A desvalorização do real, impulsionada pela inflação e pelo câmbio era, até agora, um retrato de incompetência do governo e do chefe de sua política econômica, Paulo Guedes.
Agora, ao menos no discurso que se espalha na opinião pública, Guedes passa a ser pior que isso: é alguém que se beneficia, direta e pecuniariamente, como beneficiário dessa desvalorização.
Guedes, o inútil, passou a ser vilão, por mais que mercado e grande imprensa fazem um “abafa”, como se sua empresa de fachada no exterior fosse apenas “inconveniente”.
Ainda que tratada como “narrativa” da esquerda se torna mais ácida quando o dólar chega a R$ 5,48 e atinge máxima em cinco meses e isso coincide com uma brutal elevação do preço do petróleo, tornando iminente uma nova elevação do preço dos combustíveis e mais gás na disparada da inflação, pronta para deixar para trás a marca dos 10% ao ano.
Como se não bastasse o preço do botijão do gás de cozinha, atingiu o maior preço deste século em setembro, vendido a R$ 98,70 e a gasolina, o maior valor , em termos reais, desde fevereiro de 2003.
Etudo fica pior ainda quando se considera que se espera que o fim dos estímulos financeiros nos EUA e, talvez já no início de 2022, uma elevação da taxa de juros do Tesouro norte-americano, empurrando para cima os nossos, na vã competição para tornar atraentes os minguantes investimentos estrangeiros.
Paulo Guedes está pendurado por um fio, que ameaça ser cortado pelo o câmbio e pela taxa de inflação crescente e teimosa e apoiado por um suporte frágil de um mercado menos confia dele do que teme quem possa ir para o seu lugar.
Um ministro da Economia vive de credibilidade e, sem ela, não é difícil entender que, politicamente, Guedes está moribundo.