A Folha traz hoje a patética história de Mirandópolis, cidade do interior paulista que elegeu um certo Everton Sodario, autointitulado “o Bolsonaro Capira” como seu prefeito.
O indigitado cidadão seguiu à risca a cartilha do inspirador: perambulava, sem máscara, aglomerando o que era possível na cidade de menos de 30 mil habitantes. Xingou a “vachina”, fala de “vírus chinês” e, claro, distribuiu a rodo hidroxicloroquina, ivermectina e outras porcarias do tal “tratamento precoce”.
O resultado, claro, foi que as mortes saltaram 171% em mês, cinco vezes mais que os 32,5% de aumento que tiveram, na média, no Estado de São Paulo. Depois que o povo abriu o olho com o sujeito é que a coisa “melhorou” um pouquinho: a taxa de ocupação dos 18 leitos de UTI do município baixou de 185% para “apenas” 115%, agora.
De cada dois mirandopolenses que morreram este ano, um foi de Covid.
Se o presidente Jair Bolsonaro quer investigação sobre o que fizeram governadores e prefeitos na pandemia, bem que poderia usar seu filhote de Mirandópolis como exemplo de monstruosidades.
Mas é claro que o capitão não quer investigação, quer confusão.
E despachou a Procuradoria Geral da República para intimidar os governadores com ameaças de inquéritos sobre sua atuação, num claro esparramo de suas atribuições, e acionou seus agentes no Senado para adiar a instalação da CPI enquanto tenta “melar” a escolha de Renan Calheiros como relator.
Conseguiu mais um final de semana – a data passou para o dia 27, mas está tendo dificuldades para manobrar, porque o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, inflado pelas especulações de que seria agora (pretensão e água benta cada um use quanto quiser) um “presidenciável” não quer meter a mão nesta cumbuca.