Os números da conta

Dois números marcam, hoje, o nível de incapacidade e desídia com o Brasil dos homens que ocupam o governo brasileiro.

O primeiro, a divulgação do IPCA de setembro, pelo IBGE, daqui a pouco, vai apontar, pela primeira vez em cinco anos, uma inflação oficial que supera os 10% acumulados em um ano.

A estimativa para a inflação de setembro, apurada pela agência Reuters, é de 1,25%, o que faria dela a maior para o mês desde o ano 2000. Particularmente, creio que o número será maior.

O dólar, combustível da fornalha de preços, registrou a maior marca desde abril – pico da segunda onda da pandemia – e fechou a R$ 5,51, patamar do qual não deverá se afastar muito ao longo do dia.

Nem faltará o “tempero”da desmoralização, agora também ética, de Paulo Guedes, que já estampa “notas” de 9,5 milhões de dólares nas paredes do centro financeiro de São Paulo em razão da sua inexplicável offshore num paraíso fiscal do Cariba.

O resultado visível, é o da contínua e crescente exibição da miséria aguda nas ruas e na mídia – hoje é a vez da Globo mostrar que famílias buscam ossos de carne descartados em caçamba em SP – e tem como resposta oficial apenas o terrorismo do “tudo pode piorar” e agora os alertas de que “pode haver desabastecimento” que o sr. Jair Bolsonaro se encarrega de difundir.

Dá, assim, sua contribuição para espalhar pessimismo e insegurança, o que deve ser ampliar com o seu indiciamento provável na CPI da pandemia.

E é da pandemia que vem o outro número de hoje, o dos 600 mil mortos, gravado sobre as cenas terríveis que ontem o país assistiu, com o comportamento criminoso da Prevent Senior, empresa que serviu para Bolsonaro promover o que sustenta até hoje: o charlatanismo e a subestimação que nos levaram a ter um dos piores desempenhos mundiais no enfrentamento do coronavírus.

Louva-se, claro, a queda das mortes, mas é preciso lembrar que a cada dia do calendário segue morrendo meio milhar de brasileiros “fracos e maricas” segundo o presidente.

A conta de ambas, crise econômica e crise sanitária ainda durarão muito tempo, mas precisam de uma desintoxicação política e moral do país e isso só virá com as eleições.

Até lá, Bolsonaro tem razão: nada é tão ruim que não possa piorar.

 

 

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