Os “valentões” com a Bolívia esqueceram do “tio” FHC. Uma usina desativada em troca de mais gás

gas

Na virada do século, na iminência do apagão, Fernando Henrique Cardoso acertou com o general Hugo Banzer, da Bolívia, e com investidores estrangeiros um contrato de compra de gás daquele país.

Era na modalidade “take or pay”: isto é, pagávamos a quantidade previamente contratada, usássemos ou não usássemos o gás boliviano.

A Folha, em 2001, publicou a reportagem acima, dizendo:

“Só no primeiro trimestre do ano, a Petrobras pagou para os donos do trecho brasileiro do gasoduto Brasil-Bolívia cerca de US$ 30 milhões sem ter nenhum benefício em troca. No ano passado, foram outros US$ 20 milhões. O cálculo foi feito com base no custo de transporte atual. Quando o Brasil assinou o contrato de construção do gasoduto, ele garantiu aos investidores que transportaria uma quantidade mínima de gás natural. (…) Dadas a demanda atual e a produção nacional, a Petrobras traz da Bolívia 10,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Paga, no entanto, pelo transporte de 16,3 milhões de metros cúbicos -paga por tudo, mas usa só 64,41%. São mais de US$ 250 mil desperdiçados por dia.”

Agora, a partir de uma matéria (requentada) do Estadão, o pessoal que o Chico Buarque definiu como aquele que “fala grosso com a Bolívia e fala fino com os EUA” está fazendo uma onda porque o Brasil está reformando uma termoelétrica desativada desde 2009 e adaptando-a para uso de gás (abundante na Bolívia e inexistente em Porto Velho, onde ela está) na Bolívia.

Estaríamos subsidiando aquele “índio”, dizem os gênios da geopolítica.

Como eles não lêem nem os jornais da direita, não ficaram sabendo quee há 20 dias estiveram em Brasília emissários do Governo boliviano, com os quais o Brasil negocia uma ampliação do fornecimento de gás, agora plenamente utilizado, para operar usinas termoelétricas a gás, próximas aos grandes centros urbanos (com baixíssimo custo de transmissão, portanto).

Já a Bolívia tem problemas, por falta de linhas de transmissão, no atendimento das áreas mais isoladas do país , com pequenas usinas como a que servia Porto Velho antes de sua interligação ao Sistema Elétrico Nacional e das usinas do Madeira. Mas, ao mesmo tempo, tem locais de grande potencial de geração, os quais são de enorme interesse para o Brasil, e nenhum dinheiro para investir em seu aproveitamento.

Um dentro do território boliviano, Cachuela Esperanza (Cachoeira Esperança) e outro a ser explorado de forma binacional, como Itaipu, , no rio Mamoré, que faz divisa entre o Brasil e a Bolívia, no Estado de Rondônia. “Essa usina ficaria entre as cidades de Guajará-Mirim e Abunã e teria capacidade para gerar cerca de 3.000 MW”, segundo a Folha, duas vezes mais que a Hidrelétrica de Furnas.

Qual é a sugestão da turma de cérebro acochinhado para que os dois países possam explorar conjuntamente estas riquezas? Intervenção militar? O Bolsonaro vai invadir La Paz?

É duro debater com quem tem a cabeça assim, de “valentão”.

E que não lembra de como, no governo deles, perdeu-se dinheiro com o gás boliviano, embolsado pelos empresários e pelo governo Banzer, sem benefício para a população daquele país, que ainda nos considerava saqueadores de suas riquezas.

 

 

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13 respostas

  1. Eu, se fosse “coxinha”, já ia me esconder de tanta vergonha…mas “coxinha” é muito tosco, nem entende o que Fernando Brito escreveu…

  2. Voce já tentou argumentar com alguém que está com muita raiva?

    Pros coxinha não existe argumento pra odiar!

    O coxinha esta lou o co de raiva!

  3. Uma coisinha só: quem era o diretor da área na Petrobrás na época? Eu aposto em Paulo Roberto Costa.

  4. “E que não lembra de como, no governo deles, perdeu-se dinheiro com o gás boliviano, embolsado pelos empresários e pelo governo Banzer, sem benefício para a população daquele país, que ainda nos considerava saqueadores de suas riquezas.”

    Por empresários leia-se ENRON. E quantos presentinhos ($$$$$$$) isso valeu?

  5. Fernando, esse seu post ficou ótimo! Sob medida pra gente responder aos valentões que acusam o governo de fazer “filustria” com a Bolívia.

    E ainda que fosse uma ajuda, que não passa de quase uma sucata pra nós, qual é o problema? Até qdo essa gente acha que dá pra viver numa ilha de riqueza cercada por um mar de pobreza.

    Como eu me sinto bem estando do lado de cá, com nosso desprendimento e empatia. Do lado de lá só há enfrentamento e egoísmo. E ninguém pode ser feliz assim.

    E debater a ignorância deles no contexto geopolítico é até covardia.

