O Estado de Direito e o da Direita, por Mauro Santayana. Genial

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Mauro Santayana publica em seu blog um pequeno “manual das diferenças” entre um país que vive num Estado de Direito e outro em que, embora sem ainda o poder formal, ela tomou o poder de fato.

Escrito como ele o fez, é de passar adiante, talvez aos pedaços, porque, infelizmente, pensar é coisa que se acha, hoje, que não pode tomar do que alguns rápidos minutos.

Mesmo assim, é de uma clareza chocante e irrespondível, assim como de uma tristeza que não se contém para todos aqueles que amam a liberdade, a convivência, a justiça e o Brasil.

Deveria e, quem sabe será, uma vacina contra o fascismo que já não é nascente mas ameaça tornar-se dominante.

Veja como é precioso.

O Estado de Direito e o Estado da Direita

Mauro Santayana

É curiosa a situação que vive hoje o Brasil.

Estamos em plena vigência de um Estado de Direito?

Ou de um “estado” de direita, que está nos levando, na prática, a um estado de exceção?

Afinal, no Estado de Direito, você tem o direito de ir e vir, de freqüentar um bar ou um restaurante, ou desembarcar sem ser incomodado em um aeroporto, independente de sua opinião.

No estado de direita, você pode ser reconhecido, insultado e eventualmente agredido, por um bando de imbecis, na saída do estabelecimento ou do avião.

No Estado de Direito, você pode cumprimentar com educação o seu vizinho no elevador, desejando-lhe um Feliz Ano Novo.

No estado de direita, você tem grande chance de ouvir como resposta: “tomara que em 2016 essa vaca saia da Presidência da República, ou alguma coisa aconteça com essa cadela, em nome do Senhor.”

No Estado de Direito, você pode mandar “limpar” o seu computador com antivírus quando quiser.

No estado de direita, você pode ficar preso indefinidamente por isso, até que eventualmente confesse ou invente alguma coisa que atraía o interesse do inquisidor.

No Estado de Direito, você tem direito a ampla defesa, e o trabalho dos advogados não é cerceado.

No estado de direita, quebra-se o sigilo de advogados na relação com seus clientes.

No Estado de Direito, a Lei é feita e alterada por quem foi votado para fazer isto pela população.

No “estado” de direita, instituições do setor público se lançam a promover uma campanha claramente política – já imaginaram a Presidência da República colhendo assinaturas na rua para aumentar os seus próprios poderes? – voltada para a aprovação de um conjunto de leis que diminui – em um país em que 40% dos presos está encarcerado sem julgamento – ainda mais as prerrogativas de defesa dos cidadãos.

No Estado de Direito, você é protegido da prisão pela presunção de inocência.

No estado de direita, inexistem, na prática, os pressupostos da prisão legal e você pode ser detido com base no “disse me disse” de terceiros; em frágeis ilações; do que “poderá” ou “poderia”, teoricamente, fazer, caso continuasse em liberdade; ou subjetivas interpretações de qualquer coisa que diga ao telefone ou escreva em um pedaço de papel – tendo tudo isso amplamente vazado, sem restrição para a “imprensa”, como forma de manipulação da opinião pública e de chantagem e de pressão.

No Estado de Direito, você pode expressar, em público, sua opinião.

No estado de direita, você tem que se preocupar se alguém está ouvindo, para não ter que matar um energúmeno em legítima defesa, ou “sair na mão”.

No Estado de Direito, os advogados se organizam, e são a vanguarda da defesa da Lei e da Constituição.

No estado de direita, eles deixam agir livremente – sem sequer interpelar judicialmente – aqueles que ameaçam a Liberdade, a República e os cidadãos.

No Estado de Direito, membros do Ministério Público e da Magistratura investigam e julgam com recato, equilíbrio, isenção e discrição.

No estado de direita, eles buscam a luz dos holofotes, aceitam prêmios e homenagens de países estrangeiros ou de empresas particulares, e recebem salários que extrapolam o limite legal permitido, percebendo quase cem vezes o que ganha um cidadão comum.

No Estado de Direito, punem-se os corruptos, não empresas que geram riquezas, tecnologia, conhecimento e postos de trabalho para a Nação.

