Rua não é sempre sinônimo de democracia

selecoes

 

A divertida ironia do Professor Hariovaldo de Almeida Prado, caricatura genial do anticomunismo doentio e reacionário, trouxe a reprodução imperdível desta separata da Seleções do Reader’s Digest, a qual se reproduz acima.

Para quem é novo – ou, na minha atual conjuntura, “menos velho” – esclareço: a Seleções era uma espécie de revista Veja sem pudor de se assumir norteamericana de corpo, não apenas de alma. Como a Veja, era lida por homens medíocres que se consideravam ilustrados e por senhoras que se imaginavam modernas. Igualmente repousavam, velhas e disponíveis, nos revisteiros de consultórios médicos e dentários ou outras salas de espera, porque as tautologias e mediocridades são duráveis…

É curiosa a leitura:   parece os comentários idiotas de Facebook metidos numa capsula do tempo e transformados naqueles velhos textos.

Inacreditável que isso possa ter sido real, não é?

Mas foi, e todos sabemos o que nos legou.

Aí está uma rua cheia, uma multidão e uma… minoria.

Porque tão minoria era que jamais ganhara uma eleição: a vez que chegou mais perto disso foi na “carona” de Jânio Quadros, com seu  discurso anticorrupção, que não era bem um cordeirinho manso do rebanho udenista.

Hoje não há o golpismo latente dos quartéis, como então?

Ainda bem, mas no Legislativo e no Judiciário não se tem tanta  veneração pelo voto popular, não é?

Os tempos eram outros, havia a Igreja Católica fundamentalista, com suas missas ainda em latim.

E não há, hoje, algumas evangélicas que se equiparam em obscurantismo?

Ah, mas não havia a pluralidade da comunicação que temos hoje.

Será? A televisão começava sua revolução, numa escala comparável à da internet hoje e na imprensa escrita ainda havia o contraponto da popularíssima Ultima Hora e de outros veículos.

Hoje, há um total monolitismo da mídia, impressa e eletrônica.

Tente, agora, imaginar a rua cheia assim numa manifestação pró-golpe…

Será que ainda é atual a frase que ali dizia  que “imensamente rico em recursos ainda inaproveitados, O Brasil era a chave para todo o continente”?

Venezuela, Argentina, o resto – Equador, Bolívia, Uruguai, pequeninos –  vem de cambulhada…

Por isso, é bom olhar de novo estas cenas do passado.

Para que a gente se lembre que a história não começa agora, nem conosco.

Os que acham que “descobriram” a liberdade, que  as aventuras são impunes  e que a rua é sempre progressista, a cena talvez ensine algo.

À minha geração ensinou, mas de uma forma tão cruel que jamais quero que ensine nem para o mais feroz black bloc.

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

4 respostas

  1. Meu caro Fernando Brito, quando um Jornalista, apontado como referencia, inclusive para os milhares de Estudantes e Profissionais que se relacionam com a matéria, proprietário de um Grupo Jornalista que mais se beneficiou da irregularidades e ausência de Democracia por períodos da história desse nosso Brasil, teve a petulância de dizer para todos os “Leitores” desse País, e todos os “Telespectadores, desse Brasil, incluindo ai seus assinantes e os que se dizem mais bem informados e cultos, que ” O IMPORTANTE NÃO É O QUE PUBLICO, MAS O QUE DEIXO DE PUBLICAR “, por ai você vê os princípios morais e éticos, incluindo o respeito aos cidadãos desse País.
    Inclua também a celebre frase do TANCREDO NEVES, o Avô desse Aécio, o do Bafômetro ” DIANTE DE PROVAS IRREFUTÁVEIS ALEGUE QUE SÃO FALSAS “.
    Por falar nisso, já apresentaram o DARF, e a Policia Federal, já identificou a quem se destinava os 425 quilos de Cocaína do Helicóptero, e quem pagou, e também os da QUADRILHA dos TRILHOS, já tem alguém na Papuda, e o filho do Goldman, que matou o Policial, já esta no xilindró.
    Onde esta a Raquel Sheherazade que não esta vendo isso, eu quero adotar um bandido padrão fifa, não um coitado de um pé sujo.

  2. O único ressentimento que trago dos militares é que permitiram que esquerdistas se apoderassem das universidades e redações de jornais e hoje décadas depois ainda somos obrigados a conviver com estas viúvas do muro de Berlim que embora encham a boca para falar de democracia não deixam passar uma única oportunidade de atentar contra ela.

  3. “Hoje não há o golpismo latente dos quartéis, como então?”
    Não é essa a impressão que tenho, diante dos e-mails que tenho recebido, mencionando pretensas ações de militares e mações, além de outros grupos.
    Precisamos abrir os olhos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *