Todo mundo – até a mídia – sabe que o reajuste do preço da gasolina foi o responsável pela alta da inflação de 0,92% em dezembro, superando a de dezembro de 2012 (já alta, de 0,81%) e frustrando a certeza que se tinha – até na mídia – de que o IPCA do ano passado fosse inferior – embora pouco – ao de 2012.
Esqueça o “vamos conversar” e a “nova politica”.
Os quatro primeiros meses de 2014, na batalha eleitoral têm o nome de “inflação”.
Esqueça os “black blocs” e os “anonymous”.
A inflação é o combustível sem o qual mínimas centelhas se apagam quase que instantaneamente, mesmo com a mídia abanando com toda a sua energia.
Não importa, neste plano, que a inflação média do governo Dilma, como mostra oportuníssima nota de Gustavo Santos Ferreira, do Radar Econômico do Estadão seja a menor dos últimos cinco períodos de governo (2 FHC e 2 Lula), considerados os tres primeiros anos.(veja a imagem interativa no final do post)
Importa é que, em algum grau, a ação mídia-mercado criou a percepção de certo descontrole da economia.
Eu disse percepção, não realidade. E economia é feita tanto de realidade quanto de sua percepção.
O ministro Guido Mantega – que é um homem corretíssimo, inclusive na visão desenvolvimentista que esposa – foi impiedosamente desgastado.
Ninguém lhe aponta os méritos de ter sido o braço econômico de Lula na construção do boom de crescimento de 2009/2010.
Mas todos, inclusive no campo progressista, o vêem como parte de decisões erráticas – e não erradas, necessariamente – sobre juros, câmbio e política fiscal.
Todos os sucessos econômicos recentes (atingimento da meta fiscal, programa de concessões rodoviárias, menutenção do desemprego em níveis baixíssimos, por exemplo) são solenemente ignorados na avaliação de seu comando da economia.
Esqueça toda a conversa sobre reforma ministerial que você lê.
A decisão que se coloca para Dilma como essencial é sobre Mantega.
Temos todas as condições econômicas dadas para um novo surto, ainda que mais moderado, de crescimento: cambio menos irreal, safra agrícola recorde, perspectivas de aceleração do comércio e dos serviços com a estabilidade da renda e os grandes eventos, início da maturação de grandes investimentos em infraestrutura, sobretudo nos transportes e no petróleo.
Mas aquele famoso “é a economia, estúpido”, neste primeiro quadrimestre, virou um “é a inflação, estúpido”.
A direita vai jogar todo o seu peso nisso.
Como num jogo de futebol, vamos precisar saber resistir ao “sufoco” inicial e jogar com calma.
A partida, na política, pode ser curta, após a Copa, como todos os analistas políticos preveem.
Mas na economia, as eleições de 2014 já começaram faz tempo.
E isso pode mexer na organização do time.
10 respostas
Só uma pergunta: como é que, no gráfico, a média dos três anos de Lula consegue ser maior do que o maior ano?
Brito, a média anual do governo Lula 2003-2005 está errada: como pode a média ser maior do que as três componentes?
O Valor correto é 7,53% ((9,30 + 7,60 + 5,69)/3), não 9,81% como mostrado.
realmente e o erro é do autor do gráfico, que, como vê. não sou eu. Mas o número correto não invalida a demonstração, porque continua mais alto
É mais que isso, basta acompanhar a primeira página dos jornais e o que exibem os portais, todo santo dia, em termos de informações, para jogar para baixo o espírito do brasileiro. É tragédia, atrás de tragédia, pouco importa a magnitude, onde, como e por que, sendo tragédia, jogando para baixo, eles enchem a página. Querem desesperadamente voltar ao poder e para isso querem ressuscitar no Brasileiro, que com lula e o PT recuperou a esperança e a auto estima, o espírito vira-lata de antes. Querem nos derrotar por dentro, inocular em nossas entranhas, na massa cinzenta, naquilo que o povo tem de mais intestino, o desânimo, a desesperança, a preguiça da derrota anunciada, a falta de rumo, o destino traçado, o Jeca Tatu miserável e o nada vale a pena. Querem prostrar a população para reinarem, querem cadáveres ambulantes produzindo de forma que seja garantida a fartura de poucos, com o suor de muitos. Eles querem voltar a mandar de fato e também de direito no Brasil e para isso arriscam tudo. Chegou a hora do confronto, chegou a hora de liquidarmos com o espirito do atraso dessa Casa Grande geradora de miséria, da incompetência, da mesquinhez e da desigualdade brasileira.
Esse terrorismo da mídia é de fato um desafio. O governo precisa urgentemente dar um basta nessa onde de pessimismo e mostrar os grandes sucessos que tem em várias frentes. O povo não sabe e é preciso saber.Tenho parentes que foram simpatizantes fortes do PT. Hoje, satanizam o partido e fazem coro àqueles que chamam lula de ladrão e de corrupto. Não adianta mostrar o outro lado para eles, não querem ver. Continuam a repetir aquilo que os R Azevedo, Mer.al, Jabor etc etc divulgam. Dizem que o Genuíno tem de devolver o9 que roubou e que o Cachoeira e D Torres é que estão sendo caluniados….. Tá sério.
Já pensaram se a PETROBRAS tivesse sido privatizada quanto estaria custando, hoje, o preço do combustível.
Nos telejornais da globo, quando se solicitava o comentário das colunistas ( eliane, sardenberg….entre outors ) a resposta era de tal forma que transparecia a decepção com o controle da inflação. A eliane massa cheirosa disse ” a inflação só não foi maior por causa dos preços controlados”; se via no seu rosto que a torcida era para que a inflação tivesse explodido. Não explodiu e a explicação dela dá a entender que a intervenção do governo para controlar a inflação foi algo ruím. É demais; mesmo aqueles que têm 10% de massa encefálica produtiva, não consegue ouvir a opinião exdrúxula do pessoal do PIG! Viva o Brasil, o Lula e a Dilma!
O Antônio Victor está correto! A inflação que incomoda é a dos supermercados, que estão abusando ás custas do aumento da massa salarial dos trabalhadores. Eu acho que o governo deveria criar uma agência com poderes de mediar os aumentos abusivos de todos os setores da economia. Não se trata de tabelar preços, porém, o governo e a sociedade neste momento estão de mãos atadas para o problema da sem vergonhice destes empresários, sobretudo do setor de alimentação/supermercados. E o pior que a grande maioria dos grandes supermercados são de bandeira estrangeira.
Fantástico artigo, gostei muito de ler, mesmo não sendo brasileiro nem vivendo no Brasil.
Só gostava que o pessoal deste lado do atlântico fosse tão esclarecido na hora de votar.
Aqui a maioria dos não abstencionistas vai nas cantigas da direita… Andam por cá rumores de que a crise financeira internacional foi obra de um só político. E o povo acredita…
Pode ser que o país mude à esquerda nas próximas eleições. A malta pode ser burra, mas não é cega.