Área de risco no Planalto

Os defensores do “Kit Covid’ , que repete que sua crença se baseia em “estudos observacionais” (e, sabe-se agora, da observação de cobaias humanas às quais foi dado, muitas vezes, à revelia do paciente) talvez nos pudesse dizer alguma coisa a partir do índice de infecção dos integrantes do governo de Jair Bolsonaro.

Dos 23 ministros, 18 já contraíram Covid. Ou uma taxa de incidência de 78%.

Se esta fosse a taxa do país, o Brasil teria 167 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mais oito vezes o que tem o país.

Portanto, tudo o que caracteriza o comportamento de nossos governantes, num “estudo observacional”, mostra que seguir as práticas presidenciais – aglomerar, não usar máscaras, postergar a vacina, tomar hidroxicloroquina etc… – aumenta consideravelmente a possibilidade de contrair a Covid-19.

Quem sabe estes resultados não pudessem ser, inclusive, apresentados pelo senador Luís Carlos Heinze, aquele que diariamente na CPI mostra o “milagre de Rancho Queimado” onde a Covid teria sido (e não foi) uma gripezinha, baseado nos seus “estudos observacionais” de meia-tigela.

Óbvio que qualquer pessoa, mesmo a mais cuidadosa – e também alguém que já tenha sido vacinado – pode contrair a doença e não é isso o que se quer evitar, mas a sua evolução grave e a transmissibilidade. Vacina cumpre os dois objetivos; máscara, apenas o segundo, mas é tão importante quanto.

Apesar de Bolsonaro debochar das duas providências, os brasileiros – que, diz o Datafolha, apoiam em 91% a continuidade da proteção facial – souberam driblas as confusões provocadas por uma vacinação sem regras universais e lenta e resistir, na maioria, à deseducação presidencial.

Apesar disso, é preocupante a alta que se passou a registrar nos casos e mortes provocados pela pandemia, mesmo com o exemplo que o negacionismo nos traz dos Estados Unidos, onde os óbitos voltaram à casa dos dois mil diários.

Aqui, andamos pelos 600, mas longe de estarmos numa situação de controle irreversível da pandemia.

Tomara que o covidário que se formou na Esplanada dos Ministérios sirva para mostrar que, ao contrário do que diz Bolsonaro, a pandemia não só “abrevia” em alguns dias ou semanas o fim da vida de “quem ia morrer mesmo”.

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