Todos os pretendentes a “3ª Via” – de Simone Tebet a Sergio Moro, de Alessandro Vieira a João Doria – agora deram para justificar o voto em Bolsonaro nas eleições de 2018 dizendo que “não sabiam” que ele seria um presidente tão ruim.
Ok, admita-se-lhes a “autocrítica” que tanto exigiam, naquela ocasião, de Lula e do PT.
Mesmo que nenhum deles tenha deixado de achar, animada e confiantemente, que pudesse ser outra coisa alguém que chamava um torturador de “herói nacional”, que defendia “metralhar” adversários políticos e propunha espalhar armas aos milhões – é, Bolsonaro já tinha feito da “arminha” seu gesto de campanha.
Mesmo que todos eles tenham apoiado, já na campanha, o projeto de extrema-direita do qual ele sempre se orgulhou e proclamou aos sete ventos, ou que seu então “Posto Ipiranga” tivesse prometido liquidar “R$ 1 trilhão” de patrimônio público.
Mesmo que ele tivesse sido sempre hostil a índios, ao meio-ambiente, às mulheres, aos negros (as “sete arrobas” foram num ato de campanha), à ciência, estes homens e a mulher que pretendem ser presidentes “não sabiam”.
Ok, de novo, aceite-se-lhes a desinformação ou a ingenuidade.
Concedamos, também, o ledo engano da “justificativa” de que “as instituições iriam contê-lo”, ainda que soubessem que, simples tenente, não houve disciplina ou hierarquia que o tivesse feito tinha hesitar em pretender colocar bombas num quartel para lhe aumentarem o soldo.
Será que tudo isso, porém, não justificam que digam um simples e honrado “eu errei em apoiar Bolsonaro e peço que me desculpem por ter ajudado a fazer este mal ao Brasil?” Ou, no caso de Ciro, dizer que errou ao negar o voto e o apoio a Haddad, diante da perspectiva de termos um monstro subindo ao comando da República?
Pois o necessário reconhecimento do erro é o mínimo que se pode esperar de quem cometeu-o diante de tantas evidências e numa situação de tamanha gravidade.
Ainda que se admita – na maioria dos casos, sem que mereçam – a tolerãncia que se pode ter dos confusos e dos imprudentes, não podem pedir ao povo brasileiro que entregue o seu país a um, no mínimo, confuso e imprudente.
Todos se apegam, porém, a apetites pessoais e, para isso, não aceitam que a disputa política siga o fio que foi violentamente cortado por manobras judiciais – hoje mais que expostas, reconhecida pela Justiça, ainda mais com as fartas provas de que foram lideradas por um juiz com pretensões de poder político.
Admitem que foram bobos, mas se portam como aspirantes a “espertos” e é por isso que não avançam na consciência do povo brasileiro. Mesmo que estivessem sendo sinceros – ou talvez, por isso mesmo – não poderiam apresentar-se à população com quem está habilitado a achar o caminho certo para nos tirar deste pântano.
Pois, não faz muito tempo, apontaram para as mãos imundas de Jair Bolsonaro como o lugar em que, desgraçadamente, o Brasil deveria ir parar.