Bernardo Mello Franco, hoje, na Folha, vai ao ponto: e o voto?
Se na democracia o voto é a essência, não o detalhe, então, ao tornar-se detalhe, perde-se a democracia.
Lógico, pode haver poder provisório sem voto, e legítimo.
Vivemos isso com a queda de Collor, porque Collor foi um personagem erguido pelos cordéis da mídia e, quando esta os cortou, desabou.
Já ninguém o defendia, e o seu “não me deixem só” foi a legenda perfeita para a imagem do que se tornara.
A legitimidade de Itamar, porém, se construiu com seu silêncio, sua ausência de qualquer esquema conspiratório, seu comportamento contido e honesto.
Numa palavra, a sua decência.
Decência, como o voto, não é só um detalhe.
O voto não é um detalhe
Bernardo Mello Franco, na Folha
Às vésperas da Copa de 1994, o técnico Carlos Alberto Parreira declarou que o gol era só um detalhe. A frase espantou os torcedores –afinal, o gol é o momento que mais importa no futebol. Apesar de Parreira, a seleção conquistou o tetracampeonato mundial.
Na discussão do impeachment, os políticos têm falado muito em cargos, verbas, lealdades e traições. Poucos se lembram do eleitor, que expressou sua vontade nas urnas e agora vive num país paralisado pela disputa extemporânea de poder.
Na democracia, o voto não é só um detalhe. Dilma Rousseff está na Presidência porque foi reeleita por 54.501.118 brasileiros em 2014. Como diz o comentarista, a regra é clara: governa quem recebe mais votos. A interrupção do mandato presidencial é uma punição mais grave que um cartão vermelho. Só deve ser aceita no jogo quando há prova clara de crime de responsabilidade.
O impeachment não pode ser um atalho para chegar ao poder sem o voto popular. Nem por vices que desejam mudar de cadeira, nem por candidatos derrotados nas urnas. Governantes ruins devem ser enxotados pelo povo na eleição seguinte. Este era o caminho mais provável de Dilma e do PT, que cavaram juntos o buraco da recessão.
Nos últimos tempos, passamos a ouvir que o país não pode esperar até 2018. “A economia não aguenta”, repetem os porta-vozes do impeachment. Curiosamente, eles não costumam perguntar se a democracia brasileira aguenta mais uma ruptura do calendário eleitoral.
Seja qual for a decisão da Câmara hoje, um dos piores legados desta crise será a ideia de que o voto não basta. Os próximos presidentes assumirão sem a certeza de que ficarão quatro anos, como estabelece a Constituição. Quando o Congresso quiser, e a maioria do empresariado apoiar, o caminho para derrubar o governo estará aberto. Encontrar uma fundamentação legal, como as pedaladas, será só um detalhe.
8 respostas
Quero ver esses golpistas, vencedores ou não, participarem em um debate pedindo voto àqueles que hohe o roubam, será engraçado, porém triste.
Poxa Brito, mal publicou o texto e já está cheio de trolls da direita comentando aqui. É um saco isso…outro detalhe, textinho fraco desse colunistazinho, o bobinho já declara a derrota do PT em 2018, já combinou com o povo? Ou somente os jornalistas do PIG é que vão votar? Texto fraco e tendencioso, querendo se passar por democrata. Todos que trabalham e aceitam escrever para essa merda de Folha podem ser tratados como golpistas, nada mais a declarar!!!
Murilo, ele não afirma que o PT será derrotado. Ele diz que do jeito que as coisas iriam, dificilmente o PT ganharia. Com a ruptura da democracia, dificilmente esta oposição ganha.
Os psicopatas coxinhas que vêm aqui fazer terapia grátis irão surtar hoje à tarde. Viva a Democracia!
ALERTA DOS ELEITORES marAOS PARLAMENTARES:
Quem trair o voto, NÃO VOLTA!!!
ALERTA DOS ELEITORES AOS PARLAMENTARES:
Quem trair o voto, NÃO VOLTA!!!
Aconteça o que acontecer hoje, seja qual for o resultado, só nós poderemos nos vangloriar de sermos democratas na mais pura essência da palavra. Batalhamos por respeito ao único processo aceito universalmente para a conquista do poder, a DEMOCRACIA. E eles, o que terão a comemorar? Um sórdido e bem tramado golpe contra o Estado Democrático de Direito. É isto que carregarão consigo o resto de suas vidas. De qualquer sorte, nos já somos vitoriosos, temos a grandeza da alma e do espírito.
Realmente, texto mediocre para o momento. O Jornal do Brasil consegue ser muito mais digno e democrata. Dilma dignissima Fica ! Ela e a pessoa mais digna nessa saga medonha e dantesca. Seja qual for o resultado essa grande mulher segurou e segura uma das investidas politicas mais violenta da historia do Brasil. Viva Lulilma e Viva a Democracia ! E, claro, Viva o PT !!! Todos a Rua, Vai ter Luta ! Xo, golpe pestilento !!