Joseph Stiglitz é Prêmio Nobel de economia, ex-dirigente do Banco Mundial e conselheiro econômico de Bill Clinton. Não é, portanto, nem um neófito, nem um radical vazio.
A resenha de seu livro “Great Divide: Unequal Societies and What We Can Do About Them” (A grande divisão: sociedades desiguais e o que podemos fazer sobre isso) com lançamento previsto aqui, ainda para este semestre, pela Alta Books), feita pela ex-secretária de Redação da Folha, Eleonora de Lucena, repete o diagnóstico de que não apenas o neoliberalismo encerrou a fase “inclusiva” do capitalismo do pós-guerra mas, ele próprio, inviabilizou-se como fórmula capaz de levar o mundo a uma recuperação econômica “mais robusta” e ameaça solapar o próprio conceito ocidental de democracia:
– O lema de “um homem um voto” está sendo convertido em “um dólar um voto”.
No país onde o máximo de “modernidade” que se entende em matéria de pensamento econômico é o coro de coaxares sobre “livre mercado, livre mercado, livre mercado” é um prazer ver que as melhores inteligências são capazes de continuar dizendo às elites que o ambiente onde a selvageria econômica é o grande valor a ser perseguido nos leva, inexoravelmente, para a selvageria social e, com ela, ao comprometimento da própria atividade econômica.
Um coisa tão óbvia que há 50 anos Tom Jobim e Milton Mendonça escreveram em seu mais que famoso Wave: “é impossível ser feliz sozinho”.
Prêmio Nobel ataca elite alienada
e propõe mais impostos para os ricos
Eleonora de Lucena, na Folha
Começou com a eleição de Ronald Reagan. Os mais ricos passaram a pagar menos impostos, a economia foi desregulada e o setor financeiro tornou-se central. A memória da Segunda Guerra Mundial, e da solidariedade que engendrou, foi desaparecendo.
O rápido crescimento com avanço da indústria e ascensão das classes médias ficou para trás. O fim da União Soviética, eliminando a competição ideológica, frustrou planos de inclusão para a maioria da população.
O bem-estar das corporações foi engordando ao mesmo tempo que encolhiam os projetos de ajuda aos mais pobres. Um norte-americano típico ganha hoje menos do que ganhava há 45 anos –feitas todas as correções. Uma em cada quatro crianças vive na pobreza (na Grécia é uma em seis).
O 1% mais rico abocanha um quarto da renda e 40% da riqueza dos EUA. Há 25 anos, essas percentagens eram de 12% e 33% respectivamente. Políticos e parlamentares fazem parte dessa superelite e atuam em função dela.
Essa crescente desigualdade destrói o mito dos EUA como a terra de oportunidades, sabota a eficiência da economia e, principalmente, abala os pilares da democracia. O lema de “um homem um voto” está sendo convertido em “um dólar um voto”.
É com esse pano de fundo que o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz desenvolve “The Great Divide” [a grande divisão], obra que disseca os movimentos que levaram a rupturas e desagregações na sociedade norte-americana nas últimas décadas.
Seu ponto central: a desigualdade galopante é fruto de políticas deliberadas e poderia ter sido evitada. Stiglitz ressalta que o fosso social fabricado nos Estados Unidos –e replicado pelo mundo– impede uma recuperação mais robusta da economia, reforçando iniquidades e mais concentração de riqueza.
Com uma linguagem contundente e didática, o autor extrapola em muito o estrito mundo econômico. Sua reflexão passa pelo comportamento da elite, cada vez mais divorciada das necessidades da população.
Alienada das condições sociais gerais, da saúde, da educação, da segurança e da infraestrutura, essa fração dos superricos vive numa bolha, não liga para o que acontece com a maioria e gera efeitos perversos para o país. Nas palavras do Nobel:
“De todos os custos impostos pelo 1% para a nossa sociedade talvez o maior seja a erosão de nosso senso de identidade, no qual o jogo justo, a igualdade de oportunidade e o senso de comunidade são tão importantes”.
Stiglitz, 72, lembra que Alexis de Tocqueville (1805-1859) identificou nos norte-americanos a existência de um “interesse próprio bem compreendido”, ou seja: para o próprio bem-estar individual é preciso prestar atenção nas condições dos outros.
Segundo o Nobel, os americanos aprenderam que “ajudar os outros não é apenas bom para a alma, mas é bom para os negócios”. No entanto, agora a elite não entende que o seu destino está interconectado com o da maioria da população –os 99%.
