A ‘turma da bufunfa’ já não espera muito do “mito”

Dois colunistas importantes da grande mídia, de posições muito dizersas, observam, hoje, o mesmo fenômeno: a queda da confiança – que caminha para a rejeição – do grande capital em relação a Jair Bolsonaro.

Elio Gaspari ironiza a  tese de que, “uma vez aprovadas as reformas do ‘Posto Ipiranga’, a economia brasileira entrará num ciclo virtuoso” e que haveria ” há bilhões de dólares esperando o sol nascer para jogar dinheiro no Brasil”.

Janio de Freitas, depois de passar em revista ao espetáculo da suposta “moderação” do presidente e do sabujismo vergonhoso dos presidente do STF e da Câmara, diz que “a figuração das mudanças na Previdência como chave para uma grande virada é engodo. E seus propagadores sabem que aí não há milagre algum”.

(…)os bolsonaristas do poder econômico (sim, é redundância) começam a assustar-se, ainda mais com as perspectivas do que com a má atualidade. Por ora, pacificam-se na sua catedral, a Bolsa. Não falta muito, porém, para que se sintam premidos a liberar as palavras ainda retidas em ambientes restritos, como fizeram em ocasiões passadas. 

Ambos, com seus olhares diferentes, enxergam o obvio: não há grande disponibilidade de financiamento externo num momento de incertezas sobreo futuro da economia mundial, o Brasil deixou de ser atrativo para o capital, não há projeto interno de desenvolvimento, não há perspectiva para melhor o crédito, a produção e o consumo e, afinal, temos um governo que não se ocupa disso.

Ou que, no máximo, promete fazer alguma coisa “depois que aprovar-se a reforma”, o que, além de uma chantagem monstruosa, é uma promessa falsa, por não haverá, no curto prazo, geração alguma de recursos ou redução do déficit que libere dinheiro para investimentos públicos ou financiamento de investimentos privados.

Seguem ávidos pela reforma da Previdência não poque vá resolver nossos problemas econômicos, mas porque faz levar mais algum para o mercado de capitais, embora o vá retirar do mercado real, onde se produz, se vende e se compra.

Os economistas da turma que vive repetindo lições sobre como deveríamos “fazer o dever de casa” e a comparar, simploriamente, a economia de uma imensa nação com o orçamento doméstico, bem poderia se perguntar o que acontece com uma família que, há anos, corta despesas com sua própria sobrevivência, mas em momento nenhum cuida de aumentar sua renda.

Crescimento econômico, no Brasil, não é só um condicionante de desenvolvimento, é de sobrevivência.

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11 respostas

  1. URGENTE: Se alguém conhecer o Corregedor Nacional de Justiça fala para ele que o capitão está tentando usá-lo para dar a impressão que poderá contar com o apoio dele para proteger seu filho Flavio das investigações e de eventuais decisões judiciais. Depois de chamá-lo ao Planalto e levar o filho ao encontro com ele, o capitão simplesmente resolveu jogar para a platéia a indicação de um evangélico para o STF. Esse evangélico é o Corregedor. Ele quer iludi-lo ou comprá-lo na cara dura. Isso compromete não só o corregedor mais também todo o poder judiciário. Esse recado vai para o Corregedor se ele for um evangélico honrado. Porque se ele estiver disposto a deixar o capitão usar sua influência para proteger o filho a troco de uma vaga no STF ele é da mesma laia dele e estou perdendo tempo em alertá-lo. Espero que o MP e a magistratura do Rio de Janeiro sejam aguerridos e não se deixem intimidar. Temos um louco mau caráter governando o Brasil.

    1. Muito Bem ,estava coletando informações sobre o “tarzim”e não sabia ser evangélico,aliás;isso me passou desapercebido,grato!

    2. Entendi que houve uma reunião entre os três, então, se há essa intenção, ele já está sabendo. E, a jogada para a plateia, mostra que está tudo acertado.

  2. Esses jornalistas já estão antecipando o que todos já sabemos. A reforma da previdência será um fracasso retumbante; veja o contra-senso: querem aprovar o assalto aos pobres e aposentados de 1,2 trilhões e ao mesmo tempo liberar o FGTS e PASEP (30 bi)só se for aprovado o roubo. Esse dinheiro do é para dar um voo de pintinho e dar argumento à velha mídia, patrocinadora do assalto de que a reforma está dando resultado. O povo tem que entender que não se pode trocar trinta bi a vista por 1,2 tri por dez anos. Em alguns países que fizeram (poucos se meteram nessa encrenca) ou voltaram atrás ou o custo inicial da transição foi multiplicado por dezenas. Argentina e Chile são exemplos. E aí povo brasileiro? Vai deixar a reforma passar?

  3. O “rapa” na grana da previdência talvez fosse operado tranquilamente apenas se o país ainda estivesse com um mínimo de equilíbrio. Mas depois de mutilado pelos incessantes ataques de abutres, o país está, por instinto de preservação, a recuar para modo de sobrevivência, no qual os ouvidos se fecham automaticamente aos cantos das sereias, que já não fazem efeito para seu povo. O país in totum está prestes a perceber inconscientemente, o que é mais forte que conscientemente, que não pode permitir que devorem suas estruturas mais vitais, ou não terá mais sequer uma plataforma de esperança onde possa respirar para curar suas feridas. Os abutres, cegos pela euforia alimentícia, quiseram demais, e toparam agora com uma muralha de ossos. Não podem mais continuar, e correm o risco de serem desmascarados.

