Manchete da Folha, o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico – que pode ser acessado aqui – é simplesmente aterrador.
Revisado de acordo com a demanda energética, prevê o esgotamento dos recursos hídricos usados para a geração de energia até o final de novembro – o que já era sabido há tempos – e que só se evitará apagões com reajustes mais brutais nas tarifas, capazes de deter o consumo doméstico e, sobretudo, o industrial, pelo menos no que se refere à produção para consumo interno, a ser contida por taxas fortes de inflação.
Com uma elevação do PIB de 4,5%, com o consumo decorrente disso, até novembro, segundo o documento, as represas de Furnas, Mascarenhas de Morais, Marimbondo, Nova Ponte, Emborcação, São Simão, Itumbiara, todas com 5% de volume útil, Água Vermelha, com 3%, os principais reservatórios das bacias do Rio Grande e Paranaíba, estarão vazios e imprestáveis para a produção de Energia. A hidrovia Tietê-Paraná, que depende do nível da represa de Ilha Solteira para manter-se navegável, terá de ser paralisada, segundo o ONS, em meados de agosto.
Três Marias e Sobradinho, no Rio São Francisco, romperão em outubro e novembro as cotas mínimas determinada pela Agência Nacional de Águas para que não colapsem completamente os sistemas de irrigação e de transposição de águas para o sertão.
É possível, embora improvável segundo os meteorologistas, que se amenize o déficit de chuvas que você vê na ilustração. Mais fácil, seguindo as linhas de tendência, que se agrave, porém.
Vai se repetindo não apenas o cenário de estiagem de 2001, mas na demora em assumir o risco de colapsos elétricos e adotar providências restritivas já. E, assim, amplia-se a possibilidade de chegarmos a situações mais graves.
É política, mais que técnica, a nota do ONS dizendo que “não há risco de desabastecimento elétrico, mesmo diante das piores sequências hidrológicas de todo o histórico de vazões dos últimos 91 anos”. Conta-se, porém, para isso, com uma entrada de cargas extras de termelétricas “novas” e de uma importação de energia de dos países vizinhos (Paraguai, Uruguai e Argentina) que, pelas mesmas razões que nos afetam, terão fortes limites para fazê-lo.
Portanto, na prática, ficamos tendo como “providências” conter o consumo aqui pela via da tarifa. E vêm aumento, inflação e freio na expansão econômica.
Como lá no início do texto se disse que seria feito.