É muito boa a metáfora achada por Elio Gaspari, em seu artigo de hoje na Folha, comparando a disputa entre Lula e Jair Bolsonaro com a de um toureiro e de um touro.

De uma lado, a habilidade; de outro a fúria cega, a comparação é confirmada a cada gesto de Lula ao desviar-se das investidas bolsonarianas – e ignorar as outras, dos que lhe tentam buscar o lugar na base do antipetismo – enquanto o atual presidente se perde em bravatas, raspando a pata no chão e bufando.

Hoje mesmo ele renovou a dose, anunciando no Planalto que vai aumentar a dose de agressões em lugar de usar o estoque baixíssimo de realizações:

“Pedi a meus ministros que me abasteçam de informações para mostrarmos o que aconteceu no país de 2003 a 2016”, disse. É justamente o que aconteceu no país, na vida das famílias, durante os governos petistas que faz com que Lula se projete como referência para o povão e não só ele.

O erro do artigo é um só: o de achar que Bolsonaro resolveu “escolher o papel de touro [que] é mau negócio.

Bolsonaro não escolheu o papel de touro, era só como podia agir, pela sua própria natureza e pelo que parte das elites brasileira quer que sejam as relações com a esquerda e a centro esquerda.

Ou não queriam quem investisse como touro sobre as aposentadorias, os direitos trabalhistas, a elevação dos salários, a inclusão dos pobres, contra as empresas estatais, a regulamentação do mercado, a limitação de armas, e uma lista que faria rolar esta página?

Ou não agiram as nossas elites como touros, querendo “matar” a memória de Lula e achando que a ele próprio “matariam” com o encarceramento de 580 dias em Curitiba?

Há, porém, outra razão para o comportamento taurino de Bolsonaro. É que ele precisa, todo o tempo, marcar território como mais forte e mais brabo da manada, colocando em seu lugar os vitelos e novilhos da política, para evitar que se tornem eleitoralmente mais taludos.

É evidente no agir de Jair que ele quer o papel de “terror dos petistas” seja só seu, porque ao principal rival na direita o antipetismo é o único discurso possível.

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