Um governo similar à segunda gestão de FHC e à primeira de Lula. Menos estatizante do que Dilma. Assim seria uma eventual administração Marina Silva na visão de um dos seus principais conselheiros, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, 56.
A entrevista de Gianetti à Folha, hoje, resumida nesta abertura da reportagem, é um desnudamento pavoroso do neoliberalismo esverdeado que tomou conta da candidatura Marina Silva.
O “Lula do primeiro mandato” serve apenas como biombo, porque é comparar com a situação de um governo a braços com um país quebrado, em pré-moratória, que em nada se parece com o Brasil de hoje.
Deixo ao leitor e à leitora o desprazer de ler no original, para ver que não há uma palavra sobre os temas mais caros para o povo brasileiro, mas salamaleques e loas sem fim ao “tripé” que parece que virou um mantra para provar ao “mercado” a mais completa submissão do governo a seus ditames.
Prefiro olhar para o que não está dito.
A primeira ausência eloquente é a de uma menção – uma, sequer – ao principal fato econômico dos próximos anos neste país: a exploração das reservas gigantescas de petróleo do pré-sal. Não incluí-las sequer en passant numa visão do futuro econômico deste país é o mais perigoso sinal de que há uma disposição de aliená-la, como oferenda à santíssima trindade do tripé.
A segunda é a arrogância de não fazer sequer uma menção ao candidato “até agora” da aliança e falar sempre sobre um hipotético governo comandado por Marina. Mesmo provocado pela entrevistadora, Eleonora de Lucena, Gianetti “passa batido” por Eduardo Campos. e ainda esnoba o seu novo hospedeiro:
” Não sei qual é a proposta e o programa do PSB na área econômica.”
Marina é cada vez mais a candidata da direita.
E Campos, a cada dia, apenas sua montaria política.