Importante o discurso do presidente norte-americano hoje, imputando diretamente a Donald Trump a responsabilidade sobre a invasão do Capitólio, há um ano, por seus simpatizantes, que tomaram de assalto a sede do Legislativo do país, inconformados com a derrota eleitoral.
“Você não pode amar seu país apenas quando você vence”, disse Biden. “Você não pode obedecer a lei apenas quando é conveniente. Você não pode ser patriota quando abraça e permite mentiras. ”, acusando o trumpismo de ter posto “uma faca no pescoço da América”, exigindo a anulação das eleições, sem qualquer prova de fraude nas urnas ou na contagem dos votos.
“Pela primeira vez em nossa história, um presidente não apenas perdeu uma eleição: ele tentou impedir a transferência pacífica do poder”
É claro que a invasão do Capitólio é uma advertência para nós brasileiros, que temos um presidente que sequer a condenou, na época, embora tenha se tornado menor, pelo aparente descolamento das Forças Armadas dos delírios políticos bolsonaristas, mas o perigo golpista seria de fato exorcizado se, também lá nos EUA, fosse judicialmente responsabilizado quem ameaçou subverter o processo democrático.
Não é o que parece virá a acontecer, porque até agora a ação da Justiça não foi além dos bagrinhos “folclóricos”, fantasiados com chifres de búfalo.
As palavras de Biden podem ter sido fortes, hoje, mas seu desempenho pessoal é avaliado como fraco pelos eleitores, com déficit entre 8 e 16% na relação entre desaprovação e aprovação. Quanto aos rumos de seu governo, atingido em cheio pela inflação, a situação é ainda pior: a taxa dos que acreditam que o país está no caminho errado superam os 60% em todas as pesquisas.
Biden teve de amansar seus ímpetos iniciais em questões como meio ambiente e assistência social e se absteve, até agora, de ataques a Trump, em busca de acordos com o Partido Republicano, que segue sob controle total do ex-presidente.
Há eleições legislativas em novembro e, pelos números de hoje, Biden perderia a maioria democrata já estreita – no Congresso e ficaria virtualmente paralisado até 2024, contra uma possível nova eleição de Donald Trump.
Este, pela derrota relativamente “apertada” de 2020, segue politicamente vivo e também nos avis que, para ser efetiva, um vitória sobre seu correspondente tupiniquim, a derrota terá de ser maiúscula, acachapante, demolidora.