Os brasileiros que valem menos

A viagem de de Lula a Roraima para ver e agir pessoalmente para amenizar o drama de centenas de crianças yanomami que estão morrendo de subnutrição e intoxicadas pelo mercúrio lançados nos rios pelo garimpo ilegal em seu território deveria ser a grande notícia deste sábado. Afinal, a absurda mortandade de um povo indígena provocada por criminosos atinge foros de um escândalo internacional que não pode continuar oculto.

No entanto, os maiores jornais do país quase ignoram o assunto, que só merece, nas primeiras páginas, dois centímetros no rodapé de O Globo e nada mais.

Nada, para uma tragédia que já contabiliza 570 óbitos infantis. Mas o suficiente para mostrar o extermínio de brasileiros provocado por uma pinça perversa que os espreme entre o abandono e o ataque de gente que foi estimulada ao genocídio das populações indígenas para extrair ouro, a custa de morte e destruição.

Sim, genocídio, porque os que ficaram gritando “Selva!” por quatro anos tornaram exponencial o desastre que esta gente sofreu em nome da “civilização”.

E que quer que este crime fique na penumbra em que sempre esteve.

O gesto de Lula é isso: iluminar esta desgraça, mostrar estas mazelas, para que elas parem de ocorrer e, como os campos de extermínio, provoquem um reação de indignação que os torne inaceitáveis.

Mais que o mercúrio ou a fome, o que mata aquela gente é a indiferença e o desprezo.

Não há brasileiros que valham menos que os outros, esta é a verdade que o país precisa entender.

 

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