“Avançar para a derrota”, o brado do mau soldado

“Chega! Acabou, porra! Perdi a paciência!”

As exclamações partidas de Jair Bolsonaro contra o que acha ser uma “perseguição” do Judiciário a ele ainda estão bem vivas em nossos ouvidos, como estão vivos na memória as “amansadas” que se sucediam às bravatas presidenciais.

É o que haverá agora, ao que parece, mas com uma diferença: Jair Bolsonaro não só xingou, mas ameaçou “chutar a santa”, neste caso as eleições para a Presidência, o lugar que agora ocupa.

Deliberadamente, fez um copydesk da já absurda nota do Ministro da Defesa e dos comandantes militares, colocando-os na condição de possíveis sócios de sua aventura golpista.

Golpe, agora, além de ser a cassação dos direitos eleitorais da população, terá publicamente a imagem de um movimento destinado a encobrir ou tornar impune a corrupção que 70% dos brasileiros creem que existem neste governo e 64% dos cidadãos dizem ser do conhecimento do presidente.

Os números do Datafolha, mostrando que é também majoritária a compreensão que militares não devem participar do governo, é terrível, por vir na contramão da confiabilidade que as pesquisas sempre atribuíram às Forças Armadas.

Portanto, se alguém tem reservas contra a instituição, agora, é a maioria do povo brasileiro.

Como é que os senhores generais, que se exibiam as marchas das senhoras católicas em 64 como justificativa para classificar de “democrático” o pronunciamento militar de 64, farão agora?

Dirão que a vontade do povo é expressa pelas motocicletas bolsonaristas. Ou pelos patéticos gatos pingados do “curralzinho” do Alvorada? Ou pelo número de seguidores do “Mito” no Twitter, robôs incluídos?

As Forças Armadas estão sendo levadas para o brete por Bolsonaro, que hoje mesmo anunciou que o Exército baixará duas portarias para facilitar e extender a possibilidade de compra de armas pelas milícias em que ele próprio se apoia, abrindo mão do poder armado que a Constituição lhes garante.

De concessão em concessão, de recuo em recuo diante das bravatas presidenciais, vão acabar enredadas numa “vitória” que, em poucos dias, se exibirá como a maior derrota já sofrida pelos militares brasileiros.

 

 

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