A pesquisa Datafolha, sobre o apoio/rejeição a um “tratamento privilegiado” do Brasil às relações com os Estados Unidos quer dizer muito e quer dizer nada, ao mesmo tempo.
Quer dizer muito, porque décadas de “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”, apesar dos 50 anos de martelamento como verdade na cabeça do nosso povo não conseguiram transformar em otários (ou cúmplices) mais do que uma pequena parcela dos brasileiros, os 15% que concordam incondicionalmente com a afirmação.
Ou seja, os que fazem coro à frase do primeiro embaixador do País nos Estados Unidos, após 1964, Juraci Magalhães – cuja alma parece ter reencarnado no projeto diplomático (generosidade chamar de projeto, mas vá…) do entrante governo Bolsonaro – enxergam o Brasil como nada além de um mero caudatário norte-americano.
Boas relações com os Estados Unidos, ao longo da história, sempre dependeram mais deles do que de nós. E foram raríssimos momentos em que tiveram interesse ou boa-vontade em nos dar um tratamento especial que justificasse a recíproca.
Nem mesmo no regime militar isso aconteceu, e não foi á toa que o Brasil acabou firmando com a Alemanha o Acordo Nuclear, ante a recusa norte-americana em nos transferir tecnologia.
Há várias razões para isso, muito além da doutrina do “Destino Manifesto” norte-americano – não por acaso inspiração do Lebensraum (espaço vital) do geógrafo alemão Friedrich Ratzel, que animaria a expansão nazista.
O Brasil não é vetor estratégico para eles em geopolítica, como são no Oriente Médio, Arábia Saudita e Israel e, no Extremo Oriente, o Japão, apesar das limitações bélicas que este ainda herda da II Guerra.
Quando fomos, naquele conflito mundial, para a projeção dos EUA na África e, de lá, para a Europa, a coisa foi bem diferente e Volta Redonda, durante a guerra, e a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, da qual nasceu o BNDES,no início dos anos 50, foram a exceção a confirmar a regra.
Depois disso, só o leite em pó da Aliança para o Progresso, no período John Kennedy.
E é só por isso que um “tratamento privilegiado” aos Estados Unidos por parte do Brasil não quer dizer nada, porque poderia dizer muito, se os EUA aceitassem a ideia de que um Brasil poderoso economicamente lhe seria mais útil do que perigoso.
Não o podem fazer, porém, porque se tornaram, ao longo destas décadas, uma nação predadora.
Consomem energia e recursos minerais em escala planetária, e impõe, seus padrões e hábitos perdulários de consumo – que não podem ser supridos em relações comerciais equilibradas.
Pior ainda no campo financeiro, onde a imposição do dólar como unidade universal de valor transformou os mercados mundiais em apêndices de Wall Street e do Federal Reserve.
O Estados Unidos são o acionista majoritário do mundo, tal como ele está hoje e um acionista que não quer aceitar – do Acordo do Clima aos tratados comerciais que a “empresa” precisa se reestruturar.
Quando isso não acontece, o “controlador” acaba perdendo o controle, diante do que o mercado chama de “ofertas hostis”.
14 respostas
Estou longe de ser um comunista ( o indivíduo sempre será o centro da minha existência),mas,não deixo de ficar pasmo quando vejo as pessoas abrirem seus olhos asombrados e/ou debochados pra minhas afirmações———- “EEUU são o maior ditadura que a humanidade conheceu e os piores atentados terroristas da história foram Hiroshima e Nagasaki”———–
SE DE MEU ACIONAR E PENSAMENTO ELES DEPENDESSEM ,ESTAVAM FERRADOS.
Muito bem lembrado. O lançamento de bombas atômicas sobre as populações civis de Hiroshima e Nagasaki foram os maiores crimes de guerra já perpetrados desde que a humanidade existe.
Recomendo o livro “O Último Trem para Hiroshima”, de Charles Pellegrino, que conta os horrores dos crimes cometidos pelos EUA contra os japoneses, com o Japão já derrotado. Queriam dar uma demonstração de poder e força, inconformados com o papel periférico que tiveram no cenário europeu da 2ª Guerra Mundial.
A pergunta que sempre faço pra eles é,—-por que vc acha que os EEUU tem uma máquina de guerra espalhada pelo mundo ? acredita que é pra que seja melhor??????? ——valeu a dica!
Estados Unidos nunca foram boas referências para mim. É coisa natural essa minha ideia. Hiroshima e Nagasaki …. terrível. Mas o que faz o Japão hoje com relação ao tio sam ?
“Os maiores vem à frente,
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente,
Vêm atrás, como na vida…”
Vinicius de Moraes, “A Arca”
Também nunca entendi este conformismo dos japoneses diante do crime de guerra do qual foram vítimas. Teriam que tê-lo denunciado em todas as instâncias internacionais desde o final da 2ª Guerra Mundial.
Sou a favor do rompimento das relações diplomáticas com o Grande Satã.
#LulaLivre
O problema é que não existe mais comunismo. E a extrema direita substituiu o fervor apaixonado que trazia contra o comunismo pela adoração apaixonada a um Estados Unidos que também já não existem. Uma miragem, um idealismo que eles colocam acima de qualquer coisa: Brasil, Deus, Patriotismo, Família e Vizinhança.
Sugiro que esses 66% tentem o “Reclame Aqui”, pra ver se conseguem um recall.
Agora Inês é morta, o Monstro foi eleito com uma agenda e por aqueles a quem essa agenda interessa.
Da próxima vez VOTEM com o cérebro e não com o …
Isso mesmo , Antônio. Da próxima vez votem com o cérebro e não com o pinto, ou mais apropriadamente para a maioria dos bolsomínions: pensando no pinto.
Nesses 66% se incluem o vice presidente general Mourão….Uma coisa é campanha eleitoral e outra é a dura realidade. Será que a turma do agronegócio (que apoiou Bolsonaro), vai concordar em trocar a China pelos EUA e cometer suicídio comercial???Daqui pra frente entra em jogo as leis economicas, e o cenário economico externo que se prenuncia para o próximo ano é de turbulencias….Se Bolsonaro não souber navegar nesse mar revolto, vai afundar antes que o ano acabe.
Costumamos nos chocar – e com razão – com as consequências do nazismo, mas provavelmente o imperialismo norte-americano seja o maior fator de mortes, destruição e golpes de estado nas últimas décadas. Há muito a respeito na rede. Permitam-me sugerir duas matérias recentes
https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/375355/EUA-gastaram-US$-59-trilhões-e-mataram-500-mil-desde-o-11-de-setembro-diz-pesquisa.htm
http://www.voltairenet.org/article204022.html
Depois dos sucos de açaí, goiaba e laranja, tudo indica que teremos que beber um suco de abacaxi com casca do capitao. Mas não será por muito tempo. Vamos jogar fora o suco de abacaxi – porque os outros nós já engolimos – as cascas e o próprio capitão. Eu faço questão de ficar aqui com cara de paisagem só esperando acontecer.
Soube que o Queiroz vai ter que passar por uma cirurgia de urgência conforme foi informado pelo MP. Se eu fosse ele ficava de olhos bem abertos. Vai que ele não sai vivo dessa, né mesmo.