No STF, um terrivelmente evangélico, após um terrivelmente submisso; no Ministério Público um terrivelmente inerte, para mais dois anos de inércia.
É isto o que se desenhou como legado de Jair Bolsonaro para o Judiciário e para a Procuradoria Geral da República.
E, em boa parte, por suas próprias atitudes, porque foi a onipotência, atropelando a lei, da hoje decadente Lava Jato que levou a judicialização da política e à transformação da imagem da Procuradoria em um partido da direita.
Tanto que o principal expoente desta era, Sergio Moro, foi integral, sem maiores protesto, o governo que elegeu.
Não será fácil, para um e para outro, saírem do buraco onde se meteram.
Já é complicado, em situações normais, conservar a independência em relação a quem o indica para estas cadeiras.
A tradição dos governos petistas de indicar o mais votado da lista tríplice para a PGR terá grande dificuldade em ser repetida em um eventual novo governo Lula. A instituição assumiu, por longo tempo, a defesa dos atropelos o grupo de procuradores lavajatistas e é imprudente não crer que isso pudesse levar alguém com estas deformações à escolha interna.
No Supremo, André Mendonça, além das amarras de ter sido “pau para toda a obra” – e que obras! – de Bolsonaro tem as correntes de sua indicação “teológica” ao Tribunal, a fixa-lo numa confusa “interpretação bíblica do Direito” que, como qualquer outra de fundo religioso num Estado laico não é bom sinal na Corte Suprema.
Também neste caso, nas duas indicações que teria direito a fazer no caso de ser eleito, um governo de Lula teria a tendência de fechar o leque na escolha de juristas que assumiram o combate ás manipulações que foram feitas para condená-lo e mantê-lo preso para que Bolsonaro pudesse se eleger.