Petrobras fica ‘no limbo’ até julho ou agosto

O comunicado ao mercado publicado ontem pela Petrobras, depois da reunião de seu Conselho de Administração deve estar fazendo Jair Bolsonaro bufar de raiva e, com certeza, fazendo com que se preparar para, outra vez, assumir o papel de vítima diante de novos reajustes nos combustíveis.

Em três parágrafos, a nota anuncia um roteiro que deixa, por dois meses ou até mais, a direção da empresa num “limbo”: com um presidente, diretores e conselheiros cuja a demissão já foi anunciada e com um CEO que ainda não é e poder nem vir a ser.

No primeiro, ratifica o óbvio, isto é, que o nome do sr. Caio Paes de Andrade, indicado para a Presidência, será submetido ao processo de governança interna, ” para a análise dos requisitos legais
e de gestão e integridade e posterior manifestação do Comitê de Pessoas”, na qual são notórias as suas desconformidades com as exigências de conhecimento do setor de óleo e gás.

No segundo, adverte que a destituição do atual presidente implica na destituição de sete conselheiros da empresa, eleitos – como ele – pelo “voto misto” (acionistas privados e controlador estatal) e que também deverão ser aprovados de acordo com as regras de governança. A rejeição de um único deles fica sendo impeditiva para que, enquanto a aprovação não for geral, não se convoque nova reunião do Conselho, a fim de destituir José Mauro Coelho e os outros sete conselheiros.

No terceiro, recorda que, por exigência da legislação norte-americana – a Petrobras tem ações na Bolsa de Nova York – entre esta reunião e a Assembleia de Acionistas que nomeará o novo presidente e conselheiros terá de transcorrer um prazo mínimo de 30 dias.

É evidente que, respondendo pessoalmente por eventuais prejuízos à companhia, diretores e conselheiros que sabem que irão sair e perder a proteção da empresa ficarão mais que pressionados a fazer revisões nos preços, majorados pela última vez em 11 de março, ou seja, há 75 dias. que, no caso de uma demora de 2 meses, sem reajuste, levariam a um intervalo de mais de 130 dias.

Durante o governo Bolsonaro, o máximo foram 58 dias sem mudança e uma média de 16 dias entre as variações de preços.

“Vai dar ruim”, diria a gíria…

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