Por que não taxar os ricos? Ora, porque isso é “proibido”

imposto

O repórter Leonardo Souza escreve hoje na Folha um ótimo artigo, com muita informação e equilíbrio, sobre as  potencialidades e os exemplos pelo mundo do Imposto sobre Grandes Fortunas.

Mas o título, embora obvio, é o melhor, porque leva a pensar na igualmente obvia razão: “Por que não taxar os mais ricos?

Ah, Leonardo, são tantas e tão hipócritas razões…

A primeira delas, que você pode ouvir de qualquer coxinha ou até de gente aparentemente séria, a de que já se paga muito imposto no Brasil.

E é verdade, mas depende de quem se cobra.

A insuspeita BBC publicou uma matéria dizendo que “Rico é menos taxado no Brasil do que na maioria do G20”.

Na verdade, o quarto ou terceiro menos taxado do grupo de maiores países do mundo quando a faixa de ganhos é superior a R$ 23 mil, contado nisso, quando houver, o 13° salário.

E aí esta turma diz que paga para custear o que custa o “assistencialismo”, como babujava ontem um deputado na Câmara, possesso e sob aplausos de dezenas de outros.

Sabe, o médico, o saneamento, a luz, a água, até o bolsa-família daquela ralé que não paga quase imposto, como eles.

Só que não. Paga, e paga muito mais.

Lá em cima tem uma tabela sobre como cada faixa de renda contribui com os impostos no Brasil.

Você pode notar que os que ganham até três salários-mínimos recolhem quase 60% do total de impostos arrecadados.

Dá, por cabeça, R$ 3. 370,54 por ano.

Ou 36% de tudo o que ganha um trabalhador de salário mínimo. Mais de um terço.

A carga tributária para quem ganha mais de 30 salários-mínimos por mês, segundo cálculos do Ipea, anda roçando os 10% ao ano.

E olhe que não estou falando dos ganhos empresariais, de capital, lucros, etc…

Proporcionalmente, o pobre paga quatro vezes mais imposto que os muito, muito ricos, se considerada  a camada que ganha 30, 40 mil por mês.

Leonardo Souza demonstra que não há “comunismo” algum em taxar fortunas.

Reconhece que “o  IGF é um tributo controverso”, mas lembra:

Na Europa ocidental, somente Bélgica, Portugal e Reino Unido nunca adotaram o imposto. O Reino Unido, contudo, assim como os Estados Unidos, têm uma pesada carga, de até 40%, na transferência de propriedade de bens por falecimento. Nos últimos 20 anos, muitos outros países, como Áustria, Itália, Dinamarca e Alemanha, extinguiram o IGF.

Outros, com a crise de 2008, como Espanha e Islândia, resgataram o tributo, como medida para recompor suas contas.

Também adotam algum formato de IGF Holanda, França, Suíça, Noruega, Luxemburgo e Hungria. Entre os vizinhos da América do Sul que mantêm essa política em sua base fiscal estão Uruguai, Argentina e Colômbia.

Então porque não temos alguma forma dele aqui?

Porque a nossa elite é colonial e enxerga o conjunto do povo do povo brasileiro como um estorvo, infelizmente necessário para poder viver, nos seus bons postos, de empresários ou da elite da burocracia que se forma para o país funcionar.

A nossa esquerda aderiu a um tolo “politicamente correto” de que é possível dar sem tirar, pelo crescimento – o que é verdade, nas marés enchentes.

Não fez – e quando tentou fazer, não soube comunicar isso – uma reforma tributária que saísse do impasse União-Estado-Município dividindo o mesmo bolo.

Mas quando a água baixa, farinha pouca, meu pirão primeiro.

Aí “acabou a democracia”, o “país de todos”, aquele discurso bonitinho: tirem dos pobres!

Arrochem salários, subam preços de produtos e serviços essenciais linearmente  e cortem-se os abusos (e de fato alguns são, não sou hipócrita) nos subsídios sociais.

Alíquota diferenciada para o Imposto de Renda de altos salários? Taxação de fringe benefits – o jabá dos executivos – e dos ganhos de capital? Impostos sobre heranças progressivo, com alíquotas mínimas para quem herda um imóvel modesto e mais pesadas para grandes patrimônios?

Bolivarianismo puro!

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10 respostas

  1. Ora, Fernando, você está falando em morder exatamente a casta proprietária de políticos, que os compra em leilões mais ou menos abertos, na nossa cara.

  2. Tabela manipulada é típico de petistas ou da folha :)
    Porra, divide o valor para ter o per capta tche!
    Se fosse meu aluno, tomava um zero.

    1. Que surpresa quem ganha 100 mil reais por mês pagar mais imposto que quem ganha 800 (em números absolutos, já que proporcionalmente o inverso ocorre). Devia ter um imposto fixo né? Tipo 1000 reais por mês por pessoa. Se a pessoa ganha menos que isso é presa por não pagar o mesmo que o explorado que ganha 100 mil; se ganha uns 1200, paga 1000 pra bancar a publicidade na Globo e o pagamento de juros da dívida, e ainda sobra duzentão pra almoçar de vez em quando.

