Misturar seleção de futebol com política é uma estupidez e, portanto, providência que os estúpidos logo tratam de tomar.
A lista é imensa e se tornou, durante a ditadura, uma constante, desde que o general Emílio Médici se deixava fotografar de “radinho de pilha” (os mais jovens procurem no Google o que é) e rebrotou há alguns anos com a camisa CBF servindo de uniforme das manifestações da direita, ao ponto de desestimular muitos de nós, como era hábito, darmos de presente a nossos filhos, em algum tempo de sua infância.
Seguiu-se a compulsão permanente de Jair Bolsonaro em virar papagaio de pirata em jogos de futebol, como aconteceu na primeira Copa América de seu governo, em 2019. Na época, ele ainda podia descer ao gramado ou ir fazer arminha da tribuna, algo que não impossível agora apenas porque os jogos são sem público.
Daí veio a “grande ideia” pegar a xepa da Copa América, que rodava disponível como um vira-latas, nestes tempos de pandemia.
Jair Bolsonaro, tal como estimulou e apadrinhou a ida de Eduardo Pazuello a um palanque para apertar o garrão sobre o Exército de olho em criar uma tensão militar ante as eleições de 2022, também fez da polêmica em trazer a competição para o ajudou – sabe-se lá por iniciativa própria ou conselho de quem – a catalisar as tensões dentro da CBF e mira eliminar as resistência a que seja ele o “dono da bola” na Copa do próximo ano.
Ao que parece, o técnico Tite seria uma das ‘pedras na chuteira” a este processo.
Claro que não se pode ser ingênuo de apostar que o time esteja absolutamente fechado com a ideia de que a competição é um inconveniente sanitário. Não é a história das nossas seleções.
Mas está evidente que estão fechados com o treinador e, ao que parece, dispostos a um gesto que os coloque a seu lado.
Onde Bolsonaro bota a mão, tenha certeza, haverá conspiração, manipulação, “camas de gato” e desastre.
Havia, na mitologia, o Toque de Midas, que a tudo transformar em ouro. A boa educação evita dizer de que é o toque de Bolsonaro.