  4. “Os economistas da turma que vive repetindo lições sobre como deveríamos
    “fazer o dever de casa” e a comparar, simploriamente, a economia de uma
    imensa nação com o orçamento doméstico, bem poderia se perguntar o que
    acontece com uma família que, há anos, corta despesas com sua própria
    sobrevivência, mas em momento nenhum cuida de aumentar sua renda.”
    Esta foi campeã.
    Gostaria de ver estes economistas de banco e da globonews que infernizam o Brasil responder a esta pergunta.

  5. Grande parte dos empresários brasileiros são mais sonegadores que competentes. Isto explica a repulsa que tem do PT. Esqueceram-se que para sonegar é preciso faturar, logo com a economia parada roem as unhas. Incompetentes corruptos.

  6. Relendo O Midas moderno, o Rei do Toque de Ouro (e completo eu) das Orelhas de Asno

    “[A lenda do Rei Midas] é um conto simples, mas, para o mundo, resulta muito difícil compreender todas as lições morais que essa lenda encerra.

    As questões econômicas têm sido tratadas quase sempre de um modo confuso e isso é mais certo agora que em qualquer época anterior. O que ocorreu (…) neste terreno, é tão absurdo que custa crer que os governos estivessem formados por homens adultos e que não viviam em manicômios. [E] para remediar esta louca situação se encontrou um louco remédio. (…) Resultado: depressão, miséria, fome, ruina e toda uma cadeia de desastres.

    Aonde quer que uma minoria adquira poder sobre uma maioria apoia-se para isso em algum tipo de superstição com a qual domina a maioria. Em nossos dias a Finança depende da nossa supersticiosa reverência em relação [à ela]. O cidadão comum fica mudo de espanto quando escuta [os especialistas] falar em aumento ou diminuição das reservas, emissão de dinheiro, inflação, deflação e todo tipo de jargão restante. Sente que qualquer um que fale com suspeitosa facilidade de tais assuntos deve ser muito inteligente e, por essa razão, não se atreve a questioná-los. Esta situação de injustificado respeito por parte do público em geral é exatamente o que necessita a Finança para que a democracia não lhe ate as mãos.

    A Finança possui ainda, muitas outras vantagens em suas relações com a opinião [pública]. Sendo imensamente rica, pode fundar universidades e assegurar que a parte mais influente da opinião acadêmica esteja submetida a ela. À frente da plutocracia, a Finança coloca-se como o chefe natural de todos aqueles cujo pensamento político está dominado pelo medo ao comunismo. Possuidor do poder econômico pode distribuir a prosperidade ou a ruina a nações inteiras conforme lhe convenha.

    Mas duvido que alguma dessas armas resulte mais eficaz sem a ajuda da superstição. É um fato surpreendente que apesar da importância da economia para qualquer homem, mulher ou criança, a matéria quase nunca seja ensinada nas escolas e mesmo nas universidades somente uma minoria estude economia. Além disso, esta minoria não aprende estas questões como as aprenderia se não tivesse interesses políticos em jogo. Existem algumas poucas instituições em que se ensina sem essa finalidade plutocrática, mas são muito poucas; em geral o tema se ensina quase sempre para glória maior do status quo econômico. Imagino que tudo isto deve estar relacionado ao fato de que a superstição e o mistério são eficazes para os que detêm o poder financeiro.

    Nas finanças, como na guerra, quase todos aqueles que têm capacidade técnica tem também propensões contrárias aos interesses da comunidade. Nas conferências de desarmamento os expertos militares são o obstáculo principal para o seu bom êxito. Não que tais homens sejam desonestos, apenas que suas preocupações habituais os impedem de ver em sua justa perspectiva as questões relativas aos armamentos. Exatamente o mesmo ocorre com as finanças.

    Quase ninguém sabe nada sobre elas, exceto aqueles que se dedicam a ganhar dinheiro do sistema atual, e que justamente por isso não podem adotar pontos de vista totalmente imparciais sobre ela. Seria necessário, para resolver essa situação, que as democracias do mundo tomassem consciência da importância das finanças e buscassem a maneira de simplificar seus princípios para que fossem amplamente compreendidos. Temos que admitir isso não é fácil, mas não creio que seja impossível.

    Um dos impedimentos para o êxito da democracia em nossa época é a complexidade do mundo moderno, que torna cada vez mais difícil para o homem e a mulher comum formar uma opinião inteligente sobre questões políticas e mais ainda decidir quem é a pessoa cujo juízo especializado merece maior respeito. O remédio para este mal está em melhorar a educação e encontrar modos mais fáceis de entender e de explicar a estrutura da sociedade que os empregados atualmente. Todo aquele que acredita em uma democracia efetiva deve estar a favor dessa reforma. Mas quiçá talvez não existam mais adeptos da democracia…”

    Fim de citação.

    Essa colagem adaptada de um texto famoso não está tratando do processo conhecido atualmente como financeirização, nem sobre as causas, os efetos e os remédios utilizados para combater as crises financeiras que começam em 2008, tampouco da destruição da economia brasileira com o Golpe de Estado de 2015/16. Mas bem poderia. Este texto foi escrito pelo filósofo e matemático inglês Bretand Russel nos primeiros anos da década de 30 do século passado, tratava da mistificação e da confusão de ideias que começava a tomar conta e a governar o mundo naquele momento em que o fascismo passa de simples movimento político extremista a partido político no poder de muitos países.
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