O cidadão colocado à frente do Ministério da Educação, Abraham Weintraub, ao anunciar que vai estender a todas as universidades federais o corte de 30% de seus recursos que anunciou ontem para as três – UNB, UFF e UFBA – que, segundo ele, “faziam balbúrdia” deveria estar dando, para os que ainda se iludem, uma lição sobre a entronização do arbítrio como forma de governar.
É claro que Weintraub tomou a atitude por uma ideia tacanha de autoproteção, pois lhe seria difícil, frente a ações judiciais, justificar o corte seletivo à base de declarações despropositadas como aquela. A solução “genial” foi, claro, universalizar o corte como forma de torná-lo “democrático”, certo?
Se tal ou qual universidade é um centro de excelência, se tem pesquisas avançadas, se desempenha um papel importante no desenvolvimento científico e tecnológico, “não vem ao caso”.
É apenas, como já se disse ontem aqui, uma desculpa para o desmonte da educação superior e para a abertura de mercado para o ensino privado. Como?
Simples: sem quase um terço dos recursos, a solução natural de sobrevivência é “enxugar cursos” e reduzir o número de vagas. Totalmente ineficiente – afinal, as instalações e o corpo docente já estão lá e serão utilizados abaixo de suas capacidades mas, com menos gente, reduz-se custos de manutenção, que é onde resta a cortar: luz, água, limpeza, materiais, etc…
Mas há pior.
O primeiro foi o anúncio que se mutilaria o ensino de Ciências Humanas, supostamente em favor de cursos que “gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”, como tuitou o presidente. Deixo de lado considerações filosóficas sobre esta suposta contradição entre os ramos do conhecimento – que um insuspeito de qualquer esquerdismo, Delfim Netto, desmonta hoje na Folha, no artigo Direitismo cultural – e trato o assunto de maneira, perdoem-me por isso, unicamente contábil.
Os cursos mencionados pelo presidente têm um custo muitíssimo maior que os de Humanas, em geral. Deixemos que o próprio “mercadismo” explique: quantas vezes mais cara é a mensalidade de um curso de Medicina ante um de, digamos, História. Dez, doze? Como se trata de um problema objetivo, significa que se fechariam, para abrir uma vaga dos cursos “eleitos” por Bolsonaro, sete, oito, dez outras nos que ele maldiz.
Mercado aberto para os interesses privados, está claríssimo.
Nem falo na perda de conhecimento, até porque nenhum dos conhecimentos científicos “duros” se faz sem a necessária base de história, de filosofia e de outros ramos do saber, para que possa gerar qualquer coisa que não seja a simples repetição. Porque situar e especular são duas das essências do conhecer.
Há ainda pior: invocar o ensino básico, como fez num vídeo, para dizer que é muito mais cara uma vaga universitária do que uma em creche, o Sr. Weintraub mostra que sua capacidade cognitiva parece mais adequada à segunda que à primeira. Falta-lhe, para ficarmos no campo das “Exatas”, a capacidade de compreender que não se compara coisas de qualidades diferentes.
O argumento puramente aritmético levaria, segundo o próprio transtornado raciocínio – hoje estou generoso para chamá-lo assim – de que, se uma vaga universitária média extinta permitiria abrir 30 vagas em creches, como ele diz, uma vaga nos cursos que o sr. Bolsonaro diz que “compensam” daria para abir 150 ou 200 vagas em creches.
O ensino pré-escolar é, óbvio, uma necessidade de sociedades urbanizadas, onde a “infância em casa” – muito embora eles sejam adeptos do “homeschooling” – tornou-se uma impossibilidade, seja pela necessidade de trabalhar, seja pela perda dos espaços e relações de convivência disponíveis.
Mas nada tem a ver com as necessidades de uma Nação em formar – como formaram todas as que se desenvolveram – camadas sucessivamente de profissionais e de estudiosos num mundo onde, cada vez mais, aprender a repetir o consagrado é insuficiente para o progresso social e econômico.
O sr. Weintraub, como disse aqui ontem, é pior do que seu antecessor, Ricardo Vélez. Este era um tosco indisfarçado. O Sr. Weintraub teoriza sobre sua própria estupidez.
17 respostas
VAGABUNDO DESEQUILIBRADO E DESQUALIFICADO.
PQP !
Hoje vc está muito generoso.
SUPER-VAGABUNDO E SUPER DESQUALIFICADO!
