se diz esperta, vendo “chifre em cabeça de cavalo”, vendo “pelo em ovo”.
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Acreditam, piamente, que estamos sendo invadidos por hordas de bolivarianos e de comunistas cubanos.
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A “Águia” trama “a Reescravização dos povos ocidentais” através dos chamados tratados de livre comércio [TPP, TTIP e TiSA], como afirma ninguém menos que Paul Craig Roberts em http://resistir.info/crise/roberts_09nov15.html, e os espertos dizem que temem o comunismo.
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Ao final do artigo, Roberts afirma algo impensável para alguém que fez parte de um governo de extrema direita como era o de Ronald Reagan. Ele assegura que “quando os povos descobrirem que perderam todo o controle sobre todo aspecto das suas vidas [por conta dos tratados de livre comércio]”, se darão conta de que “a sua única opção é a revolução ou a morte”.
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A monstruosa propaganda ideológica do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos, boa parte do planeta e tem anseios de dominá-lo por inteiro, segue fazendo com que até mesmo os espertos enxerguem os fatos de uma forma totalmente contrária ao que são em sua realidade.
Se os ministros do STF são cérebro e bom senso, saberão evitar tudo isso.