Como fica a Frente Ampla quando pudermos aglomerar?

Todo o discurso mimimi se baseia numa única “verdade”: Lula ou qualquer candidato petista será derrotado por Jair Bolsonaro, num segundo turno.

Ainda ontem, na CBN, ouviu-se o ínclito Merval Pereira, discorrer sobre a tese, basicamente a mesma linha do que seria “o pensamento” de Ciro Gomes, ao dizer que seu objetivo é tirar o PT (Lula, inclusive) do 2° turno, pois enfrentá-los daria vantagem a Bolsonaro, a expressão do mal.

Deixemos de lado o fato de que Jair Bolsonaro é assim há décadas, nunca o escondeu e pronunciou, nestes 30 anos de biografia política, tudo o que faz hoje: apologia da tortura, do assassinato, da homofobia, do desprezo às mulheres, da destruição ambiental, o sabujismo aos EUA, a defesa das armas e das milícias… A lista poderia seguir por páginas e nada responde ao fato que lhe deram o voto em 2018 ou se omitiram do dever de impedir sua vitória.

Cuidemos de um só ponto: se é possível que cobrem da esquerda o “dever cívico” de uma frente ampla para derrotá-lo como medida de salvação nacional só o admitem se for para receber, em lugar de apoiar?

A pesquisa divulgada hoje pelo Estadão mostra que Lula é o único dos candidatos de oposição que está mais próximo de receber a maioria dos votos quanto é o único a superar Jair Bolsonaro, por 50% a 38% na resposta do eleitor se o candidato poderia receber seu voto.

Os mesmos 12 pontos se reproduzem na resposta “não votaria de jeito nenhum”: 44% para Lula e 56% para Bolsonaro.

Além disso, Lula dispara no Nordeste (71%), entre os mais pobres (63%) e os com menos escolaridade (60%). Portanto, imbatível no povão.

Ainda que se alegue que haverá uma campanha, convenhamos que, em matéria de solidez eleitoral, só ele e Bolsonaro a possuem, os demais são lançadores de iscas às oportunidades.

Haverá – sempre há em eleições de dois turnos – uma polarização em 22 e tudo indica que será entre eles. Recusar, de plano, a possibilidade do apoio a Lula será o mesmo que apoiar Bolsonaro.

Sendo assim, onde está a coragem e a decisão dos que aderem, agora, ao “Ele, de novo, não” em recusar conversas com Lula?

O o voto de Lula é bom e Lula não é?

O ex-presidente parece estar apenas esperando que o STF cumpra, ainda que tardiamente, o dever de anular a ação de Sergio Moro que nos deixou à mercê de Bolsonaro e que a pandemia ceda para permitir-lhe andar pelo país.

E vai, como se diz agora, aglomerar. Não os políticos, mas o povão exausto e sofrido.

Existe um Brasil fora da bolha de classe-média (justo aquela que deve tanto ao ex-presidente) que só vai surpreender que se acha muito sabido e inteligente, mas que se impregnou pelos ódios e não consegue ver que só um líder popular tira o Brasil do buraco em que o meteram.

 

 

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