Trump sobrevive será o dono da direita nos EUA. E aqui?

Já se disse aqui antes que o trumpismo não sairá de cena tão cedo nos Estados Unidos, tanto como aqui o bolsonarismo não regressará às cavernas por um bom punhado de anos. Esperanças, ainda que teimosas, são fugazes como brotos, mas a as crostas do ódio, do preconceito e do atraso são cascas duras e resistentes no grosso tronco da humanidade.

A “absolvição”, mais do que esperada, de Donald Trump, agora há pouco, no Senado norte-americano, é apenas um sinal de que esta sobrevida não será apenas vegetativa, e de que ela lutará para tomar conta do organismo que a hospeda, o Partido Republicano, com o qual vive em simbiose há muitos anos.

Um simbiose em que, parece, o convívio de uma direita conservadoras “civilizada” não tem como resistir à prevalência dos selvagens e fundamentalistas.

Alguém é capaz de imaginar o que se dará com os sete republicanos que votaram pelo impedimento “póstumo” do ex-presidente?

Tanto quanto os democratas estão divididos entre grupos mais à esquerda, com seu grande protagonismo e visibilidade, os republicanos também terão que enfrentar o dilema entre suas estruturas conservadoras, mas civilizadas, e as turbas barulhentas que agora assumem atitudes que se radicalizaram também contra eles.

Os gritos de “Enforquem Mike Pence” dos grupos trumpistas que invadiram o Capitólio, cruamente mostrados no julgamento do impeachment, inconformados com que o vice de Trump fosse cumprir sua obrigação legal de declarar, formalmente, a vitória de Joe Biden nas urnas mostra claramente isso.

Aqui, os correspondentes tupiniquins do novo fascismo também avançarão sobre a direita tradicional. E, quase dois anos antes das eleições, mostram que o enforcamento poderá se dar pela via eleitoral.

Mas ela, agarrada nas suas ilusões, acha que é melhor morrer estrangulada do que libertar e restaurar a legitimidade de quem pode enfrentar este perigo.

Que, francamente, não pode ser um Huck do Caldeirão.

 

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