IMBECIS BOSÓS NUNCA VÃO ENTENDER QUE AS CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS, ENTRE OUTRAS, SÃO APENAS VERTENTES DAS CIÊNCIAS HUMANAS COMO A FILOSOFIA, A HISTÓRIA, E A SOCIOLOGIA ENTRE OUTRAS!
NA VERDADE, ESTAS OUTRAS CIÊNCIAS QUE PRATICAMOS, NA MAIORIA DOS CASOS, SERVEM PARA TENTAR ENCONTRAR AS RAZÕES FILOSÓFICAS DA EXISTÊNCIA HUMANA…
BURRICE MAIOR É NÃO SABER QUE A FILOSOFIA DELIMITA O ESPAÇO DA CIÊNCIA!
VIVA ARISTÓTELES! VIVA POPPER!
Sergio Cabreira.
Pesquisador.
Como você mesmo disse no artigo de ontem, Brito, Weintraub não é burro, mas criminoso: sabe muito bem a quem deseja atingir com o discurso de “realocar” as verbas da Educação.
Inaceitável! É a palavra para esse desgoverno, para esta agressão continuada contra tudo e contra todos.
Quem cala consente. Quem fica inerte ACEITA!
Primeiro passo para a ação: ORGANIZAÇÃO. Procure a organização que lhe seja mais próxima (associação, movimento, sindicato, partido).
E PARE DE ACEITAR O INACEITÁVEL.
É hora de agir. Basta de tanta inércia!
TRASTE sionista!
O Bolsonaro e o terrorista fundamentalista Weintraub , não são seres humanos, eles são mutantes, FREAKS. ,possivelmente gerados a partir de fezes humanas ingeridas por algum animal infectado por radiação nuclear.
Acho muito estranho que eles ainda não estejam em algum Circo de Aberrações,recebendo bolinhas de pão dos que passam na frente de suas jaulas imundas.
Um governo de mentacaptos
Em breve os movimentos estudantis vão colocar esse esterco pra correr. Movimento estudantil costuma começar já em tsunami não em uma marolinha ou onda, aguardem.
Eu não estou mais aguentando. Cresce no governo Lula e Dilma, mesmo em maiores dificuldades havia uma decência, uma responsabilidade social e política.
Essas pessoas não são só desqualificadas, são ignorantes. Cortar investimento ao invés de aumentar, ser um governo contra a classe popular no ensino superior é maldade.
Quem causa angústia, incógnitas, faz pessoas perderem o sono com um sonho cada vez mais difícil por meios externos não é o presidente ou esse arrombado aí. É quem votou. Não consigo perdoar esses, jamais perdoarei.
Taí uma boa hora pra avalanche de reações acadêmicas.
O Vélez era um asno sem iniciativa. O Weintraub é um burro com iniciativa…
O maior feito desta criatura foi substituir o termo reacionário “baderna” pelo termo reacionário “balbúrdia”. Certamente vai merecer o título de Homem do Ano pela Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos, por esta grande contribuição à semântica golpista.
Nossa! Que texto luminoso e esclarecedor, indutor de reflexão. Achei que, com o Velez, tínhamos chegado ao fundo do poço. Mas, como diria o mesmo Delfim, em outra análise cruel há 30 anos, “o fundo do poço está afundando”!
Porque se discute logica diante a fala de um idiota, não não é idiota, esse somos nos, mas uma fala com objetivo óbvio e não é brincadeira. Nada mais do que abrir mercado para o privado neste file ainda controlado pelo público. solução? desobediência civil já, fim desse desgoverno. Coragem de parar pra não piorar.
Vai ver que Abrão é apenas um dos milionários judeus existentes aqui em nosso País. Será que essas ações não estão a serviço de seus interesses? Os laços do Homi com Israel já se mostraram sólidos desde aquele discurso em campanha, quando, na Hebraica, foi aplaudido por menosprezar e humilhar a raça negra. Quem diria! Judeus batendo palma em favor do racismo.
Enfim, ouvindo algumas músicas de protestos dos tempos de chumbo, senti fundo a realidade, que me deu esperanças. Nos anos 60, quando a gente só cantava a liberdade, e a volta dos bons tempos, parecia que cantávamos a utopia literal. Mas que nada! PERDER AS ESPERANÇAS, JAMAIS.
E se tirarem ele vem outro pior. E se tirarem o outro pior vem outro outro pior.