“A história mostra que isso é algo que, no final, o 1% mais rico pode aprender _muito tarde”, diz. O alerta está em “Do 1%, pelo 1%, para o 1%”, famoso ensaio publicado originalmente pela revista “Vanity Fair”, em 2011, e que serviu de inspiração para protestos como o Occupy Wall Street.
O texto é um dos mais esclarecedores do livro, que recupera discussões de outras obras de Stiglitz, como “The Price of Inequality” (2012) e “Freefall” (2010). Ex-executivo do Banco Mundial e do conselho econômico da administração Bill Clinton, Stiglitz reforça, também nesta obra, seu ataque contra os bancos.
Condena, especialmente, as práticas anti-competitivas na área de cartão de crédito. Recomenda uma forte legislação antitruste –o que impulsionaria pequenos negócios. No conjunto, defende uma maior taxação para os mais ricos, demolindo argumentos contrários.
Ainda que repetitivo em alguns pontos, “The Great Divide” é essencial para entender os dias que correm –não só nos EUA.
23 respostas
‘Novidade’ essa de taxar os mais ricos em proteção aos mais pobres.
Robin Wood que nunca estudou economia e nunca perfilou na esquerdalha caviar já preconizava na prática o ‘tirar dos ricos para dar aso pobres’.
Por aqui até hoje, mesmo com os treze anos de petralhismo, temos o perverso ‘roubar dos pobres para os ricos’.
Queria que saber se o futuro reincidente presidente Lula 2018 acha da ideia de taxar os seus amiguinhos financistas e empreiteiros.
Ou a ele próprio, hoje milionário. Talvez bi.
A propósito, para aferirmos em média a renda do emergentissímo Brahma bem que no dia do interrogatório o delegado poderia pergunta:
– Vossa Ex-Excelência fatura mais como presidente, consultor, palestrante, vendedor de MPs ou lobista????
…
Como diria Hobbes, o homi é lobista do próprio homi. E alguns vendem ‘influência’ por que a alma já foi vendida ao Diabo.
Esse nobel de economia deve ser um merda.
Bom mesmo deve ser seu ídolo, José Serra.
Meu caro, minha religião não permite ter ídolos.
Nem servilismo, quanto mais venalidade.
Nobel não quer dizer muita coisa não.
Sarte jogou na lata do lixo um.
Autêntico que só ele rompeu com o comunismo por ter desviado dos seus objetivos iniciais.
Que sejam vocês não como o Serra mas como o Sartre, rompa com o petismo que se degenerou em petrralhismo.
Faça o caminho da volta assim como o Chico Oliveira, Hélio Bicudo e outros fundadores do PT e não ainda defendendo o partido que hoje prestigia Delúbio Soares, José Dirceu, Vacari e outros encrencados com a lei e como único ideal o de acumular pixulecos para si e se perpetuar nos projetos pessoais de poder.
Para finalizar, sugiro à Academia de Estocolmo a criação do Nobel de Corrupção.
Há um notório brasileiro muito paparicado por vocês que ganharia por 13 anos consecutivos uma vez que graduado, pós graduado e doutor na arte, técnica e ciência de Roubar.
Não sei o Serra….Mas Nobel FHC por ter viabilizado o Plano Real.
Já para Dilma o Ignóbio de Ecnoomia por ter destruído o país.
Só por está sua frase, voce já mostra sua plena e irrestrita IGNORÂNCIA, desqualificando totalmente suas “idéias”. fhc NÃO fez o Plano Real e sim, o Presidente Itamar Franco e sua equipe econômica, tendo como Ministro da Economia, CIRO GOMES
fhc, isto sim, USOU o Plano Real já implantado, para seus objetivos eleitorais. Procure saber o que já disseram Itamar Franco e Ciro Gomes sobre fhc e o Plano Real.
Aprenda a ler animal, ‘. por ter viabilizado…’. Sem a capacidade de negociação do FHC não teria o Real. Plano que toda esquerda inflamada pela petralha eram CONTRA.
“Autêntico que só ele rompeu com o comunismo por ter desviado dos seus objetivos iniciais.”
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E daí? Qual o mal nisso?
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“Não sei o Serra….Mas Nobel FHC por ter viabilizado o Plano Real.”
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Que paixão, hein, Klaus?
