Longa reportagem no El País conta como a mera atitude de afastar do serviço de rua os policiais que atuaram na noite fatídica onde nove adolescentes morreram pisoteados na comunidade de Paraisópolis provocou reações hostis dentro do extremismo de direita, capitaneadas pelo próprio filho do Presidente, Eduardo Bolsonaro, que exigiu que se culpem “os bandidos” e “a população, que não coopera com as autoridades” pela tragédia.
Já havia dito aqui, desde o primeiro post que fiz sobre a tragédia que o caso tinha cheiro de uma ação de vingança de grupos policiais, mais de que alguma ordem destrambelhada de João Dória.
O que está acontecendo é que os governos – muito até com prazer – tornaram-se reféns dos mecanismos de repressão.
A ordem de “mirar na cabecinha” de Wilson Witzem é, além de uma tirada demagógica, uma sinalização de que o governo não assumirá uma política sistemática de redução do poder e da letalidade policial e pouco ou nada fará quando ela ficar tão evidente que não se possa escapar de que gere consequências, como no caso da menina Ághata.
Jair Bolsonaro, além de cuidar para que PF seja fortemente controlada pelo grupo “morista” de Curitiba, cuidou também de arranjar um contrapeso, o Procurador Geral da República, que não é “morista” e dica sendo o outro prato da balança do partido da responsabilização dos atos do Governo.
Não foi à toa que ele referiu-se às escolha do PGR como a segunda peça de mais importância do tabuleiro do poder.
5 respostas
Pit Bulls devem ser mantidos na coleira. São imprevisíveis, e nunca se deve dar a eles plena liberdade com gente inocente por perto.
A polícia sempre foi um perigo quando usa seu poder para seus próprios interesses.
O exemplo extremo é a Bolívia, em que a instituição foi protagonista do golpe e as altas patentes das FFAA e o Congresso vieram a reboque.
O exemplo do nosso dia a dia pode ser contado por qualquer advogado criminalista: Ao fazer o inquérito a polícia condena ou inocenta qualquer um.
Faz um inquérito bem feito quando quer.
Quando não quer, colhe mal as provas, não as colhe, perde prazo, pede mais prazo, fabrica provas, adúltera provas e perícias. Taí o Lula que o diga.
No caso específico de Paraisópolis o que houve foi uma expedição punitiva para vingar um sargento morto no local: como uma tropa de mais de 36 praças sai de uma Organização Militar sem um oficial? Este número equivale a um pelotão que é comandado por um tenente.
O Dória e o Comando da PM estão escondendo este motim para não passarem recibo de incompetência.
Excelente artigo
Demos vários exemplos históricos onde a criatura destruiu o criador.
O problema que para se sair desse ciclo vicioso, com esses esparros fracos transvestidos de governos, muitas vidas serão ceifadas, e não vejo como quebrar o processo sem uma guerra civil e/ou radicalismo de oposição
A maioria dos meganhas são marginais frustados que não conseguiram sucesso em suas profissões criminosas,e aí se alistam na PM para dar vazão aos seus instintos.. Essa opinião não é só minha não, A psicologia responde também assim.
500 mil PMs nas ruas do país. E podemos incluir os 327 mil das FFAA. Todos servindo os ricos!
Que M , hein? E as milícias?