Diz hoje o UOL, em extensa reportagem, que “tempos piores virão”, porque o “próximo presidente assumirá cargo imobilizado por déficit fiscal e terá mandato ameaçado pelo teto de gastos”.
Escreve o jornalista Aiuri Rebello:
Seja quem for o próximo presidente –também não importando sua orientação partidária nem se é liberal ou conservador–, não terá dinheiro para nada. Pode incluir nessa lista grandes investimentos e também as promessas da campanha eleitoral. A partir de 1º de janeiro de 2019, o principal trabalho do novo ocupante do Palácio do Planalto será gerir uma conta corrente negativa de R$ 139 bilhões, também conhecida como déficit fiscal, e tentar colocar o Brasil para crescer de novo. O novo presidente também assumirá o mandato sob ameaça de cair (…)
Lista, a seguir, “ameaças”: déficit fiscal, os juros da dívida, os custos da Previdência e o teto de gastos, além de um “pacote de bondades” em reajustes de vencimento das carreiras mais bem pagas do funcionalismo. prometido, dado e adiado por Michel Temer para o ano que vem.
É uma obviedade o diagnóstico, mas o tratamento que a maioria dos economistas e dos candidatos a Presidente propõe é de um um simplismo tão imbecil quanto cruel: cortar. Cortar na Previdência, cortar no tamanho do Estado, cortar nos serviços públicos e cortar, claro, na corrupção, como se fosse isso a razão dos déficits e, sobretudo, como se ela fosse acabar por decreto.
Falta, porém, um elemento chave para que tudo possa ser compreendido. O próximo presidente assumirá, mantidas as condições atuais – aquela a que nos levaram a mídia e o Judiciário “morolizado” – com pouco ou nenhum dinheiro nos cofres mas, também, com pouca ou nenhuma legitimidade, escolhido por um processo eleitoral deformado, onde o franco favorito é extirpado da disputa.
O que falta no diagnóstico falta na terapêutica capaz de reerguer o Brasil.
Um presidente, para guiar o país na saída do despenhadeiro da crise precisa da credibilidade e da confiança da população. Está aí Michel Temer para provar que, sem elas, tudo o que se fizer dará com os “burros n’água”.
E uma água que está e estará infestada de crocodilos togados.
E é por isso que, carente de legitimidade, não haverá quem possa reverter nossa situação e é igualmente por isso que os “dream teams” de economistas que os presidenciáveis desfilam aos empresários e eleitores são apenas o prenúncio de pesadelos.
Os “iluminados da competência” gostavam de debochar de Leonel Brizola quando este dizia que “os recursos não estão nos cofres, estão na cabeça dos governantes”. Tal como debocharam de Lula ao dizer, em 2008, em meio à crise mundial, que o “tsunami” se tornaria, nestas bandas, uma “marolinha”.
Nossa classe dirigente não consegue entender que o povo, no Brasil, não é o problema, mas a solução.
13 respostas
Povo não é solução, Brito. Povo é o Único Motivo.
O próximo presidente, se for eleito “dentro do mecanismo golpista”, vai sofrer os mesmos ataques do aparelho fascista. Terá ministros impedidos, aliados perseguidos, invasões, prisões, o que está aí veio pra ficar. Só um presidente legítimo e com FORÇA pra peitar essa gente, pode mudar o curso da coisas.
O filme de terror em que o Brasil se transformou, parece estar só começando.
E ficará cada vez mais fácil derrubar presidentes eleitos. Se conseguiram derrubar facilmente uma presidente que tinha mais de 50 milhões de votos, imagine o que não farão com um zé mané eleito dentro da lógica “democrática” do golpe, que exclui o líder nas pesquisas e garantirá uma eleição com baixíssimo número de votos válidos?
A não ser que vença aquele símbolo máximo da estupidez humana, o pesadelo de qualquer país civilizado, aquele imbecil que se diz militar. Nesse caso não valerá mais regra alguma porque o jogo será no nível Idi Amin Dada ou Papa Doc Duvalier e viraremos Uganda ou Haiti em lugar da tal “venezuelização” que os coxinhas temiam.
Coitado do UOL. Ele pensa que o próximo Congresso será o mesmo que está aí, onde de mais de 400 deputados apenas 72 foram eleitos pelo voto popular.
Coitado do UOL. Ele pensa que o próximo Congresso será o mesmo que está aí, onde de mais de 400 deputados apenas 72 foram eleitos pelo voto popular.
Só Lula teria legitimidade e apoio popular para reverter as medidas que paralizarão o país!
