Temer mostrou um PEC da Previdência mas protocolou outra, preservando militares

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Laís Alegretti e Rainier Bragon, da Folha, revelam que “o texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) protocolado na Câmara dos Deputados pelo Palácio do Planalto é diferente do material divulgado à imprensa na terça-feira”.

A diferença é, segundo o jornal, “para agradar militares e permitir que eles acumulem aposentadorias e pensões” . E, ainda, para retirar bombeiros e policiais militares das mudanças nas regras previdenciárias.

Nada contra militares, policiais  e bombeiros terem regras específicas.

Afinal, numa reforma em que o trabalhador só poderá ter aposentadoria integral  se, começando a trabalhar aos 18 anos – ninguém vai ser soldado, polícia ou bombeiro antes disso, né? –  quando atingir 67 anos, ninguém pode esperar que essas profissões possa ser exercidas por senhores e senhoras com essa idade.

Mas se isso é justo, porque não é justo para o professor, para o pedreiro,  para o estivador, para o controlador de vôo que zela por nossa segurança e tantos outros?

Eles também, na maioria das vezes, não tem sequer condições físicas para trabalharem no que sabem fazer. Ou um senhor de 66 anos tem como passar oito, nove horas por dia carregando baldes de concreto.

Ou para o trabalhador  rural, que aos dez anos está agarrado na enxada, produzindo os alimentos que nós comemos todos os dias?

Se os militares poderão acumular aposentadorias e pensões, porque uma senhora idosa vai ter de abrir mão da pensão do marido que morreu se quiser receber a aposentadoria de um salário mínimo pela qual contribuiu  por décadas?

Hoje, na entrevista que deu a Paulo Henrique Amorim, o ex-ministro da Previdência de Dilma, Carlos Gabas, destacou que esta reforma é contra os pobre e contra as mulheres:

 (O impacto da reforma da Previdência)  é muito mais forte para as mulheres. A mulher, por todo o conjunto de situações e dificuldades que ela enfrenta na sociedade – discriminação no trabalho, na renda, em casa, parcela de responsabilidade muito maior na criação dos filhos, enfim, uma dupla, tripla jornada… Por isso é que a Constituição previa um tratamento diferenciado para as mulheres. A regra proposta trata todo mundo igual.

Vamos pegar uma trabalhadora de 44 anos que já tinha 29 de contribuição – faltava um para ela se aposentar: ela vai se aposentar agora só aos 65 anos de idade!

 Quando deu a entrevista, Gabas não sabia da mudança que a Folha agora anuncia… Ele chama atenção para o caso dos trabalhadores rurais.

(…)é o fim da aposentadoria do homem do campo. Segurado especial, que é esse atingido pela medida… Quem é o segurado especial? É o pequeno agricultor, que trabalha em regime de economia familiar; o homem, a mulher, os filhos, às vezes um parente que mora junto, enfim, são pequenas propriedades. Essas pequenas propriedades são responsáveis pela produção de mais de 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. As pessoas pensam que o nosso alimento vem latifúndio, mas não vem. O latifúndio produz as commodities, para exportação. O nosso alimento vem do pequeno agricultor. Como é a regra desse pequeno agricultor hoje? Ele contribui com a Previdência, porque quando comercializa a produção, é obrigado a recolher 2,6% do valor dessa comercialização; acontece que, na maioria das vezes, ele não vende direto. A produção dele é comprada por um atravessador. Aí, esse atravessador paga um tributo – que nós chamamos de substituição tributária – à Previdência Social. Então, essa contribuição existe. E ele se aposentava – o homem, aos 60 anos de idade, a mulher, aos 55. (…) as crianças com 10, 12 anos já estão trabalhando. Não é por maldade dos pais; é uma rotina que existe no campo. Vamos colocar que comece aos 15: ainda assim, se ela se aposentar aos 65, vai trabalhar, no mínimo, 50 anos. Sabe o que são 50 anos de sol a sol com uma enxada na mão?

