Os dados sobre potencial de votos da pesquisa Ipec, o ex-Ibope, derrubam toda argumento que, cinicamente, são invocados para dizer que “outro candidato teria mais facilidade em vencer Jair Bolsonaro por não despertar tanta rejeição”.
Porque Lula é hoje, com folga, o candidato em que menos brasileiros dizem que não admitiriam votar (36%) e aquele em que mais pessoas dizem que votariam ou poderiam votar.
Embora Jair Bolsonaro seja, disparado, o que tem maior rejeição (62%) e que ela seja crescente (era de 56% em fevereiro), repare que ele ainda é o que, em potencial de voto, ele fica à frente de qualquer um dos nomes postos hoje como candidatos alternativos.
Todos, aliás, com rejeição muito superior à do ex-presidente, malgrado toda a perseguição midiática e judicial que sofreu nos últimos cinco anos.
Segundo disse a jornalista – e sempre boa repórter – Julia Duailibi, na Globonews, após conversa com Márcia Cavallari, executiva do Ipec e por muitos anos principal analista do Ibope, o cruzamento das rejeições a Lula e Bolsonaro, simultaneamente, é de cerca de 13% – o mesmo apurado em recente pesquisa PoderData.
Divergindo do que ela afirmou na TV, parece claro que os espaços dos “nem-nem” estão ocupados e, aliás, eles estão mais propensos a rever seus conceitos do que darem à luz a um candidato de 3ª via.
Vejam: a soma de Ciro (7%), Doria (5%) e Mandetta (3%), mesmo sem contar outras candidaturas “nanicas” que, inevitavelmente surgirão, já somam 15%. Como a soma de votos nulos e brancos, na última eleição presidencial, ficou perto de 9%, isso leva a um total de 24% de votos “nem-nem”. Como a soma das intenções de voto declaradas a Lula (49%) e a Bolsonaro (23%) dá 72%, sobrariam 4% – ou menos, porque é natural que os que rejeitam todos os candidatos sejam parte significativa das abstenções, sobrariam apenas 4% de votos “nem-nem” para que um candidato alternativo pudesse buscá-los.
Isso sem considerar que a velocidade do declínio da rejeição a Lula, (8% em quatro meses) indica que ele pode aumentar o seu potencial de votos.
A 3ª via, até agora e provavelmente até o fim do processo eleitoral, é mais um desejo de parte da mídia e da política do que uma possibilidade.