Demissão escancara “Reverendogate”

Algumas balizas para pensar.

O veterinário Laurício Cruz, que acaba de ser demitido pelo Governo do Ministério da Saúde, era um indicado de Eduardo Pazuello, pois foi nomeado já em sua gestão, para ocupar a vaga do epidemiologista Julio Croda, da Fiocruz.

O lugar, em plena pandemia da Covid-19, não era de pouca importância: o cargo de diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde representa a chefia do Plano Nacional de Imunização, isto é, a aplicação de centenas de milhões de doses das vacinas por todo o Brasil.

Alguém com essa missão não pode alegar que poderia acreditar que o tal Reverendo Amilton Gomes de Paula tinha na algibeira 400 milhões de doses, em tese o suficiente para imunizar todos os brasileiros acima de 18 anos com as duas doses necessárias.

Mas Laurício deu a mão ao pastor e a um major da FAB, Hardaleson Araújo de Oliveira, e foi, com um séquito de coronéis, levando-o por caminhos em que se cogitava até de uma reunião com o presidente da República.

Sabe-se que ontem cedo o governo tentou patrocinar um acordo entre os representantes de Ricardo Barros e do centrão e as “forças especiais” de Pazuello, comandadas pelo coronel Élcio Franco.

Mas não se sabe a razão de, logo depois da encrenca causada pela ordem de prisão de Roberto Ferreira Dias, ter sido tomada a decisão de atirar rapidamente ao mar Laurício Cruz.

Não vai demorar para se saber, também, porque há um clima de salve-se quem puder na guerra das baratas que assolava o Ministério da Saúde.

 

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