“A defesa do presidente Michel Temer estuda questionar a legalidade dos depoimentos de delatores da Odebrecht, incluindo o do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, diz a Folha.
O argumento é que tudo foi produto de “vazamentos”.
O que, até agora, não foi produto de vazamentos, atropelos, delações impostas na base do “ou dedura ou fica em cana”?
Os sites de extrema direita começam a divulgar versões que não se sabe o quanto são fantasiosas do depoimento de Marcelo Odebrecht.
Uma delas, inverossímil até o talo, de que a Odebrecht teria acertado uma ajuda de campanha em 2010 que teria sido paga em 2014.
Curioso é que nada sobre Temer aparece, embora isso seja o centro da questão, porque cassar Dilma, já cassada, é no mínimo um pleonasmo jurídico.
E que o conteúdo do depoimento em relação a Temer não “vaze”, embora já seja de conhecimento público.
Do que vazou, é difícil acreditar que possa ir além do “ela sabia” das contribuições de campanha. Dilma não é Temer e quem a conhece sabe que ela jamais trataria de pagamentos e valores, como fez o vice-presidência.
Mas é vergonhoso como, a esta altura, o sigilo das delações continue servindo a dois objetivos espúrios: o de permitir que se manipule o seu conteúdo e , como faz Temer, usar o segredo de Polichinelo para procurar anular ou protelar o processo até que, em outubro, ele possa ter nomeado três dos sete juízes que irão julgá-lo.
Faça a si mesmo uma pergunta: estivesse você no lugar de Marcelo Odebrecht , a quem você pouparia e sobre que você “descarregaria”?
Pois é.
Só, perdoem-me o palavreado gaúcho, só juristas “cabaçudos” podem acreditar que uma delação premiada seja uma confissão sincera e não um negócio friamente calculado.