Operação “Faz de Conta”

Miriam Leitão, em O Globo, conta o que (não) aconteceu na “discussão” sobre teto de gastos, ontem, no Palácio da Alvorada, que terminou com aquelas falas protocolares de Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, todos jurando fidelidade ao teto de gastos orçamentário e à austeridade fiscal.

Não era preciso que os amigos da colunistas descrevessem o que todo mundo já sabia se tratar de uma “Operação Faz de Conta” , o que chamei, antes de acontecer, de “um bilú-bilú” em Paulo Guedes.

Diz Miriam: O encontro (…) era para acalmar o ministro Paulo Guedes, após as declarações sobre seus colegas “fura-teto”. Pouca coisa concreta ficou acertada.”

E que Guedes devolveu a delicadeza:

O ministro Paulo Guedes falou longamente, como de costume, mas o que houve de estranho é que, ao mesmo tempo em que ele falava que tinha que cortar gastos, respeitar o teto, dedicou muito tempo para falar do Renda Brasil, que entra na categoria “mais gastos”. Era evidente o interesse de agradar o presidente.

O problema é que é impossível cobrir o sonho de Bolsonaro de fazer uma programa de transferência de renda sem tirar de algum lugar o que se vai transferir.

Desonerar a folha de pagamentos (retirando receita da previdência) e repartir os valores do abono do PIS para o dobro ou o triplo de beneficiários – sem aumentar-lhe o montante – é pegar dos pobres para dar, picadinho, aos pobres.

E criar a nova CPMF para, ao menos em parte, compensar a perda de receita, além de ser difícil de passar no Congresso, mesmo com o “Centrão” bem amansado, vai direto para cima da classe média.

De outro lado, imaginar que , se este ano o Orçamento é “Zorra Total”, no ano que vem vá, como diz o Veríssimo, ser mais ortodoxo que, embalagem de maizena. A retração da economia e a queda correspondente de arrecadação continuará, como continuarão estendidas as despesas com a Saúde – mesmo com uma eventual vacina, que consumirá bilhões para ser comprada, armazenada, distribuída e aplicada – e a penúria de Estados e Municípios estará no auge.

Como é que vai se fazer o milagre? Não explicam nem no Posto Ipiranga.

 

 

 

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5 respostas

  1. O boçalnaro vai fazer o que ele sabe fazer de melhor: mentir, atacar os adversários, mentir e, se sobrar algum tempo, mentir mais ainda. Pelo menos a imprensa prostituta já viu que o barco faz água. Passou o desmonte trabalhista, passou a previdência da morte. A classe média vai pagar o pato de novo.

  2. Alguém me corrija se eu estiver errado. Mas me parece que a CRIAÇÃO de um novo imposto tem que ser aprovada pelo congresso. Mas MUDAR A ALÍQUOTA de impostos existentes pode ser feito por decreto.
    Será que não está aí a armadilha? Aprovam a nova CMPF com uma alíquota que parece razoável (0,20%), prometendo acabar com todos os problemas do país. Aí, mais para frente, mudam a alíquota para algo absurdamente alto.

    Pode acontecer isso? Ou estou só desconfiado demais?

    1. Os tributos que podem ter alíquotas alteradas por decreto estão expressamente listados no art. 153, § 1º da Constituição Federal. São o imposto de importação, exportação, IPI e IOF.

  3. Tô começando a desconfiar que as vacinas não vão ser distribuídas pelo SUS e sim vendidas.

  4. Este e um país que na desgraça total, um presidente meio louco e um ministro bolsonarista doente biruta marcam uma entrevistas com os jornalistas, e eles vão em peso e aplaudem, para o ministro dizer que se o gasto ultrapassar o teto ele se compromete a tirar a diferença dos pobres da saúde e da educação e manter o teto. E todos acham ótimo.
    O golpe destruiu o país.

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