Crivella na África será embaixador do “tio Edir Macedo’

A notícia de que Jair Bolsonaro convidou Marcello Crivella para ser o embaixador na África do Sul é uma das maiores ofensa que se fez ao Itamaraty, só comparável ao absurdo de pretender nomear o seu filho Eduardo para a Embaixada nos EUA.

Não é só pelo fato de que Crivella está pendurado em processos de corrupção, que o levaram a ser preso do final do ano passado e ter uma condenação suspensa, aguardando confirmação em tribunal superior,. Nem só pela afronta que é aos sul-africanos, com seus preconceitos contra as religiões africanas – as quais atribui a “espíritos imundos”.

Mas porque é um escancarado negócio do presidente brasileiro com o CEO das franquias da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, tio de Crivella.

Macedo está descontente com Bolsonaro, que acha que não está agindo com a energia que deveria no caso da expulsão dos pastores da IURD da vizinha Angola, onde um grupo de bispos angolano daquela denominação, alegando, segundo a agência de notícias alemã Deutsche Welle, “sonegação fiscal”, “exigência de vasectomia, castração química, racismo, discriminação social e abuso de autoridade, além de evasão de divisas para o exterior”.

Os bispos angolanos assumiram o controle das igrejas, sem ter mais a justificativa de serem missionários, alguns pastores foram expulsos do país.

A indicação de Crivella – bispo licenciado da igreja de Macedo – para embaixador na República Sul Africana – que tem fortes relações com Angola – seria uma maneira de negociar a recuperação da IURD angolana para seu ex-dono e, também, compensá-lo com a ação do sobrinho para expandir a Igreja entre os sul-africanos – ela já tem por lá mais de 250 templos – e recuperar os “prejuízos” com as perdas de receita na antiga colônia portuguesa.

O governo sul-africano não concedeu ainda o “agreement” pedido pelo Brasil à indicação para que ocupe o posto e é possível que não o conceda sem grande esforço e pressão do governo brasileiro. É, aliás, o silêncio e a protelação a forma mais comum de dizer “não” em diplomacia.

Mas segue a vergonha de ver o nosso país usando nossa representação diplomática para atender interesses negociais do bispo Macedo.

É obra de “espíritos imundos”, que estão longe de ser africanos.

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