Adriano Pires, o indicado de Jair Bolsonaro para presidir a Petrobras, depois da punhalada que levou o general Joaquim Luna e Silva, sempre foi “arroz de festa” na mídia. Desde a indicação, porém, sua empresa, vinha dizendo que “o professor Adriano está em período de silêncio” e nada disse sobre o cargo que, em tese, ocuparia dentro de dez dias.
Fica-se sabendo, agora, através do site Poder360, do qual Pires é próximo e mesmo um de seus colunistas, que não é discrição, é medo:
“O economista e especialista em óleo gás Adriano Pires estuda se será possível aceitar o convite para ser o presidente da Petrobras. Pesa na decisão de Pires uma exigência hoje que parece ser incontornável: deixar sua empresa Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) sob comando de seu filho, Pedro Rodrigues Pires, hoje sócio-diretor do empreendimento”.
E diz que a Lei das Estatais proíbe Lei das Estatais, que “um executivo da empresa tenha parentes atuando no mercado para empreendimentos que possam ser considerados concorrentes.”
Conversa: o que a lei impede é que seja indicado para a direção ou para o Conselho de Administração de empresas estatais pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa político-administrativa controladora da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a própria empresa ou sociedade”.
É o texto do Inciso V do § 2° do artigo 37 da Lei 13.303/2016.
Portanto, há aparente vedação da própria indicação de Adriano Pires ou de qualquer outro dirigente que esteja metido com negócios que envolvam a Petrobras e empresas privadas concorrentes ou associadas a ela. E não faltam empresas assim no portfólio de negócios da CBIE: Shell, Exxon, Chevron, para ficarmos nas petroleiras multinacionais, e a Braskem, onde a Petrobras tem imensa participação acionária.
O indicado para presidir o Conselho da Petrobras, Rodolfo Landim, anunciou ontem que “declinou do convite”. A justificativa é a de que vai concentrar todo o seu tempo e dedicação “para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo”, clube do qual é presidente.
Outra conversa afiada, porque se fosse isso ele também não teria aceitado antes de ser indicado oficialmente. A razão, mesmo, é que Landim sóci0-administrador da Mare Investimentos, um private equity que, segundo seu próprio site, ” visa aproveitar as oportunidades que surgiram dos desequilíbrios existentes na indústria do petróleo no Brasil.
Pior, que é acusado pelo Ministério Público Federal de ter destruído recursos da Previ, a fundação de seguridade do Banco do Brasil, através de investimentos ruinosos:
Vale destacar que a Mare Investimentos e a Mantiq Investimentos eram os gestores na época em que o FIP investiu nas companhias BRASIL PETRÓLEO PARTICIPAÇÕES S.A. (PROJETO DEEPFLEX), a DOCK BRASIL ENGENHARIA E SERVIÇOS S.A. e a POSEIDON PARTICIPAÇÕES S.A.. Os investimentos nas referidas empresas, sob a gestão da Mare Investimentos e a Mantiq Investimentos, foram cercados de irregularidades (…)
Adriano subiu no telhado. Landim, este já caiu.