As ruas estão cheias da força da alegria. E, no Rio, Chico diz: “não, de novo, não! Assista

chico

Voltei cedo e perdi a cena. Mas recuperei e trago para vocês

Era muita garotada, entre as 30 ou 40 mil pessoas que lotaram o Largo da Carioca, mas o ponto alto da manifestação contra o golpe foi meu herói e rival  – como fazer que as moças suspirassem por mim e não por ele? Melhor aceitar e aderir… – durante 40 anos.

Chico Buarque, sempre ele, foi a grande estrela de um movimento que, como ele, não é de um partido, mas é dos brasileiros que acreditam na liberdade e no respeito ao voto popular.

Um movimento da delicadeza.

Humildemente, disse que ali havia “Gente que votou no PT, gente que não gosta do PT, gente que foi do PT e se desiludiu, gente que votou na Dilma, gente que votou na Dilma e está decepcionado com o seu governo. Gente que não pode pôr em dúvida a integridade da presidente Dilma Rousseff.  Eu vejo, deste palanque, gente da minha geração, que viveu 31 de março de 64, mas vejo sobretudo uma imensa juventude que não era então nem nascida, mas conhece a historia do Brasil. Estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo não”.

Chico, como é que vou dizer que não suspirem pelo nosso delicado herói da verdade e da simplicidade, se eu mesmo suspiro?

 

 

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34 respostas

  1. As forças da democracia tem um herói, o Chico; as forças golpistas tem como herói o… CUNHA!!! Por aí dá para ter uma idéia…

    1. Porra! Eu estava lá! O Chico é foda… e a mulherada se derrete toda. Esse cara deve ter um borogodo…. só pode! Rsrs

    2. E além do Chico ainda foram multidões: 120 mil pessoas em todo o país!! Se tirar os zumbis contratados para balançar bandeirinha, os CCs com medo de perder a boquinha e os militantes profissionais de CUTs e MSTs deve dar umas 20 mil. Arrumar 20 mil alienados para apoiar o pior e mais corrupto governo de todos os tempos não é fácil!

      1. Que tu és um dos três patetas, todos já sabem. Que tu és golpista, todos já sabem. Mas desonesto, tá parecendo que és. Somente em Brasília se contou mais de 200 mil apoiadores da Dilma. Cara, tu és a cara do Cunha: desonesto e mal intencionado.
        PA, TE, TAS… (por Roberto Monteiro)

        1. Desonesto é você e o seu partido. Os números são os das PMs, sempre utilizados porque seguem o mesmo padrão e todos os organizadores aumentam o seu público, alguns de modo ridículo, como se pode ver até pela TV. Assim, medindo pelos mesmos critérios, dia 13 tivemos cerca de 3,5 milhões de pessoas que não foram pagas e pensam e se movem por si mesmas. E ontem foram 120 mil. E acho que nem você tem coragem de contestar que a imensa maioria era de zumbis contratados, CCs e militantes profissionais desesperados com a possibilidade perderem suas boquinhas. Afora eles, tinha uma minoria de alienados que acha que está na Sierra Maestra ou coisa do gênero. Quer tentar se enganar? Se engane, mas é isso o que restou a esse partideco pilantra que agora, para tentar sugar o país por mais algum tempo, se dedica a entregar o que restou da Saúde e dos demais ministérios para o rebotalho do Congresso.

          1. Pô meu, sacanagem, não recebi o meu quinhão! Sacanagem do PT, né? Mas, por outro lado, esse PT num tá fácil não, heim? Pagando mortadela e mesadinha pra galera no Brasil, na França, na Alemanha, na Espanha, no Uruguai, no Chile, na Inglaterra, na Argentina, nos Estados Unidos, em Portugal … Tô bege! Rsrsrsrsrsrs…

          2. Cara Mônica, sei que você costumam ser péssimos em coisas como matemática e lógica, mas acho que não é tão difícil entender que “imensa maioria” não é o mesmo que “todos”.

      2. Rsrsrsrsrs… Tá preocupado em diminuir os nossos números por quê? Desespero??? Esquenta não, fica calmo aí, o jogo tá virando e você não vai se f., embora esteja querendo! Nós estamos e vamos lutar pelo melhor para você! Isso é tutela, mas as “pessoas” que tiveram o cérebro liquidificado têm que ser tuteladas mesmo! Felicidades, DILMA FICA!!!

