Russomanno sai na frente na eleição para prefeito de São Paulo, manchete deste domingo do Estadão, é idêntica ao que você pode ler, muitas vezes, nas sempre repetidas candidaturas do ex-colunista social e há tempos “defensor dos consumidores” televisivos a cargos majoritários, todas mal sucedidas.
Como não é novidade, há dezenas de análises de porque, por exemplo, na eleição municipal de 2012 tinha 31% no Ibope e sequer foi ao segundo turno. Ou porque repetiu os 31% em 2016 no Datafolha e, igual, foi decaindo.
Tal como recebeu manifestações públicas de Edir Macedo para influenciar o eleitorado evangélico, agora já começa a receber o aval público de Bolsonaro, sem o que Bruno Covas teria a eleição a um passo. O que era, aliás, a razão para ter oferecido a vaga de vice a Russomano.
É esse o sinal mais importante da eleição paulistana: o esfacelamento irreconciliável da direita, que ainda tem personagens aparentemente “folclóricos” em outros candidatos.
Mas não ocorre esfacelamento igual entre a esquerda ou, pelo menos, no campo democrático?
Sim, mas não creio que tenha atingido as “juras de morte” que alcançou em outro extremo e que pode, na ainda remota hipótese de uma presença de Guilherme Boulos num segundo turno, superar-se com facilidade, porque as candidatura de Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PCdoB) tem características tão pouco representativas e destinam-se evidentemente a pavimentar a candidarturas parlamentares em 2020.
Numa eleição “fria” como esta, ainda é cedo para estimar que candidaturas com alguma expressão vão murchar ou ganhar vigor à medida em que se aproximar o momento do voto e se definirem os imensos 33% dos eleitores que não têm tendência manifesta ou que se negam a escolher.
A postura “low-profile” de Bruno Covas o ajuda, assim como a simpatia que despertou por sua luta contra um câncer. A Russomano, ainda se está por vero que uma crescente identidade com Bolsonaro lhe trará. A Boulos, o campo livre para se afirmar como candidato do voto petista fora do PT parece inevitável.
De toda forma, são eleições pobres de ideias, de programas e de partidos. Chegaram antes da eclosão evidente do desmanche do Governo Federal e, por isso, não é provável que tenham um caráter plebiscitário.
Tendem à mediocridade ou, para parafrasear Russomano: “não está bom para você, nem pra ele, então não está bom para ninguém”.