Vai haver ainda muita disputa jurídica, mas, afinal, é a política que – como deve ser – toma as rédeas do país, para decidir os seus rumos.
Mas, não pode haver nenhuma dúvida, a eleição de 2022 acaba de ter o seu tiro de partida.
Não há hipótese – não dentro de um horizonte imaginável – de evitar que a candidatura de Lula seja o polo de oposição a Jair Bolsonaro.
Sergio Moro está morto como hipótese eleitoral. Como vai ser o anti-Lula e o anti-Bolsonaro ao mesmo tempo?
Doria e Huck – reconheça-se que mais o segundo que o primeiro – estão no chororô. Não tem onde por onde crescer.
Ciro, idem, e a um passo de perder as suas mais importantes estruturas nordestinas, em Pernambuco e no seu próprio Ceará.
Pode apostar que, nas próximas pesquisas, só o primeiro – e assim mesmo, talvez – esteja acima de dez pontos percentuais.
Claro que, como sempre, aparecerão “pesquisas de consolação”, quem sabe apontando ligeira maioria de rejeição à recuperação da condição de inocente de Lula.
Mas isso não se sustenta, porque Lula é a alternativa real a Bolsonaro.
Cessada a inelegibilidade formal, desaparece a restrição do “condenado” que brandiam contra o ex-presidente Lula e que inibia a sua ação política.
A trilha está traçada para uma eleição plebiscitária no ano que vem.
Lula não é o candidato dos petistas, é o candidato da preservação da democracia, da volta à paz social, da retomada do desenvolvimento.
Vai voltar pelos braços do povo, como fez Vargas em 1950, purificado pela esperança do país e mais convencido de só poderá confiar em sua base popular, com menos ilusões – embora não com menos concessões – à política real.
A história, por mais que o decretem os “sabidos”, não terminou.
Está sendo retomada, como o velho fio da história do qual tantas vezes o velho Leonel Brizola nos falou.
Foram anos de resistência e – confessemos – de recuos, mas surge agora as condições para que o campo progressista avance.
Tem uma referência, tem uma expressão eleitoral, tem um nome marcado na retina dos olhos do nosso povão.
Jair Bolsonaro fala em pistolas e fuzis para armar o povo.
Pois o povo agora tem de volta a arma que sabe que pode defendê-lo: o voto em Lula, aquele que Moro, a mídia e a turma da política lhe tirou da mão em 2018.