  3. Legal também é o conceito de rico do petista. Se o cara ganhar 20 salários +1 real é rico.

    Qua Qua Qua….
    Ou seja, se o sujeito ganhar 11 mil ele é rico? ele pode comprar ferrari? ele é burgues? é nada… ele está na classe média ainda.
    RIco é quem controla os meios de produção. Rico é quem não vive de salário, mas de lucros e dividendos… geralmente na casa de milhões por ano.
    E esses dão seu jeito de pagar menos imposto.
    O cara que ganhar 10 contos, deixa 27% na fonte para o governo petista pagar seus cargos de confiança e assessores fantasmas.

    1. Larga de ser sacana, cara,
      quem ganha 10 contos, como vc diz, não larga na fonte 27%, já, pra o governo petista, seu cretino. Esse imposto sempre foi recolhido, assim, mais ou menos desta maneira, desde sempre… pra custear os gastos da nação, como um todo; os petistas entram, ai, de gaitos, pra vc bancar o gostoso e bostejar aos ventos… O PT não é composto, de forma diversa aos outros partidos, não. E se tem tem cargos de confiança, os tem igual aos demais partidos…
      Depois, o conceito de ricos q vc afirma, ai, não é o considerado pelo PT. Isto, vc está inventando, pra enganar os desinformados. O PT não estabelece, conceito de riqueza, ou pobreza, algum, como vc está tentando afirmar… Este estudo não é da lavra de partido algum; é fruto de estudo, pesquisa dos órgãos competentes, q não tem marca partidária. Larga de ser ignorante e maldoso.

    2. Quem sabe se, depois dessa festança, toda, da qual participamos de uma maneira ou outra, o Executivo não vai propor uma “quase reforma”, taxando as grdes riquezas, as heranças?… Parece q o Legislativo vai estar tão avacalhado, tão apequenado, depois de tanta esculhambação promovida, q vai estar mais amaciado e preparado pra aceitar essas inovações do Museu da República. Quem sabe?… Pq, estamos carecas de saber q falar de Reforma Tributária, Reforma Política, Reforma Agrária; essas novidades reformistas, básicas, desde os tempos do Marechal Floriano são proibidas e inacessíveis. E olha q, mto antes, o tal do José da Silva Xavier tentou discutir uma reforminha; custou-lhe a vida, de forma vil e covarde. Então, como nem o Floriano, tido como machão, tbm não conseguiu, nada; como exigir tamanha façanha de um “lulapetismo”, sem prestígio? E não me venha, q o PT não tem esses votos, todos, não – beiram à metade, resumindo. O q significa q os próprios eleitores, esses q criticam nos blogues, sujos e fazem, modernamente, movimentos tipo comunas… são o contraponto, afirmam os interesses capitalistas. Então, como “supunhetava”, a Presidenta, escudada por cooptados de uma certa escola imperial, talvez consiga apresentar e emplacar esses dois ítens, reformistas, de peso. Poxa, seria uma glória… inimaginável; teríamos grana, suficiente, pra curtir uma sustentabilidade. Quem sabe; heim?…
      Buenas!

  4. Por acaso o congresso vai permitir taxar mais os mais ricos, se deputados e senadores pagam pouco imposto de renda?

  5. Olhando por cima nos índices de contribuição, elas se equivalem em todas as faixas salariais. Conforme o autor do Pai Rico Pai Pobre, os milionários (esses não recebem salários) não pagam impostos se tudo que ganharem forem em nome de suas empresas e com essas empresas reinvestirem tudo. Se não sobra o lucro, não paga, embora o patrimônio centuplica.

  6. Vc me desculpe, Fernando; mas, fico revoltado com certos comentários, ai. As pessoas nem consideram todas as circunstâncias em q vivemos… Veja, estamos sofrendo um ataque, maciço, interno e externo, em todas as áreas, vivas, do Estado brasileiro e pessoas, mtas, não se tocam… Ficam levantando argumentos inventados, na maior.
    Como se não bastasse, agora, Fernando, os EEUU, via o FBI, se revelou interessadíssimo na corrupção dentro da FIFA… E a polícia americana vai lá na Suiça e prende gente da FIFA; parece, inclusive, de nacionalidade, diversas; assim, imperialmente e forma fascista. O FBI, dos EEUU, onde nem se dão conta, ainda, o q seja futebol… Peraê ai, passaram a entender e se inteirar do esporte bretão, justo agora? Pq será, minha gente? E a PF, aqui, já se adiantou e abriu processo, ou o q seja? Poxa! Já não basta o caso Petrobrás? Aliás, nos “estaites”, a justiça já está trabalhando no problema… Petrobrás.
    Fernando Brito, já sei q mtos vão dizer q fiquei louco e estou “chamando” assunto q nem vem à questão, acima. Eu, da minha parte, estou convicto q estamos diante de uma nova faceta, de uma cobra-criada… A questão Reforma Tributária está contida na crise, atual. E temos várias óticas da crise: financeira, econômica, política e institucional.
    Depois, mtos e mtos, vão ficar, ai, questionando a razão de o PT não reagir; de a Pres Dilma silenciar em quase tudo… Como entrar, dentro, da jaula do leão, bravo, pra dizer q ele é feio?… Ah! Sim… foi por isso, q nos tempos do Pres Collor, ele se obrigou em jogar uma pá de cal naquele poço onde o Exército iria fazer experiências… Foi por essa razão. Mto esclarecedor…
    Vc me desculpe, Fernando. Buenas!

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