  6. O papel que o Brasil desempenha no hemisfério sul deve ser este. Negociação em áreas estratégicas com um viés de auxílio aos países vizinhos ou mesmo distantes que necessitam de investimentos e ajuda.

    A visão medíocre e vira-lata da direita envergonha esse país. São uns borra-botas cujo destino deveria ser o desprezo da população.

  7. Gente, acontece q estou envelhecendo e a memória se distanciando… Esta época, ai, o prof cardoso não perdia de vista a pobre Petrobrás. Fazia de tudo pra prejudicar a petroleira, nacional… Botou, na Petrobrás, uma pessoa de sua confiança, na tal diretoria q envolvia o gás, com um telefone, direto, pra ele, o grde farol. Isso, mesmo; esse diretor se comunicava diretamente como prof cardoso, pra tramar sacanagens, passando por cima do Presidente da Estatal (acho q o Renó, não me lembro, mais). Essa transportadora de gás, construída com grana da Petrobrás, foi, ao final, entregue à Bolívia, q ficou com o controle acionário; assim, sem maiores explicações. Esse contrato de compra de gás, se bem me lembro, apontava a garantia de compra de um volume de gás, inexistente, à época; coisa, assim, de a Bolívia ter a garantia da metade do volume de gás, demarcados; o restante, apenas suposições. O prof cardoso nos fez comprar uma coisa q não existia… Por contrato, assinado.
    O comentário, à boca pequena, na época, era de q nem os nossos governos, “redentores”, tiveram a coragem de fazer esse tamanho mal-negócio; declinaram.
    Lembro, q uma engenheira da Petrobrás, até, escreveu uma carta pra tal da Mírian Leitão, denunciando o péssimo negócio e, esta mulher, silenciou; deve ter feito uso, pra ela própria, natural, da tal carta-denúncia.
    Essa máfia, na política, ficou cantando hinos à valentia, alguns anos atrás, durante o Gov do ex-Pres Lula, qdo a Bolívia solicitou nova tratativa nos preços do gás… Lembram? O q ninguém se reportava, então, era q havia essa garantia, de repactuação, no contrato original.
    Eu acho q no Brasil, da parte da intelectualidade, até de nossas próprias FA’s, mto carinho e cuidados no q diz repeito ao relacionamento com a Bolívia… Quem tripudia são esses valentões q povoam as mídias, mafiosas; são, tbm, mtos brasileiros q vão para aquele país, ganhar grana, apenas. Esses anulam as Políticas de boa vizinhança, do Gov Federal e de mtos e mtos brasileiros, aqui no Brasil, para com a Bolívia e seu oprimido povo.
    É o q me lembro… Buenas!

  8. Conheço o gaseoduto Brail/Bolivia ,obra fantastica que levou tio fhc a pedir 30 bi ao fmi coisa muito escondida pela midia tradicional, mas foi uma obra fantastica em termos de engenharia(conhecido cartel atuou por la), mas a coisa foi tao vultuosa que o psdb nunca teve coragem de mostrar tal criatura criada por fhc pois nao e’ usada em 10% de sua capacidade este monstrengo devia ser mostrado pelo circo da midia.

  9. Fernando: a defesa o Farol de Alexandria dirá, diretamente do Salão Nobre da instituição que o alberga, que esta (requentadíssima) notícia é futrica do atual governo para tentar desmoralizar sua honestíssima administração, de 1994 até 2002. E que oportunamente o porta-voz Merval apresentará relatório psicografado do generalíssimo Hugo Banzer, declarando que o excedente do take or pay combinado entre eles não foi para as Ilhas Cahimãs.

  10. Pois não é que a RBS – A Filhota da Globo aqui no Sul, ivestigada por SONEGAÇÃO E CORRUPÇÃO na Operação ZELOTE – Segundo O Jornal Estadão – ataca o Governo Federal, obviamente para desviar os holofotes, microfones e câmeras de si mesma, alardeando a reforma no valor de 65 Milhões na referida Termoelétrica, para doar à Bolívia. Exatamente na pequenez de um grupo milionário e mesquinho, que enxerga o mundo somente através de suas lentes gananciosas de poder. Pior é a “gauchada politizada”
    que elegeu como representante do RGS no Senado, nada mais do que os representantes da RBS Ana Amelia Lemos e Lazier Martins. Aliás este último eleito pelo PDT (nada a ver com trabalhismo). Brizola deve ter saído do túmulo pra toma uma pinga…de furioso.

  11. Mesmo que geopoliticamente,os brasileiros interagem com bolivianos,na divisa de rondonia o que acontecer,em melhorias,beneficia ambas as regiões, então política de boa vizinhança traz além de civilidade,uma ideia de que o mundo,apesar das fronteiras não existe muros, somos unidos a rios, florestas,e povos também.

  12. Ocorre-me perguntar “alguém conhece coxinha com cabeça”?
    As que eu conheço são só gordinhas!

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