        1. Não se trata de diminuir, mas de medir pela mesma régua. Se considerarmos a opinião dos organizadores, a manifestação do dia 13 se aproximou dos 10 milhões. E a turma da CUT costuma aumentar muito mais, é um padrão deles, que vivem disso e também usam truques como se manifestar no final da tarde para se misturar com os transeuntes. Note que eles tinham um problema em Brasília, onde a manifestação em campo aberto não permitia muitas malandragens. Dessa vez eles mandaram muitos militantes para lá (700 ônibus) e descobriram São Paulo, onde se concentravam antes, o que os obrigou a fugir do espaço da Paulista e ir para a Sé. São truques baratos, mas para os abobados que querem acreditar neles funciona.

  2. … Um mar vermelho de gente multicolorida inundou a cidade de Salvador, da Libertária/Revolucionária Praça do Campo, passando pela Avenida Sete de Setembro, uma multidão na Praça da Piedade, e vamos juntos percorrer a Avenida Joana Angélica até a Praça do Campo da Pólvora, o roteiro não poderia ser mais simbólico…
    Um povo alegre, sapiente e corajoso, negros(as), índios(as), quilombolas, mulatos(as), brancos(as), pardos(as), albinos(as)…
    Na passagem da Praça da Piedade para a Avenida Joana Angélica, o prédio suntuoso da sede da OAB regional, o bravo povo em uníssono, e a plenos pulmões de civismo:
    “A verdade é dura, a OAB apoiou a ditadura”, com direito a apitaços e solenes vaias…

    “Na vai ter golpe!
    Vai ter [muita] luta,
    e já está tendo!”

    Bis ‘n’ vezes!

    Viva o [verdadeiro] Brasil!
    Viva o sapiente, leal, generoso, impávido e honesto povo trabalhador brasileiro!

    Messias Franca de Macedo, hoje, direto de Salvador, ‘a mais bela e hospitaleira capital do Brasil’!
    Orgulho de ser nordestino!
    Bahia,
    Brasil

    1. Caro Camarada.
      Sem dúvida uma marcha magnífica, tenho certeza que os ecos dos heróis do 2 de Julho se fez ouvir nas vozes, no sangue e na carne dos descendentes, brancos, negros e índios dessa maravilhosa CIDADE DO SALVADOR !
      Avante Sempre e vamos varrer ACM Neto da prefeitura de Salvador em outubro.
      P.S.
      Caro Messias, aquele Walter Pinheiro nunca me enganou, traíra e oportunista.

  3. Que tal o programa PONTE PARA O INFERNO? (as 30 medidas do saco de maldades do PMDB, PSDB, FMI & CIA…)

  4. Parabéns a todos que puderam estar ai, com o amor ao nosso Brasil, não ao golpe. Dilma, vire a primeira a esquerda e continue nessa mão até 2018. O que falar do Chico, somente É O CARA. Escuto suas músicas feitas a tanto tempo, é tanta delicadeza, tanta sabedoria, tanta alma. Chico creio que você é um dos dez maiores brasileiros no ramo das artes e quem sabe em todos os ramos. Parabéns por ser quem é, nós nos sentimos gratos de ter um artista desse calibre. Não conheço muito de música, mas gosto muito, desconheço algum artista que tenha esse talento, posso ser piegas, mas acho-o o maior letrista de MPB e acredito que não teremos outro dessa envergadura, Caetano e Gil são geniais, geniais mesmo, mas ainda acho o Chico magnânimo. Abração povo brasileiro.

  5. [Perdão pelo funesto fora de pauta]

    … Duas das muitas faces do Leviatã sérgio ‘mor(T)o’, o desumano perverso vulgar e mentiroso contumaz!

    MÉDICO PEDE INTERNAÇÃO URGENTE DE DIRCEU PARA EXAMES

    A defesa do ex-ministro José Dirceu protocolou um pedido nesta quinta (31) para que ele seja internado em um hospital para exames; um atestado assinado por um médico de Brasília afirma que Dirceu é um paciente “idoso”, que sofre de hipertensão, e se queixa de cefaleia “há mais de 20 dias”; diz ainda que ele faz uso de medicação de alto custo e pede, ao fim, a internação para exames “em caráter de urgência”

    31 DE MARÇO DE 2016 ÀS 21:23

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.tijolaco.com.br/blog/as-ruas-estao-cheias-da-forca-da-alegria-e-no-rio-chico-diz-nao-de-novo-nao-assista/comment-page-1/#comment-270435

    1. [… A face mentirosa contumaz!]

