Os números são do Credit Suisse, mostrando que o Brasil é o quinto maior índice de desemprego entre os países desenvolvidos ou em desenvolvimento, com uma taxa de 21,2% da população potencialmente ativa.
Ou seja, mais de um entre cinco brasileiros ou estão buscando emprego, ou desistiram de fazê-lo e se ocupam com “bicos” para ter o mínimo para a sobrevivência.
É perto de ser o dobro dos 11,8% registrados pelo IBGE como sendo o desemprego “aberto”, relativo apenas àqueles que procuraram emprego nos últimos tempos.
Como os números se referem ao ano passado, é certo que vai piorar, sem chance de melhora a curto prazo, porque o grau de ociosidade na capacidade das empresas é alto e, ainda que houvesse algum espasmo de recuperação, ele pode ser atendido sem contratações, porque isso – pelo custo que terá caso não se sustente – gera custo para os empresários.
A boa reportagem de Alexa Salomão, no Estadão, destaca o caso do ex-inspetor de qualidade da Mercedes Tiago de Oliveira Souza. Qualificado, na fase mais produtiva da vida (32 anos), Tiago embarcou num dos programas de demissão voluntária achando que poderia viver de outras atividades e nelas progredir. Está vivendo as “corridas” de Uber que consegue fazer, porque tinha algum acumulado, que com os dias se esvai.
Basta ler os jornais e ver quantos PDVs estão em curso, jogando à rua gente experiente, capaz, mas a quem a crise não permitirá estabelecer-se, salvo exceções, como microempreendedores.
Depois esta gente vem dizer que a “falta de qualificação” é a grande inimiga da produtividade no Brasil. Qualificação não vem de oferecimento de cursos profissionais, a qualificação decorre da necessidade de uma economia que produz e gera demanda por saber profissional.
Sem ela, o trabalhador vira um objeto que se quer descartar e que, se ao menos isso coneguir, que viva de “bicos”.
11 respostas
Estamos voltando rapidamente aos tempos sombrios de FHC…
Deve ser algum tipo de recorde a velocidade com que o Governo Temer criou tanto desemprego. Em 2 meses já fez isso tudo, logo após receber de Dilma uma economia pujante…
Dois meses ? O tempo não passa pra Temer ? Mas vamos ser sinceros, a destruição do país começou em 2013, quando o “monstro” foi para as ruas com desemprego em QUATRO POR CENTO. Porque não vão pra rua agora, consertar a cagada que fizeram ? Depois veio lava jato, Aécio, Cunha, o trabalho de destruição foi bem planejado.
Os dados são do 3T16, que começou 2 meses após o Temer assumir…
Pra mim a destruição do país começou quando Dilma resolveu trocar a política econômica vencedora de Lula por feitiçarias Unicampistas…
Antes fosse por Unicampistas.
Acabou trocando por Milton Friedman e as feitiçarias de Chicago.
Mas, ainda assim, discordo que a política econômica plena de Lula pudesse ser aplicada ainda entre 2014 e 2015.
Chegamos a uma reversão profunda no preço das principais commodities de nossa pauta comercial.
Adicionalmente, a produção interna não se expandiria com mais renúncias fiscais a esmo, como começou a se praticar no primeiro mandato dela.
Deveria ter havido mais coordenação pública e até mesmo, um plano de metas, em especial pro setor exportador de manufaturados.
Mas, enfim, tudo isso é apenas wishful thinking diante de um governo sabotado e enfraquecido. Cujas prioridades deixavam de ser pensar o país, mas pensar na própria sobrevivência diante de tamanho bombardeio.
Ela só trocou por Chicago pq já havia visto o tamanho do buraco que estava e tentou dar um cavalo de pau, o que obviamente não dá certo. Foi uma ação de desespero. Não tem como achar que um governo que corta todo tipo de gasto vai compensar um governo que gasta muito mais do que seria prudente. Ambos estão desequilibrados. E a contradição evidente apenas piora ainda mais o cenário…
Saudades da dobradinha Palocci-Meireles!
Gastava muito com as despesas financeiras de amortização da Dívida.
Faça-me o favor.
Não se viu governo que mais se limitou a estancar despesas correntes discricionárias, do que o primeiro mandato de Dilma. Que o digam os setores da Ciência e Tecnologia, os servidores do INCRA entre tantas áreas deficitárias em investimentos mínimos.
Sua relação causa-consequência tem que ser atualizada. O rombo fiscal foi provocado pela insistência nas desonerações fiscais a esmo, fraca coordenação com o empresariado pós-eventos de 2013 e, principalmente, pela crise política que se manifestou pela radicalização da imprensa e oposição ainda em 2014.
Óbvio que, teve também a contenção das tarifas públicas no parque de geração de energia elétrica quando a seca já durava cerca de dois anos no Sudeste, e, acionava as termelétricas de forma intermitente.
Agora, por quase 12 anos obteve-se superávits primários consideráveis. Sem um pio sequer ser ouvido dos odiadores do déficit público.
Ainda mais com uma economia que se financiava pelas commodities valorizadas.
“O rombo fiscal foi provocado pela insistência nas desonerações fiscais a esmo, fraca coordenação com o empresariado pós-eventos de 2013 e, principalmente, pela crise política que se manifestou pela radicalização da imprensa e oposição ainda em 2014.”
Exatamente, meu caro. Essas desonerações foram exageradas. A responsabilidade de Lula, gerando os superávits primários que permitiu ao Governo aumentar substancialmente o salário mínimo (coisa que Dilma não fez), pois o governo não estava com as contas estranguladas. E não, Dilma não gastou muito pagando juros. Nunca gerou caixa para isso. Tanto que a dívida cresceu. Se ela pagasse os juros, ao menos a dívida ficaria estável…
Vitor, não existe dívida pública líquida estável, se o país não cresce. A não ser que, diante dessa crise, o superávit seja gigantesco por um eventual “shutdown” do Governo Central.
Saia desse buraco liberal que enfiaram na sua cabeça.
Simplesmente porque o superávit nominal, para ser alcançado com a atual necessidade de pagamento somente dos juros estratosféricos estabelecidos (pelo lado de despesas correntes), é brutal a ponto de se ter chegado pelo atual governo, à desvinculação constitucional das chamadas despesas obrigatórias (sociais, em especial).
Faça as contas, do déficit em serviços essenciais pelo qual o país sempre passou, e verá no que nos tornaremos daqui a alguns anos.
Lula não fez tanto caixa por causa de uma suposta super austeridade, que Dilma não teria.
A dinâmica da economia externa e das commodities eram completamente distintas, para os países emergentes.
Além do que, Lula não enfrentou uma sabotagem arrasadora por parte do Congresso, bem como de parte da Justiça àquela época.
Não queira que isso fosse reproduzido, com todo o cenário de 2014 e 2015. Ainda que Lula estivesse lá, seria MUITO aquém do que alcançamos.
Meu, tenho notícias espantosas pra você: o golpe aconteceu em agosto do ano passado. Já faz 6 meses. Mas, desde dezembro de 2015, o início do processo, a economia ficou paralisada, investidores estrangeiros caíram fora, e o Brasil afundou. Em 2017, afundaremos muito mais.
Tenho notícias espantosas pra você também: esse número de desemprego é do TERCEIRO TRI de 2016.
Outra notícia: a economia já estava paralisada desde 2014.
Outra notícia: em 2015 e 2016 a economia não ficou paralisada, ela caiu. E muito.
Outra notícia: em 2017 a economia voltará a ficar paralisada, não vai afundar ainda mais.