7 de setembro: Jair só falou aos seus

Era esperado e a pesquisa PoderData, colhida entre segunda-feira e ontem, comprovou que os atos do Sete de Setembro, tão trabalhados pelo presidente da República, não apenas não serviram para que pudesse avançar no golpismo quanto também não valeram para empurrar sua popularidade.

Bolsonaro continua nos mesmos patamares de antes, reduzida a pouco mais de um quarto do eleitorado, patamar onde lhe põem, também, as pesquisas de intenção de voto. Não conseguiu, com os atos, ainda que expressivos, agregar ou recuperar apoio.

O que, possivelmente, terá avançado mais – porque já vinha sido assim – é a solidez destas parcelas, contra e a favor – e, portanto, a dificuldade de mudar isso com situações circunstanciais, a menos que sejam explosivas.

Uma aceleração mais intensa da inflação, por exemplo.

Denúncias e até comprovação das irregularidades praticadas por ele, pelos filhos ou por integrantes de seu governo não serão, creio, fatores de decisão do voto, embora possam e devam ser expostas e gerar consequências.

Mas não mudam o estado de alienação mental de seus defensores.

Outro dia, junto a uma banca de jornal, ouvi uma senhorinha bolsonarista que procurava justificá-lo ao jornaleiro: as suas dificuldades seriam fruto de sua “inexperiência política”. Inexperiência depois de mais de 30 anos de mandatos políticos é dose cavalar. Mas serve, coitadinho, para sustentar a sua imagem de “exército de um homem só”, seja em que sentido se queira interpretar a expressão.

O dado sobre a “aprovação” do recuo presidencial confirma isso: mesmo se comportando como um covarde, que prega golpe na terça e conciliação política na quinta, dois terços dos que o aprovam concordam com sua atitude, sejam porque lhe apoiam em qualquer coisa, seja porque não desejam o país conflagrado por um golpe de Estado.

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