      OPERADORA INFORMOU MORO SOBRE GRAMPO EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

      A operadora de telefonia que executou a ordem para interceptar o ramal central do escritório de advocacia Teixeira, Martins e Advogados já havia informado duas vezes ao juiz federal Sergio Moro que o número grampeado pertencia à banca, que conta com 25 advogados; apesar disso, em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta semana, Moro afirmou desconhecer o grampo determinado por ele na Lava Jato

      31 DE MARÇO DE 2016 ÀS 20:32

      (…)

      FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.conjur.com.br/2016-mar-31/operadora-informou-juiz-sergio-moro-grampo-escritorio?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter

  6. Moro mentiu ao STF

    “Operadora informou juiz Sergio Moro sobre grampo em escritório de advocacia”
    “A operadora de telefonia que executou a ordem para interceptar o ramal central do escritório de advocacia Teixeira, Martins e Advogados já havia informado duas vezes ao juiz federal Sergio Fernando Moro que o número grampeado pertencia à banca, que conta com 25 advogados. Apesar disso, em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta semana, Moro afirmou desconhecer o grampo determinado por ele na operação “lava jato” …Os documentos deixam claro que um dos telefones grampeados pertence ao Teixeira, Martins e Advogados, descrevendo, inclusive, o endereço da banca… Os ofícios colocam em xeque a afirmação feita por Moro em documento enviado ao Supremo no último dia 29, no qual o juiz confirma ter autorizado o grampo no celular do advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Teixeira, mas diz não saber das interceptações telefônicas do seu escritório…”.
    http://www.conjur.com.br/2016-mar-31/operadora-informou-juiz-sergio-moro-grampo-escritorio

  7. Ei, algum “comentarista” do “brog” poderia me informar, por obséquio, a que horas começará a “grandemanifestaçãopróDilma”?????

    Tic,tac,tic,tac…(by Alisson)

    1. Eu já manifestei… na tua esposa (3 vezes), e como se não bastasse, na tua mãe, irmã e filha e até no periquito (olha o trocadilho)

    1. Poderiamos sugerir novo slogan, que representaria muito mais a realidade da Globo: “Mentiras e manipulação, você vê aqui!”.

  8. Nós temos o CHICO , eles o chirico, precisa explicar mais alguma coisa ?
    Chora Coxinhada……
    Ahhh podem contratar a socialite peladona pra continuar o show ok ? Nem tudo é ruim , salva ela ….

  9. Chico também é meu ídolo, Fernando.
    Um ser humano extraordinário, em todos os sentidos. Sempre com delicadeza e bom humor, posiciona-se de forma impecável em todos os momentos.
    Vida longa a Chico.

  10. Caro Fernando Brito, também voltei cedo e na viagem de volta soube que Chico chegara ao palanque pouco depois de minha saída. Parabéns pela sensibilidade e delicadeza com as quais retrata o clima do evento e a participação de nosso ídolo. Tenho 76 anos. Estou revigorado.

  11. Tal como o Rio de Janeiro, Chico continua Lindo. Por dentro! O que você perdeu, mas lhe conto, foi a emoção da multidão (mais de 30 ou de 40 mil- já para mais de 50 quando eu saí, e era ainda cedo!) com a chegada do sempre Chico. Eis aí uma unanimidade – que me perdoe o N. Rodrigues, de quem nunca fui tão fã assim – muito longe de ser “burra”. Mais do que com o Chico, somente se chegasse o LULA. Que é e sempre será MAIÚSCULO!

  12. Tem muita gente com mais de cinquenta anos dizendo que vivia melhor no tempo dos militares…
    Li hoje, no blog Sul21.com.br, que a Vereadora de Porto Alegre Mônica Leal (PP) realizou ontem (31), um jantar comemorativo ao golpe militar de 1964. O convite destacou que os participantes serão “representantes da sociedade gaúcha, militares da reserva e civis dos mais variados segmentos. O 31 de março de 1964 foi um movimento cívico militar na história do Brasil onde a sociedade reafirmou seus valores de liberdade, independência e progresso”.

