João Dória lançou a sua “ração para pobre“, um composto para famílias em situação de carência alimentar e que procurem os equipamentos sociais da cidade de São Paulo.
O produto, diz o G1, será doado pela empresa Plataforma Sinergia, que fabrica o composto a partir de alimentos que estão perto da data de vencimento e fora do padrão de venda em supermercados. Ao que parece, também de restaurantes.
Lançou, claro, com propaganda, dizendo que vai distribuir, em breve, “às pessoas que têm fome em todo o Brasil”.
Nada contra, claro, combater o desperdício de alimentos, nem mesmo em usar produtos próximos à data de vencimento, desde que em perfeitas condições de higidez. Eu próprio compro alimentos e medicamentos em promoção nestas condições, sai bem mais barato. Uma caixa de Atorvastatina 80mg, cujo preço varia de 100 a 150 reais, pode ser comprada a pouco mais de R$ 30, faltando dois ou três meses para vencer e, como tomo uma caixa por mês, não tenho problemas com isso, porque sei que há uma vigilância sanitária que controla lotes e prazos de validade.
Mas a história do Doria Kanin tem muito mais de propaganda do que de informação.
Diz-se que é uma ONG que produz a tal farinata (agora rebatizada de “Allimento”, com dois “l”) mas não se mostra onde e nem como.
Não se mostra como ela é produzida, nem onde, nem quais são as matérias primas empregadas e sua condição de liofilização, que é um processo de grandes exigêncisa técnica, não pode ser feito da mesma maneira para qualquer alimento e é muito caro, pelo alto consumo de energia (aquecimento e congelamento controlados).
O que está sendo usado como matéria prima? Quem a fornece? Em que condições? Quem o controla?Como este processo se remunera?
Nenhum interesse em cobrar e apurar tais informações.
E o que são aquelas bolotas exibidas pelo prefeito? Um estímulo à perda de autoestima de quem tiver de comer aquela virtual “ração de cachorro”?
É lógico que se eu sou um “sobrevivente dos Andes” vou comer as tais bolotas e, até o saquinho que as contenha.
Mas as pessoas – a menos que os coxinhas queiram chamá-las de “luxentas” – têm hábitos alimentares que fazem parte de sua cultura.
A decisão de Doria de lançar um projeto como este desta maneira é reveladora de como ele vê os pobres, ao apresentá-lo como uma ração: os enxerga como cães.
E lambam os beiços.
17 respostas
O colonizador, interno ou externo, extermina culturas pelo boca e pela língua.
É o povo pobre, excluído tratado como gado. E gado, é lógico,tem que comer ração. Ou seria o “admirável gado novo” desse coxinha desumano?
Cabe ao Conselho Federal de Nutrição e ANVISA. O senado de deveria… Xi, esquece senado! Eu ia falar que deveria haver uma comissão ligada aos direitos humanos para investigar isso, mas,o senado perdeu a validade. Muito menos a Câmara dos Deputados , que nem ração se produziria se moer boa parte e fazer coxinhas.
Vinicus KKKK
Para de ser desonesto o que a Pastoral faz é mistura multialimentar o que não tem nada haver com a ração do prefake Paulista. O desinformado aqui pelo visto é você.
Eleitor de Aecio e doravante do Doria ou Bolsonaro.
Não seja ridiculo rapaz
Não se preocupe Marcílio Serrano, esse ouviu o galo cantar, mas não sabe onde, ele acha que a multimistura era produzida a partir de resto de comida. ele não sabe que as partes dos alimentos quer não temos o hábito de consumir, não é resto de comida.
Como sei que boa parte do eleitorado do prefake foi exatamente estes energúmenos que receberão a ração, penso que ela não deveria ser em bolotas , mas distribuídas como supositórios !!!
Se merecem, doria e seus eleitores…
Continuo preferindo ouvir a Rádio Marti Cuba….saludos !!!
Tem que ser uma empresa específica, sem licitação! Entendi.
Requião indignado: “Analfabetos políticos estão destruindo o país”:
https://youtu.be/Uh–3rGseQI
PS – Claro que Dória é um dos exemplos nominalmente citados.
Lembra é o filme Soylent Green estrelado por Charlton Heston. Uma comida sintética feita de humanos recém falecidos.
Concordo com.você nesse post, Fernandinho. Não é porque a pessoa é pobre que deva ser tratada como gado. Esse suposto alimento pode até matar a fome e até nutrir, mas não contribui com a restauração da dignidade humana.
Alisson, a retirada do diminutivo irônico no vocativo ao blogueiro, cujas postagens tanto consomes, também contribuiria para conferir à forma de teus comentários um pouco mais de dignidade, a despeito de qual seja o conteúdo das opiniões propriamente dito.
Diz a fo-lha que são alimentos rejeitados por restaurantes, sacolões e indústria. Esse almofadão ta achando que nós pobres somos porcos. Queria ver ele com acesso somente a essa lavagem como alimento.
Isso é a primeira etapa do projeto, engordar os pobres sem gastar muito.
A segunda é reprocessa-los pra produção de hamburguer, em parceria com os mac da vida.
Vamos fazer uma campanha “leve uma sacola de tomates velhos” nos comícios, para colaborar com a ração. Ovos passados também valem.
O Botox até já escolheu a música para a propaganda que fará na TV (Groubo, é claro):
ADMIRÁVEL GADO NOVO (ZÉ RAMALHO)
Ôôô, boi
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ôôô, boi
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar
Não voam, nem se pode flutuar
Não voam, nem se pode flutuar
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ôôô, boi
Zé Ramalho parece que é vidente. A música cai como uma luva.
O problema da fiscalização apontado neste texto pelo Brito é um problema fundamental dessa proposta.
Outra questão que eu acho relevante é em relação à composição da matéria prima. Foi anunciado que a matéria prima desse produto seria alimentos com data de validade próxima e que seriam obtido em supermercados e restaurantes conforme a sua disponibilidade. Ou seja,a composição da matéria prima depende da oportunidade, do que estiver disponível no momento. Dessa forma a matéria prima torna-se de composição variável e portanto é muito difícil, senão impossível, ter uma composição definida para o produto, dificultando, senão impossibilitando, a identificação do valor alimentar e outros parâmetros essenciais ao controle de qualidade.
Outro ponto fundamental é que por usar produtos com curto tempo de validade, qual seria então o prazo de validade da tal ração. A ração poderia ter prazo de validade superior aos seus produtos constituintes? Poderia ser distribuída e consumida dentro de um prazo de validade aceitável? E qual seria esse prazo aceitável já que não se tem controle da matéria prima empregada?
É função de um prefeito divulgar o projeto de uma empresa específica? O que as autoridades sanitárias e os nutricionistas da secretaria da saúde dizem a respeito do assunto?
“É lógico que se eu sou um “sobrevivente dos Andes” vou comer as tais bolotas e,…”. Pôxa Brito, agora você foi longe, hem? Não dá ideia não, pois esses caras são capazes de ir ao IML buscar “carne” não procurada(indigentes) para “enriquecer a ração.