Lauro Jardim, em O Globo, levanta uma situação tão evidente quanto estarrecedora.
Sérgio Cabral, noticiam os jornais, confessou que recebeu propina da Odebrecht nas obras do Maracanã e da Linha 4 do Metrô.
Só que na sua “megadelação” a Odebrecht não incluiu o governador e os seus apanhadores de dinheiro entre os que teria corrompido.
Sérgio Cabral roubou dinheiro das mais variadas fontes, nenhum interesse teria em incluir a empreiteira entre seus “benfeitores”.
Mas levanta, diz Lauro, a suspeita de que o “vamos contar tudo” de 78 executivos da Odebrecht não era bem assim.
Os agrados a Cabral nunca entraram no seu “listão”, aquele que distribuiu lama aos quatro quadrantes da República.
Embora seja fácil supor que a empresa falou o que queria ser ouvido, legalmente isso nem importância tem.
Pelo mesmo princípio aplicado pela PGR ao caso Joesley Batista – Ricardo Saúd, omitir informações em delação premiada é motivo para pedir a anulação, no mínimo, dos acordos firmados em função dela.
Acontece que, hoje, a não ser quando atinge, como naquele caso, a “cozinha” do Ministério Público, delação é incontestável.
Mesmo quando, como neste caso, fica evidente que ela foi seletiva.