E a espiral deflacionária se manterá, quer por razões da LRF — que já vem do final do segundo mandato de FHC –, quer sobretudo da PEC do Teto, a qual replica no Brasil o cenário vivido na UE, nos chamados PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), com especial acuidade na Grécia, onde após 2010, por motivo de políticas de austeridade impostas pela UE e comparáveis, em processo e efeitos, à PEC do Teto, criaram uma situação de espiral recessiva na qual, mesmo após duas reestruturações da sua dívida pública, o rácio da mesma nunca parou de crescer e que foi uma das razões para o voto pelo BREXIT no Reino Unido. Quem quiser compreender melhor este processo, recomendo, entre outros, a leitura de: BLYTH, Mark. Austerity: The History of a Dangerous Idea. Oxford University Press, 2013. Consultar ainda os trabalhos do professor Steve Keen — o mesmo tem aulas e palestras disponíveis, entre outros, no YouTube. Resumo da história: em geral as políticas de austeridade nada resolveram só criando mais pobreza. Não acreditam? Leiam o trabalho histórico de Mark Blyth que aqui refiro e reflitam sobre o que tem sido o passado da humanidade neste domínio, na reciclagem cíclica de uma ideia que nunca produziu aquilo que prometeu: expansão econômica. Aliás, na UE, após a crise iniciada em 2010, houve mesmo responsáveis políticos que de forma acéfala cunharam um conceito de “austeridade expansionista”, um verdadeiro absurdo que levou à catástrofe Europeia e à quase desintegração da UE.
“Os recursos não estão nos cofres, estão na cabeça dos governantes”. Além do tino político e social de Brizola, essa frase reflete uma verdade básica da economia que qualquer bom aluno de Administração de Empresas conhece. Os orçamentos são coisas relativamente abstratas, ou seja, se você investe adequadamente, com uma visão mais ampla do que o imediatismo, mesmo que esteja acima do orçamento previsto terá uma grande chance de obter retornos muito melhores e capitalizar isso de modo que cobrirá a diferença e terá ganhos adicionais. Se ficar amarrado ao orçamento de maneira pétrea não conseguirá nada além de ficar estagnado ou recuar em termos de retorno. Do ponto de vista político, os atuais “cabeças de planilha” do governo e das campanhas eleitorais só vão aprofundar a recessão enquanto o Brasil continuará a ser fatiado e vendido na bacia das almas. Ninguém pensa no povo, que se tornou ele sim uma entidade abstrata nos projetos defendidos pelos candidatos e pelos mercados.
O grande problema do Brasil é, sempre foi e, pelo visto, para sempre será a classe dirigente.
Proximo presidente deve acionar a AGU e pedir a prisão imediata do Temer e seu quadrilhão, por traição e desmonte do país.
Deve vir em rede de televisão e denunciar tudo que os bandidos fizeram com o país e com o povo nesses dois anos.
No Brasil não funciona mais ser bonzinho, reconciliador e nem republicano.
Qq um que se eleger, só terá condições de governar, se mais que dobrar as composições do stf e do stj. E, obviamente, saber fazer as escolhas certas para ocupar os cargos. Sem “republicanismos” suicidas.
Taí! Vc seria um excelente presidente ou pelo menos uma mente maravilhosa a aconselhar um ótimo presidente como o grande estadista Lula. Mas, até outro mediano que seja nacionalista e inteligente e corajoso o bastante para devolver-nos a soberania do Brasil!
Claro, que é isso mesmo, quem assume qualquer posição de direção de muita responsabilidade, carece de credibilidade, de apoio. No caso de um Presidente da República, na Democracia, somente o crivo do voto, do apoio da população legitima seu mandato. O golpe-impeachment de 2016, nos seus objetivos, onde nunca esteve presente atender as necessidades da população e suas demandas, que não são os objetivos dos neoliberais, pode-se dizer, onde mais falharam foi em pavimentar um caminho para permanecer no poder. Atender somente os objetivos do grande capital, tudo o mais sendo secundário, conduziu o golpe ao impasse de, continuar o discurso enganoso dizendo-se democratas, estando dispostos a disputar o poder no voto, tudo bastante amplificado pela mídia aliada, já que suas ações conduziram ao impasse em que nos encontramos, já que o golpe não tem como continuar no poder através do voto, por mais que ameace com Bolsonaro, regime de força, o que seja. No voto não dá. Seus objetivos de entregar patrimônio público e desestruturar o Estado brasileiro, estão sendo alcançados com o títere, Michel Temer, completamente desacreditado, somente com a caneta que o comando do golpe controla. Não tem porque se discutir quais são as condições da economia, os desacertos que o golpe deixará, ao serem afastados do poder. Tudo está como está, porque nada está centrado nas necessidades da população, e no interesse do país. Agora, a legitimidade passa por Lula, Dilma e o PT, que são os melhores avaliados nas pesquisas de intenção de votos, e além do mais foram os afastados do poder pelo golpe. É um evidente polo, por onde passa a resistência ao golpe. Não há outra possibilidade de se legitimar através do voto sem passar por aí, como mostram as dificuldades, à direita e à esquerda, de alianças partidárias. Cada movimento até aqui realizado, somente indica a possibilidade de alianças com os setores golpistas, mesmo assim sem possibilidades de vencer. É melhor acordar, por esse caminho só há pesadelo e perda de tempo.