São números oficiais: o Estado do Rio de Janeiro faz uma verdadeira “Operação Tartaruga” com a aplicação das vacinas contra a Covid-19 para esconder da população a realidade da falta de imunizantes em quantidade minimamente compatível com a urgência de vacinar as pessoas.
Foram aplicadas ontem 14.737 doses , nos mais de 500 postos de vacinação do Estado.
Isso equivale a 0,0895% (nove em cada grupo de 10 mil) da população estadual e, neste ritmo, seriam necessários 1.117 dias para dar à todos os 16,4 milhões de cariocas e fluminenses a primeira dose da vacina. Ou seja, até março de 2024, daqui a três anos. E olhe que são duas doses.
Esta é a “razão” do amalucado calendário adotado na cidade do Rio de Janeiro de vacinar numa “contagem regressiva” – 99 anos, 98, 97…
Na prática, o que isso fez foi adiar a aplicação de vacinas para os idosos, que tiveram de esperar mais de duas semanas por doses que já existiam e que foram “economizadas” para dar a impressão de que caminhava tudo bem e sem problemas.
Os postos de saúde na capital ficaram absolutamente ansiosos e, tanto no Rio quanto em São Paulo perderam-se doses de vacina: frascos abertos sem que houvessem idosos “específicos” para assinar.
Todas as pouco mais de 350 mil doses aplicadas no Estado poderiam ter sido aplicadas em menos de uma semana. Gastaram-se três.
Garante-se a imagem simpática do velhinho sendo vacinado na cobertura da televisão e ameniza-se a pressão da opinião pública para que se consiga trazer mais doses.
Não temos uma campanha de vacinação em massa, temos um espetáculo de “narrativa”.