Quem duvidava que estava em curso o “Plano Mão Grande” de vacinação deve ler o anúncio, hoje, de que o Governo Federal passou a ser o dono de todas as vacinas Coronavac do Instituto Butantã, sejam as que vieram prontas ou as que estão sendo processadas em sua planta industrial em São Paulo.
Tradução, para os que ainda não entenderam, as secretarias estadual e municipais de São Paulo não podem receber diretamente, como previsto, o imunizante, mas só quando (e quanto) o General Eduardo Pazuello autorizar. Nada. Nem uma só dose.
Claro que, num mundo ideal, seria adequado que o governo federal fosse o único distribuidor de vacina, garantindo a partilha e a mobilização adequadas.
Mas o Brasil não só não é o “mundo ideal” quanto tem um Ministério da Saúde que não tem o menor empenho em vacinar, que não tem mais os comandos em mãos de técnicos capazes , que obedece cegamente a um presidente antivacina,, que não tem escrúpulos em mandar receitar remédios prescritos por charlatães e que foge – sim, é um detalhe, mas revelador – de publicar em seu site que os feijões curativos do tal Waldomiro Santiago são simples picaretagem.
Agora, são a Anvisa chefiada por um almirante e o Ministério ocupado por um general incompetente – até Jair Bolsonaro diz a seus auxiliares, segundo a Veja, que “não dá conta de mais nada” que decidirão, em caráter absoluto, quem e quando tomará as vacinas. Vacinas que não fizeram nada para obter, a não ser deixar a Fiocruz sozinha, diante de uma gigante como a Astrazêneca, lutando para obter os insumos – que não chegaram até agora – para produzi-las aqui, quem sabe para fevereiro, quem sabe para março e de recursos para reequipar-se, que saem a conta-gotas.
Foi pressão do anúncio da vacinação em São Paulo no dia 25 que levou o Ministério da Saúde aceitar apressar sua previsão original de vacinar apenas em março. Foi isso que empurrou o arranjo de tentar importar, às pressas, 2 milhões de doses fabricadas na Índia.
Não foram a pressa do Ministério em vacinar a população nem a pressão das mortes de brasileiros aos milhares.
Não se sabe o que fez João Doria e o Butantã entregarem, sem sequer a reserva de quantidades para a vacinação em São Paulo tudo o que tinham obtido sozinhos. Deixo que os crédulos e a velhinha de Taubaté acharem que não houve pressões usando a própria aprovação da vacina pela Anvisa. Conhecendo Bolsonaro e seu preposto na Saúde, acreditem se quiserem que o processo é “puramente técnico”.
O comando do “Plano Mão Grande” não é de Pazuello, é de Jair Bolsonaro . E, agora, comando absoluto, porque é o único que tem a arma para essa guerra: a vacina.
E os bobos confiando “nas instituições”, num tempo de métodos milicianos.