    O golpe militar de 1964 envelhece, mas não morre. Esse jantar é ocasião oportuna pra lembrar às milhares de moças e mulheres, uma das maneiras pela qual aquele ”movimento” afirmara seus valores. Vivemos num Brasil que não foi capaz de impedir crimes hediondos contra mulheres indefesas, praticados por agentes do Estado que vivem na impunidade e que hoje comemoram com jantares, aquelas atrocidades. Em 2010 lançaram o livro “Luta, Substantivo Feminino”. No livro aparecem mulheres que amamentavam, grávidas que pariram na prisão ou, com a violência sofrida, abortaram. Eram estudantes, professoras, jornalistas, médicas, assistentes sociais, bancárias, donas de casa. Quase todas militantes, inconformadas com a ditadura militar que em 1964 derrubou o presidente eleito. Foram presas, torturadas, violentadas. Muitas morreram ou desapareceram lutando para que hoje nós vivêssemos numa democracia. As histórias de 45 dessas mulheres mortas ou desaparecidas estão contadas no livro:

    Rose Nogueira – jornalista, presa em 1969, em São Paulo, onde vive hoje.
    “Sobe depressa, Miss Brasil’, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Segurei os seios, o leite escorreu. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele (delegado Fleury) ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. O torturador zombava: ‘Esse leitinho o nenê não vai ter mais’”.

    Izabel Fávero – professora, presa em 1970, em Nova Aurora (PR). Hoje, vive no Recife, onde é docente universitária.
    “Eu, meu companheiro e os pais dele fomos torturados a noite toda ali, um na frente do outro. Era muito choque elétrico. Fomos literalmente saqueados. Levaram tudo o que tínhamos: as economias do meu sogro, a roupa de cama e até o meu enxoval. No dia seguinte, eu e meu companheiro fomos torturados pelo capitão Júlio Cerdá Mendes e pelo tenente Mário Expedito Ostrovski. Foi pau de arara, choques elétricos, jogo de empurrar e ameaças de estupro. Eu estava grávida de dois meses, e eles estavam sabendo. No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, eu abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar”.

    Hecilda Fontelles Veiga – estudante de Ciências Sociais, presa em 1971, em Brasília. Hoje, vive em Belém, onde é professora da Universidade Federal do Pará.
    “Quando fui presa, minha barriga de cinco meses de gravidez já estava bem visível. Fui levada à delegacia da Polícia Federal, onde, diante da minha recusa em dar informações a respeito de meu marido, Paulo Fontelles, comecei a ouvir, sob socos e pontapés: ‘Filho dessa raça não deve nascer’. (…) me colocaram na cadeira do dragão, bateram em meu rosto, pescoço, pernas, e fui submetida à ‘tortura cientifica’. Da cadeira em que sentávamos saíam uns fios, que subiam pelas pernas e eram amarrados nos seios. As sensações que aquilo provocava eram indescritíveis: calor, frio, asfixia. Aí, levaram-me ao hospital da Guarnição de Brasília, onde fiquei até o nascimento do Paulo. Nesse dia, para apressar as coisas, o médico, irritadíssimo, induziu o parto e fez o corte sem anestesia”.

    Yara Spadini – assistente social presa em 1971, em São Paulo. Hoje, vive na mesma cidade, onde é professora aposentada da PUC.
    “Era muita gente em volta de mim. Um deles me deu pontapés e disse: ‘Você, com essa cara de filha de Maria, é uma filha da puta’. E me dava chutes. Depois, me levaram para a sala de tortura. Aí, começaram a me dar choques direto da tomada no tornozelo. Eram choques seguidos no mesmo lugar”.

    Inês Etienne Romeu – bancária, presa em São Paulo, em 1971. Hoje, vive em Belo Horizonte.
    “Fui conduzida para uma casa em Petrópolis. O dr. Roberto, um dos mais brutais torturadores, arrastou-me pelo chão, segurando-me pelos cabelos. Depois, tentou me estrangular e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me e deram-me pancadas na cabeça. Fui espancada várias vezes e levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios. O ‘Márcio’ invadia minha cela para ‘examinar’ meu ânus e verificar se o ‘Camarão’ havia praticado sodomia comigo. Esse mesmo ‘Márcio’ obrigou-me a segurar seu pênis, enquanto se contorcia obscenamente. Durante esse período fui estuprada duas vezes pelo ‘Camarão’ e era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos e obscenidades, os mais grosseiros”.

    Ignez Maria Raminger – estudante de Medicina Veterinária presa em 1970, em Porto Alegre, onde trabalha atualmente como técnica da Secretaria de Saúde.
    “Fui levada para o Dops, onde me submeteram a torturas como cadeira do dragão e pau de arara. Davam choques em várias partes do corpo, inclusive nos genitais. De violência sexual, só não houve cópula, mas metiam os dedos na minha vagina, enfiavam cassetete no ânus. Isso, além das obscenidades que falavam. Havia muita humilhação. E eu fui muito torturada, juntamente com o Gustavo [Buarque Schiller], porque descobriram que era meu companheiro”.