Tá. E “viabilizado” talvez seja mesmo a expressão correta. Talvez….
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Resta saber: com que régua apaixonados pelo FHC medem o petismo? Oops, desculpe, petralhismo.
http://www.ocafezinho.com/2015/10/03/requiao-relembra-banestado-roubalheira-tucana-desviou-meio-trilhao/
Requião tem é que devolver sua imoral e inconstitucional aposentadoria de governador…..
Informe-se melhor, quem abortou a CPI do Banestado foi o petralha Mentor, quem enterrou a Operação Macuco foi o Ministro Thomaz Bastos a pedido do padroeiro dos corruptos São Lula ao substituir o delegado do inquérito.
Para quê passa o país a limpo se ELES iriam incrementar a roubalheira em quantidade e qualidade…?
A propósito, você lulo petista, já que teu eterno candidato desde 1989 quer e vai vencer em 2018 se não estiver preso, e que tem muita intimidade com o homi a ponto de botar a mão no fogo por ele, diga-me:
– Qual será a proposta de Lula para combater essa maldita e sistêmica corrupção que tanto corrói o país?
Responda se puder….
Klays, se vc pesquisar uma operação da PF, depois de 2003, a sathiagraha, tem mais informação de como se faz política por aqui do que 50 anos de tele jornal. Não adianta rezar, rasga a veja, desliga a globo e vai estudar moço.
Então tenha coragem de assumir que a querela na Petrobrás não foi roubo foi apenas uma simulação politiqueira.
http://www.conversaafiada.com.br/politica/cunha-e-o-silencio-cinico-dos-tucanos
Klays, volta para o esgoto sim?
Religião é igual Partido, tenta ensinar o fiel a ser na rua aquilo que acredita que é quando está na igreja. Nunca funcionou.
Acho que tudo isso que o Stiglitz registra são os indícios de que uma nova forma de sociedade está pedindo passagem. Como disse o Paul Craig Roberts, “o capitalismo é inimigo da humanidade”.
Serve uma célebre frase? Então,os Burgueses quando se reúnem,é para CORNEAREM-SE UNS AOS OUTROS ! Eis a síntese !
Será que o Klaus Barbie consegue defender o bombardeio ianque ao hospital dos Médicos Sem Fronteira??
Você faz melhor… quem defende lulo-petismo face aos longínquos, contíguos e escancarados escândalo é capaz de defender qualquer sordidez.
Afinal, não foi mesma a Dilma que estupefatou o mundo ao propor na ONU negociação com o Estado Islâmico…?
Que bobagem! Quanto a CIA está lhe pagando para vc ficar repetindo essas arengas por aqui?
Segundo Thomas Piketty, o verdadeiro empreendedorismo é aquele que gera produção (empregos por exemplo), dinheiro gerando dinheiro em níveis estratosféricos é uma aberração. Benjamin Franklin abriu as portas do capitalismo nos EUA, mas confiava no empreendimento individual que ajudasse a sociedade.
O que estão fazendo é ganância pura
Que o arrocho neoliberal Dilma/Levy não funcionou em parte alguma do mundo já é mais do que sabido como relatou a canadense Naomi Klein no livro “A Doutrina do Choque” (2007), além disso Krugman, Stiglitiz, Piketty, Varoufakis e muitos outros brilhantes economistas repetem todos os dias que a selvageria do neoliberalismo é o esmagamento de 99% da humanidade pelo 1% dos que acumularam riquezas havidas através de roubo, fraude, sonegação, guerras, etc. e não por mérito ou eficiência dos mais ricos. Thomas Piketty prova isso em seu livro “O Capitalismo no Século XXI” de forma irrefutável.
A democracia já era faz tempo… Faz um bom tempo que as aparências só são mantidas para evitar uma revolta geral, e isso só até o momento em que os 1% descobrirem uma forma de tocar os seus negócios sem depender da existência dos outros 99% (leia-se: nós povão).
Futuras gerações assistirão a derrocada do capitalismo, cujas contradições se aguçam a cada década, mercê da insensibilidade neoliberal aos problemas sociais, o que aumenta de forma avassaladora o contingente de famintos no mundo. A bancarrota do capital, prevista por karl Marx já dá sinais evidentes na medida em que aumenta a distância entre ricos (1%) e pobres (99%). O grande carro chefe do capitalismo é EUA. Seu próprio povo fará justiça.