O exército é de Bolsonaro?

Já escreveu-se aqui, por ironia, que a sigla EB estava deixando de significar “Exército Brasileiro” para passar a ser “Exército de Bolsonaro”.

Péssima ironia e monstruosa realidade: falando hoje no “curralzinho” de seus apoiadores, Jair Bolsonaro disse que “seu” Exército não atuará no caso de um lockdown sanitário, diante da escalada de mortes provocadas pela Covid-19.

“Vou só dar um recado aqui: ​alguns querem que eu decrete lockdown. Não vou decretar. E pode ter certeza de uma coisa: o meu Exército não vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa. O meu Exército, que é o Exército de vocês. Então, fiquem tranquilos no tocante a isso daí”

Como a plateia era de bolsonaristas, o “de vocês” não se refere a todos os brasileiros, em nome dos quais os militares são armados e soldados, pois recebem soldo, pagamento.

O Exército de Bolsonaro, portanto, não “obrigará” o povo a abrigar-se e sobreviver. Talvez, nos delírios de um ex-capitão que deixou, quase corrido, o “seu” Exército, para virar agitador de extrema direito, possa ser usado para obrigar as pessoas a trabalharem em plena hecatombe viral.

Arbeit Macht Frei, “o trabalho liberta”, como está escrito nos portões do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, do regime nazista que nosso Exército foi ajudar a destruir.

Pois é, generais, e os senhores que pensavam que Bolsonaro seria “um presidente para chamar de seu” viraram soldadinhos de brinquedo para um psicopata chamar o exército a que pertencem de “seu”.

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