No estado de direita, “matam-se” as empresas, paralisam-se suas obras e projetos, estrangula-se indiretamente seu crédito, se corrói até o limite o seu valor, e milhares de trabalhadores vão para o olho da rua, porque a intenção não parece ser punir o crime, mas sabotar o governo e destruir a Nação.

No Estado de Direito, é possível fazer acordos de leniência, para que companhias possam continuar trabalhando, enquanto se encontram sob investigação.

No estado de direita, isso é considerado “imoral”. Não se pode ser leniente com empresas que pagam bilhões em impostos e empregam milhares de pessoas, mas, sim, ser mais do que leniente com bandidos contumazes e notórios, com os quais se fecha “acordos” de “delação premiada”, mesmo que eles já tenham descumprido descaradamente compromissos semelhantes feitos no passado com os mesmos personagens que conduzem a atual investigação.

No Estado de Direito, existe liberdade e diversidade de opinião e de informação.

No estado de direita, as manchetes e as capas de revista são sempre as mesmas, os temas são sempre os mesmos, a abordagem é quase sempre a mesma, o lado é sempre o mesmo, os donos são sempre os mesmos, as informações e o discurso são sempre os mesmos, assim como é sempre a mesma a parcialidade e a manipulação.

No Estado de Direito você pode ensinar história na escola do jeito que a história ocorreu.

No estado de direita, você pode ser acusado de comunista e perder o seu emprego pela terceira ou quarta vez.

No Estado de Direito você pode comemorar o fato de seu país ter as oitavas maiores reservas internacionais do planeta, e uma dívida pública que é muito menor que a dos países mais desenvolvidos do mundo.

No estado de direita você tem que dizer que o seu país está quebrado para não ser chamado de bandido ou de ladrão.

No Estado de Direito, você pode se orgulhar de que empresas nacionais conquistem obras em todos os continentes e em alguns dos maiores países do mundo, graças ao seu know-how e capacidade de realização.

No estado de direita, você deve acreditar que é preciso quebrar e destruir todas as grandes empresas de engenharia nacionais, porque as empresas estrangeiras – mesmo quando multadas e processadas por tráfico de influência e pagamento de propinas em outros países – “não praticam corrupção.”

No Estado de Direito você pode defender que os recursos naturais de seu país fiquem em mãos nacionais para financiar e promover o desenvolvimento, a prosperidade e a dignidade da população.

No estado de direita você tem que dizer que tudo tem que ser privatizado e entregue aos gringos se não quiser arrumar confusão.

No Estado de Direito, você pode defender abertamente o desenvolvimento de novos armamentos e de tecnologia para a defesa da Nação.

No estado de direita, você vai ouvir que isso é um desperdício, que o país “não tem inimigos”, que as forças armadas são “bolivarianas”, que o Brasil nunca vai ter condições de enfrentar nenhum país poderoso, que os EUA, se quiserem, invadem e ocupam isso aqui em 5 minutos, que o governo tem que investir é em saúde e educação.

No Estado de Direito, é crime insultar ou ameaçar, ou acusar, sem provas, autoridades do Estado e o Presidente da República.

No estado de direita, quem está no poder aceita, mansamente, cotidianamente, os piores insultos, adjetivos, acusações, insinuações e mentiras, esquecendo-se que tem o dever de defender a Democracia, a liturgia do cargo, aqueles que o escolheram, a Nação que representam e teoricamente, comandam, e a Lei e a Constituição.

No Estado de Direito, você pode interpelar judicialmente quem te ameaça pela internet de morte e de tortura ou faz apologia de massacre e genocídio ou da quebra da ordem institucional e da hierarquia e da desobediência à Constituição.

No estado de direita, muita gente acha que “não vale a pena ficar debatendo com fascistas” enquanto eles acreditam, fanaticamente, que representam a maioria e continuam, dia a dia, disseminando inverdades e hipocrisia e formando opinião.

No Estado de Direito você poderia estar lendo este texto como um jogo de palavras ou uma simples digressão.

