Não se vence nada a um ano do jogo

Ao final do dia de hoje, faltará um ano exato para a eleição presidencial.

Na política, muito tempo para que se diga que há situações imutáveis, em geral, em processos políticos normais.

O que não é, absolutamente, o caso do Brasil, submetido, há cinco anos, a um processo de ruptura de seu caminho democrático que, afinal, encontra seu corolário em um governo e um governante que empurraram o país para um inacreditável quadro de crise e de desprestígio.

Há, no favoritismo acentuado do ex-presidente Lula, muito mais do que os míopes de nossa elite chamam de lulismo ou lulopetismo. Há um desejo de que economia e política voltem a ser praticadas com o olhar no ser humano, e não em crenças sectárias, nas quais temos sido mergulhados, num mix de liberalismo selvagem e moralismo hipócrita, ambos temperados com o molho macabro de um mar de mortes na pandemia.

Não há 50% de lulistas no Brasil, como também não houve 58 milhões de bolsonaristas em 2018.

A diferença é de onde vem a expressão destes números: os da última eleição presidencial de uma campanha midiático-judicial, os de agora, de uma experiência real, pessoal, vivida pelas pessoas.

Mas isso não quer dizer que se vá atravessar muitas tempestades nos 365 dias faltantes até 2 de outubro de 2022.

Virá jogo pesado, seja contra Lula, seja para “salvar” Bolsonaro, seja para criar um “príncipe encantado” que, sem história política que o ampare, venha transformar num passe de mágica, o Brasil no melhor dos mundos.

Tem toda a razão o governador Flávio Dino em dizer que “A eleição de 2022 vai ser muito pior do que qualquer coisa que a gente já viu”, em sua entrevista de hoje à Folha. E torçamos para que sejam “só” os abusos de dinheiro público e não um reengajamento abjeto de mídia e Judiciário para tentarem influir nas escolhas da população.

Aconteceu com Fernando Collor em 1989 e, quase 30 anos depois, com Jair Bolsonaro, embora o título de príncipe não se lhe encaixe em nada, exceto em ter uma “familícia real“.

 

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