    Dilea Frate – estudante de Jornalismo presa em 1975, em São Paulo. Hoje, vive no Rio de Janeiro, onde é jornalista e escritora.
    “Dois homens entraram em casa e me sequestraram, juntamente com meu marido, o jornalista Paulo Markun. No DOI-Codi de São Paulo, levei choques nas mãos, nos pés e nas orelhas, alguns tapas e socos. Num determinado momento, eles extrapolaram e, rindo, puseram fogo nos meus cabelos, que passavam da cintura”.

    Cecília Coimbra – estudante de Psicologia presa em 1970, no Rio. Hoje, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e professora de Psicologia da Universidade Federal Fluminense.
    “Os guardas que me levavam, frequentemente encapuzada, percebiam minha fragilidade e constantemente praticavam vários abusos sexuais contra mim. Os choques elétricos no meu corpo nu e molhado eram cada vez mais intensos. Me senti desintegrar: a bexiga e os esfíncteres sem nenhum controle. ‘Isso não pode estar acontecendo: é um pesadelo… Eu não estou aqui…’, pensei. Vi meus três irmãos no DOI-Codi/RJ. Sem nenhuma militância política, foram sequestrados em suas casas, presos e torturados”.

    Maria Amélia de Almeida Teles – professora de educação artística presa em 1972, em São Paulo. Hoje é diretora da União de Mulheres de São Paulo.
    “Fomos levados diretamente para a Oban. Eu vi que quem comandava a operação do alto da escada era o coronel Ustra. Subi dois degraus e disse: ‘Isso que vocês estão fazendo é um absurdo’. Ele disse: ‘Foda-se, sua terrorista’, e bateu no meu rosto. Eu rolei no pátio. Aí, fui agarrada e arrastada para dentro. Me amarraram na cadeira do dragão, nua, e me deram choque no ânus, na vagina, no umbigo, no seio, na boca, no ouvido. Fiquei nessa cadeira, nua, e os caras se esfregavam em mim, se masturbavam em cima de mim. Mas com certeza a pior tortura foi ver meus filhos entrando na sala quando eu estava na cadeira do dragão. Eu estava nua, toda urinada por conta dos choques”.

    São muitos os depoimentos, que nos deixam envergonhados, indignados, estarrecidos, duvidando da natureza humana, especialmente porque sabemos que não foi uma aberração, um desvio de conduta de alguns indivíduos criminosos, mas uma política de Estado, que estimulou a tortura, a ponto de garantir a não punição a seus autores, com a concordância e a conivência de muita gente boa “em nome da conciliação nacional”. No lançamento do livro na PUC, a enfermeira Áurea Moretti, torturada em 1969, pediu a palavra para dizer que a anistia foi inócua, porque ela cumpriu pena de mais de quatro anos de cadeia, mas seus torturadores nem sequer foram processados pelos crimes que cometeram: “Uma vez eu vi um deles na rua, estava de óculos escuros e olhava o mundo por cima. Eu estava com minha filha e tremi”.

    Para Nilcea Freire, ex-reitora da UERJ, esse livro significa o “reconhecimento do papel feminino fundamental nas lutas de resistência à ditadura”. Foi o terceiro livro da série “Direito à Memória e à Verdade”, editado pela Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O primeiro tratou de 40 afrodescendentes que morreram na luta contra o regime militar. O segundo contou a “História dos meninos e meninas marcados pela ditadura”. Eles podem ser baixados no site da SEDH: http://www.sdh.gov.br/assuntos/bibliotecavirtual/memoria-e-verdade/biblioteca

    A Folha de São Paulo, que apoiou o golpe e emprestava seus carros para os torturadores, disse que no Brasil teve uma “DITABRANDA”.

    Palavras de um magistrado aposentado na época do lançamento: ”O que fica, do lamentável aresto do mais alto tribunal do país, é a afirmação de que a tortura, amplamente praticada numa fase de nossa História Contemporânea, teve a ressalva de crime politico, razão pela qual os praticantes da tortura foram anistiados. Na verdade, e isto deve ser proclamado com todas as forças, em homenagem ao Brasil de amanhã – a tortura não é crime politico. Nenhuma razão política, nenhum credo, nenhum motivo que se alegue, nenhuma causa de qualquer natureza, nenhuma excludente, nada, absolutamente nada justificou, no passado, ou autorizará, no futuro, a prática da tortura. A tortura é um crime contra a humanidade, é sempre um escárneo à dignidade humana”.

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