No estado de direita, no lugar de estar aqui você deveria estar defendendo o futuro da Liberdade e dos seus filhos, enfrentando, com coragem e informação, pelo menos um canalha por dia no espaço de comentários – onde a Democracia está perdendo a batalha – do IG, do Terra, do MSN, do G1 ou do UOL.

 

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17 respostas

  1. Brito & Santayana A Dupla em exelencia!

    Que licao de pensamento sensato, deveria ser distribuido por toda a rede de escolas do pais!

  2. A origem de todos os males tem nome: GLOBO.

    A Globo é o câncer do Brasil. Sem a Globo, o resto da mídia não se sustentaria. Sem a Globo, os holofotes não teriam luz. É a Globo que deseduca, desinforma, distorce, inventa e manipula. Todo esse cenário descrito pelo Santayana foi construído com um instrumento: a Globo.

    O Brizola sempre soube disto.

    1. É isso, companheiro. A Globo, politicamente, enforma. Isto é, põe na forma. Já quanto ao produto, bom… o produto já sabemos muito bem qual é, qual foi e qual tem sido.

  3. BRITO, o processo de geração de insatisfeitos do governo não tem fim. As micro empresas do SIMPLES NACIONAL não conseguem transmitir a NFe para o portal com clientes cujo a INSC. EST. e ISENTO. MG por exemplo tem três dias que não conseguimos emitir notas fiscais. Isso é uma covardia além de quebrar aos poucos as micro empresas, agora querem quebrar com rapidez. Como podemos apoiar um governo desses. Veja se hora desse tipo de procedimento, as empresas quase todas com dificuldade e o governo trabalhando com afinco para acabar de destruir o que ainda resta. Não podem mudanças tão complexas que envolve software serem feitas linearmente como fazem, as micro empresas trabalhão softwares mais em conta e não tem dinheiro como as grandes para pagarem essas modificações esdruxulas como estas. A receita pensa que só ela trabalha.

  4. Este VIGARISTA da REPÚBLICA DO PARANÁ.recém fundada,com o beneplácito do JUDICIÁRIO BRASILEIRO,que deveria existir,para garantir DIREITOS PARA TODOS,e não somente para a DIREITA,com ” RARÍSSIMAS EXCEÇÕES “,é ” AGENTE DA CIA “! Se não barrarem logo,esse VERME,como muitos no Brasil,podem botar o PAÍS,de novo numa DITADURA DA DIREITA! Somente não vê,quem não quer,ou por CUMPLICIDADE!

  5. Simplesmente PERFEITO !!!
    E no que me tange , sou um combatente ativo, faço este combate aos HITLERNAUTAS E COXINHONAUTAS todo dia na Internet…

  6. Perfeito.
    Vamos seguir o conselho do Santayana e fazer o debate nos portais UOL, G1, TERRA, MSN e IG.
    É um incômodo, mas é fundamental fazer isto.

  7. Ridículo. Para quem não conhece e se deixa enganar, aquele que se apresenta como um afetado defensor do estado de direito é ex-funcionário da Radio Havana e ferrenho adepto da ditadura assassina de Cuba e dos totalitarismos socialistas em geral. Mais ridícula ainda é a ilustração, com um ditador socialista (nacional-socialista) e o rapaz que era um dos líderes do movimento socialista italiano até deixá-lo para formar o seu próprio agrupamento (o que levou o tio Lenin a lamentar a perda de um quadro tão promissor).

  8. O final foi um tapa na cara. Estou até envergonhado de ficar perdendo meu tempo comentando aqui.

  9. Faz tempo que tenho essa sensação de uma ditadura dentro da democracia, acho que dizer que estamos em pleno “estado de direito” e que “as instituições têm funcionado” é uma falácia que se está criando, uma cortina de fumaça. É como se a democracia estivesse nas intenções da Dilma, da Tereza Campello e de uns poucos mais, uma ilha cercada de desmandos no Judiciário, no MP (alguém já disse que a farda foi substituída pela toga), na PF (com toda a certeza na Lava a Jato!) e nos estados do Alckmin, Beto Richa e Perillo, com polícias truculentas e desprezo pela educação. Muito estranho. Parece que a democracia e o estado de direito estão sendo corroídos por dentro, aos poucos, se desfazendo. Bom, dizem que esse é o método moderno de desestabilização.

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