Cem dias sem governo

Fábio Fabrini, na Folha de hoje, antecipa o que teremos, na quarta-feira da próxima semana, quando se completaram os 100 dias que o próprio Jair Bolsonaro estabeleceu como prazo para que aparecessem os resultados de seu governo.

Não seria difícil: afinal, o país estava há dois anos sem um, desde que o senhorr Michel Temer faleceu na gravação do “tem de manter isso” com Joesley Batista.

Nem assim.

A impressão generalizada é que, como diz Fabrini, o país se tornou uma usina de factóides, que ele lista, com muitas ausências.

Agora, Bolsonaro antecipou sua volta ao Brasil para, supostamente, entregar-se à negociação da reforma previdenciária.

Corre o risco de fazer desandar a trégua que Rodrigo Maia lhe concedeu. Afinal, como na tirada de Romário, Bolsonaro calado é um poeta.

Governo Bolsonaro virou usina de factoides

Fábio Fabrini, na Folha

Jair Bolsonaro está perto de completar cem dias de governo sem alcançar metas para o período.

Na saúde, prometeu ampliar a cobertura de cinco vacinas, mas as campanhas de imunização não ocorreram.

Medidas econômicas para facilitar o comércio internacional empacaram por falta de ambiente tributário.

O Itamaraty compromete-se a baixar tarifas do Mercosul. Ainda falta, porém, combinar o jogo com argentinos, paraguaios e uruguaios.

Se falta ao presidente e seus ministros eficiência para essas e outras missões administrativas, eles têm mostrado talento de sobra para fabricar polêmicas baseadas em premissas falsas ou fatos inexistentes.

Quase que semanalmente Bolsonaro e sua equipe elegem um cavalo de batalha sem vínculo com as prioridades do país e dele se ocupam.

Já se lançou suspeita sobre o valor pago pelo Ibama no aluguel de carros. Descobriu-se que o contrato gerou economia e tinha OK do TCU.

Na Educação, o que o ministro Ricardo Vélez produziu de mais expressivo foi uma Lava Jato de estimação, que mira desvios em programas.

Bolsonaro defendeu a iniciativa. Semana passada, Vélez admitiu que não há fato concreto a ser apurado.

O presidente estigmatizou o carnaval no episódio do golden shower.

Dias atrás, negou a história e declarou que não houve ditadura militar. Seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tirou da manga outro embuste ao contrariar o consenso acadêmico e defender que o nazismo era de esquerda.

Produzir factoides em série desvia a atenção popular dos desafios reais do governo e só cumpre o propósito de escamotear a já demonstrada inépcia do presidente e seus auxiliares para as funções que exercem.

Bolsonaro embarcou para Israel deixando uma desordem, criada por ele próprio, na articulação política. A economia continua estagnada, a reforma da Previdência faz água, o desemprego sobe, mas a tendência é que se invente mais uma parlapatice diversionista para tirar o foco de tudo isso que está aí.

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12 respostas

  1. E, pelo visto, afora os mimos para com EUA e Israel, nosso presidente não faz nada mais que viajar, passear, fazer cenas de cristão, compras, e, com seu filhote – que deveria estar trabalhando – vão às compras, trazem seus brindes, e voltam como se se sentissem muito importantes pelos afagos de Trump e Netaniahu. Pouco lhes importa se a inflação está subindo, o PIB é uma merda, ou a Educação e a Saúde caminham em decadência, ou, ainda, se para umas vaguinha de emprego em SP afluíram ao local mais de 15.000 brasileiros esfomeados e inadimplentes.
    Vamos brincar de ser presidente, e vamos viajar, passear, conhecer o mundo, enquanto presidente.

    1. Má notícia.
      Tudo ainda pode, e, com certeza, vai, ficar muito, mas muito pior.
      E nem precisa esperar até que amanheça um novo dia. O Bozo não descansa nem dorme em sua epopeia de imbecilidades!

  2. A esquerda precisa manter o foco. Diivulgar um programa com o básico que a maioria espera de uma nova política e ficar cobrando. E por que não há ainda nenhum pedido de impeachment para o Presidente? Mudou a lei, ou a improbidade praticada, a quebra de decoro e o descumprimento da Constituição que ele jurou ainda não são suficientes?

  3. A massa retardada ainda acredita que Dilma caiu porque a situação económica era “caótica” .
    Assim fosse este imbecil não devería ser “impichado” ,o caminho sería ir direto ao paredão.

  4. Sem dias de governo. Cem dias de factóides, mandos, desmandos, bravatas, disse-não-disse, passeios constrangedores, pesadelos diplomáticos, vestimentas patéticas e tweets… muitos tweets. Cem dias de governo desarticulado, economia estagnada e desemprego em alta. Mas importante é que tiramos o PT, como berrou o meu vizinho no dia da eleição, anunciado o fatídico resultado. Mas veja, temos tweets, muitos tweets… tweets pra dar e vender.

  5. É preciso q junto com o circo, o imperadorzinho de o pão, caso contrário a fórmula não funciona. Cansei desse pais.

  6. Olha, o que eu quero ler nos jornais é uma autocrítica real.
    Só se resolve assim:
    Façam matérias confessando que protegeram o embuste Bolsonaro e igualaram por ódio ao PT um professor da USP, qualificado, experiente, que tem um currículo excelente, na prefeitura de SP e no MEC com este idiota que tá na presidência.

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