 

 

 

 

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7 respostas

  1. CIRO GOMES AO 247: O STF SE DOBROU A RENAN
    “Estamos em estado de anarquia [pelo ausência de um Judiciário firme]”

    O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta quarta (7), em entrevista ao vivo ao 247, pelo Facebook, que o Supremo Tribunal Federal “se dobrou” ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) ao mantê-lo no comando da Casa, mesmo após a decisão anterior do ministro Marco Aurélio Mello que determinava o afastamento do peemedebista; “Renan responde a 11 inquéritos no Supremo e mesmo assim foi mantido. Hoje, o Brasil não entende por que Cunha foi afastado e Renan não. Eu estou chocado. Argumentaram que a razão para afastar Cunha é que ele estava atrapalhando as investigações. E o Renan não estava? O caso do Renan é pior. Todos os ministros do Supremo são sabatinados no Senado. Então tem que ter maior severidade. O Supremo se dobrou a Renan. Se achou uma saída vergonhosa”, criticou; para Ciro, este episódio “introduz a última variável de insegurança na crise: não contar com um Judiciário firme”; Estamos em estado de anarquia”, disse

    07/12/2016

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/269379/Ciro-ao-247-o-STF-se-dobrou-a-Renan.htm

  2. Na verdade, o Temer deve ter pensado: Esses militares podem sim, me desapiarem da presidencia da republica, cargo que custou minha biografia. Hoje, além de propineiro, sou golpista, traidor,fascista,pilantra e bandido, bem menor do que o Brasil.Militares são como cães ferozes, se lhes der comida. Tudo bem! Pode passar…

  3. … Que tal bater umas panelinhas na porta da mansão do bandoleiro &$ RÉU contumaz ‘RÉUnan Carniceiros’?…

  4. Nem militar, nem trabalhador civil merecem essa reforma da previdência, mas a comparação do Brito tem uma falha: militares, bombeiros e policiais podem trabalhar em serviços internos e burocráticos quando não tem mais idade adequada para ações operacionais (se fosse na iniciativa privada demitiriam, mas em carreiras de estado aproveitam em serviços internos).
    Quero ver é os senhores Temer, Meirelles, Renan, Rodrigo Maia quando ficarem doentes se gostarão de ter como enfermeiras trabalhadoras já com seus quase 70 anos e trabalhando há 48 anos ininterruptos atendendo enfermos. É desumano exigir de uma pessoa que trabalhe em um serviço tão duro por tanto tempo e até esta idade. A pessoa fica esgotada e, por mais boa vontade e generosidade que ela tenha, nem consegue atender com a mesma presteza de uma mais jovem que poderá estar desempregada. Ainda mais em emergências.

  5. Quem aí tira um serviço de 24h consecutivas e trabalha as 09 horas do dia seguinte sem liberação? sem hora extra, sem adicional noturno, sem insalubridade, sem periculosidade, sem chance de comprar uma dispensa médica em uma esquina e não ir trabalhar por vários dias (militar só pode ter seu quadro comprovado por médico militar, então, sem golpezinho que civil tá acostumado a dar a torto e a direita, e se for comprovado o golpe, punição), quem não tem residência fixa, pois sua casa é o Brasil inteiro ( militar é transferido à revelia, a cada 03 anos), não tem auxílio moradia (por que não, tem que tirar em média R$ 1200,00 para pagar o aluguel, na maioria dos locais do Brasil), como construir residência com esse tipo de situação? A pensão para as filhas não existe mais desde 2001. Cansei de ver paisano acertar sua demissão com o patrão para receber seu FGTS (que na maioria das vezes não é baixo) e depois é religado na empresa! Militar fica 30 anos indo para formaturas, missões fora de casa por semanas, e quando vai embora depois destas 3 décadas, recebe a fortuna de 04 salários extras, como “seu FGTS”! Poderia citar outras diversas situações, fora o defender a nação com a própria vida, enquanto a maioria destes civis não se levantam nem para a senhoria para se sentar no seu banco exclusivol no coletivo! Então, menos, menos………

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